O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

1 comentário:

Anónimo disse...

" Recomeça…
Se puderes,
Sem angustia e sem pressa…"

Os dias saltaram de Segunda para Domingo. Desta vez não houve Terça, nem Quarta, nem Quinta e nem Sexta. Foi um bónus da natureza que uma vez por festa dá saltos! Desceu apressadamente as escadas e estava doida pelo sol e o ar. Foi com este poema no ouvido ter com o amigo que a esperava para subirem juntos as montanhas. A Guerra tinha passado e a nuvem da melancolia também. Não lhe apetecia mais pensar se o mundo é o não ilusão. Só tinha vontade das montanhas, do ar e do amigo.