As palavras são a substância dúctil do silêncio.
Elas tangem as esferas onde o desejo
decanta o movimento.
O declínio do fogo começa na elocução
tardia da sua deflagração.
Nenhuma palavra arde sem abrir na pedra
os veios fundos da transparência.
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2 comentários:
Há palavras que não ateiam mais.
Palavras sem anelo de chama.
Não são fogo, nem fumo.
São sem lume, sem flama.
Não chama(m)
Não evocam.
Não fundam o oculto.
Palavras baças. Apagadas em si.
-
Há as palavras perdidas.
Que penetram e partem.
Que se ausentam.
Em extinção.
Ninguém as escuta.
Aqui são Luz que inflama.
Um clarão de quem escreve a palavra das palavras perdidas.
Oh deuses! Tomados pela palavra emplumada, chamando os outros mil nomes à serpente, procurando o antiquíssimo jardim, reunes no caminho, os que em separado li e a quem a minha alma sorriu. Obriga-los ao mesmo destino: ao Belo, ao Bem e ao Justo. Abrigas a minha esperança de que escutarei depois da morte e já em vida os que sabem e sobem a escada invisível que Babel e o ruído não destruiram.
Este sim é dia de Caranaval: aqui está um Diónisos vestido de João e uma Mariana apolínea, domadora de instintos. Oiço-vos e oiço a flauta e a lira. Que festa na minha alma...Que o destino reuna os seus.
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