O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A palavra estraga tudo.
Quem não sabe falar baixinho, como eu, devia calar-se.
A palavra é surda, não é muda.
A palavra não escuta, a palavra impõe-se, a palavra é chata, a palavra mói.
A palavra devia ser proibida em locais públicos fechados ou abertos.
A palavra controla todos que pensam que a controlam.
A palavra é um pecado cada vez mais cometido.
A palavra deixa-se acusar por mais palavras.
A palavra até se deixa personificar por quem a diz.
A palavra quando começa nunca mais acaba, o que é um martírio.
A palavra põe-se em bicos de pés para ser maiúscula.
Ao ser maiúscula cai donde se pôs.
A palavra cheira mal, está sempre associada a um hálito.
A palavra, desesperada, preenche.

3 comentários:

Luar Azul disse...

a palavra é o beijo na pele e a pele que recebe o beijo... o inefável quase visível

Anónimo disse...

"As palavras não fazem compreender o homem, é preciso fazer-se homem para compreender as palavras"

Anónimo disse...

Olá Rita. parabens pelos teus poemas. eu gosto muito (já o outro da britnney exstava o máximo)

beijinhos. Continuaa


joana