O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cruz Sebástica

Sabe as cores e vê ao longe
Não se vê, sabe demais
Sabe o que pode e não pode
Sabe o que vê e vê mais

Vê por todos e não quer
O que vê é sempre igual
Flor da árvore cai na terra
Árvore cresce flor lá vai

Esta cruz da natureza, de natureza sem mais
É a cruz que está parada à espera que a rodais

Roda a roda
Ai, não roda
E sem saber a parais
Pára a roda nasce o centro
à volta do qual rodais

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Poema subtil: excelentes os dois últimos versos ! Parabéns e obrigado.

Paulo Borges disse...

Sei que a poesia não tem de se explicar nem interpretar, mas fico curioso por saber se a Alexandra interpreta de algum modo o sentido deste poema...