O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 7 de novembro de 2009


é preciso pensar como um relógio sem fundo
ter afecto igual a uma girafa
e sonhar que debaixo de um rio existe outro rio
que é lugar culto e heróico
onde os pássaros dormem e procriam

é preciso acreditar nas mãos
nas águas que correm imaginadas
e no fogo que estampou os mandamentos
olhar uma mulher sem a desconfiança de um touro

para construir o futuro não é preciso tábuas do passado
é preciso pensar como as árvores e como os frutos
que nos seus namoros terão filhos exactos

pois é no Creio que as imagens se tornam lúcidas

3 comentários:

Paulo Borges disse...

É preciso pensar como o mundo.

Paulo Feitais disse...

Mas nesse 'é preciso' não há precisão. Só excedência.
:)

Flávio Lopes da Silva disse...

tb concordo.
qual mundo? das coisas visiveis? ou o outro que fica um pouco mais além de nós? ou ambos?

abraço ao paulo borges e ao paulo feitais, de outro paulo que sou.