O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Poema chamado Homem

Como o corpo caloso entre os hemisférios cerebrais do ser humano, Portugal é o porto cal-oso entre os hemisférios do mundo.

O cérebro representa, simultaneamente, a separação entre os dois lados do coração e o prenúncio da sua união através do corpo de ligação entre cada hemisfério, sendo um orgão interno, liga-se à realidade interiormente. A confusão do homem é proveniente do facto de apenas poder relacionar-se de modo exterior com o mundo, esquecendo-se que o seu estimado cérebro é incapaz de funcionar dessa forma. A ligação ao exterior apenas pode ser feita a partir dos sentidos, eles sim, unem o interior ao exterior do corpo, a mente à realidade, isto é, TODO o pensamento nasce da loucura do sentimento, ou da maior loucura ainda: a de não haver sentimento.
O Homem define o silêncio chamando-lhe voz, concretiza a loucura -ou ausência de razão- chamando-lhe razão, revela o sentimento chamando-lhe pensamento, materializa o sonho chamando-lhe realidade.
O pensamento é um esboço da realidade, nada mais do que poesia: ser poeta é, portanto, o único modo de ser humano. Todo o Homem é poeta, cria palavras e encarna como seu próprio poema: os versos que lhe revelam o significado do que vive.

Nasci da concretização do Amor
e foi esse o único dom
que a vida me deu:
ser poeta à solta!
E como eu
o mundo inteiro,
mesmo que o ignorando...

3 comentários:

Paulo Feitais disse...

"Poeta à solta".
Não há nada melhor para se ser.
:)
Fabuloso!

Unknown disse...

...e o fabuloso é tão só o singelo Real.

Paulo Feitais disse...

:)
A suprema Realeza!