tudo quer andar aos pares
para poderem sentir a metade
o tempo que passa.
Somos queda livre com asas,
peixe de grilheta nas guelras.
Mesmo em tacho com pepitas de parmesão
vamos mirar de lado o outro
no seu cintilante lagar donde queremos morrer;
mesmo conquistado o jogo do sonho,
absorvendo toda a venalidade da beleza
que um tubo de escape emana;
mesmo envelhecendo a amar-te
a cada novo seguinte segundo
num limbo de novidade infinita;
comovendo genocídas,
empurrando suicidas;
mesmo silenciado pela aceitação do sempre
todo ele trespassa perante nós
como uma primeira vez perfeita.
Então, se o sabes
e gozas com sua cara marreca e sem sorte,
porque deixas que sequer te toque ao de leve?
Oh tu
que tens o privilégio de um dia deixar de respirar,
deixar de observar o repetitivo e o mutável,
deitada em hábitos,
tapado pelas manias,
coberta de prazeres,
enterrado na luta subjulgada dos sentidos!
Que tudo seja o que será
para fazeres de ti quem és!
WWW.YOUTUBE.COM/SOUTODABOA
10 comentários:
Há situações em que me sinto como que obrigado a deixar de escrever o que possa ser tomado por aquilo a que chamamos poesia.
ante a qualidade deste texto, não apetece outra coisa que não seja renunciar de vez
O que significa mesmo "renunciar de vez"?
Um adeus? Ou é só uma metáfora?
renunciar de vez não será uma redundância? uma tautologia?
não interessa. quero dizer é que apetece desistir.
beijinho
"all words are sacred
all prophets are true"
a.c.
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