O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 15 de agosto de 2009

Uma nova civilização

"Não se trata pois de encontrar "soluções" para certos "problemas", mas de visar uma alternativa global ao estado de coisas existente, uma nova civilização, um modo de vida outro, que não seria a negação abstracta da modernidade, mas a sua "sobresumpção" (Aufhebung), a sua negação determinada, a conservação das suas melhores aquisições e a sua superação rumo a uma forma superior da cultura - uma forma que restituiria à sociedade certas qualidades humanas destruídas pela civilização burguesa industrial. Isto não significa um regresso ao passado, mas um desvio pelo passado, em direcção a um novo futuro, desvio que permite ao espírito humano tomar consciência de toda a riqueza cultural, de toda a vitalidade social que foram sacrificadas pelo processo histórico desencadeado pela revolução industrial e procurar os meios de as fazer reviver. Não se trata pois de querer "abolir" o maquinismo e a tecnologia, mas de os submeter a uma outra lógica social - isto é, de os transformar, reestruturar e planificar em função de critérios que não são os da circulação das mercadorias: a reflexão socialista autogestionária sobre a democracia económica e a dos ecologistas sobre as novas tecnologias alternativas - como a geotermia e a energia solar - são primeiros passos nesta direcção. Mas são objectivos que exigem uma transformação revolucionária do conjunto das estruturas socio-económicas e político-militares actuais"

- Michael Löwy / Robert Sayre, Révolte et mélancolie. Le romantisme à contre-courant de la modernité, Paris, Payot, 1992, pp.301-302.

3 comentários:

afhahqh disse...

Destruamos a máquina.

pinocada do pinoquio disse...

este home é so cuultura do readers digest lol

baal disse...

depois de jantar com o louçã, fica-se assim.
são mais valores para carregar em vez do não, o burro nietzschiano que diz i-on (traduzindo para português)