O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 26 de março de 2011

“Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.”
...
António Ramos Rosa

3 comentários:

Anónimo disse...

(Grata, Rui, por este som, esta lembrança...)

Na dolente nota do dia claro
O vento acorda o astro incendiado.
Germinam no silêncio: ramos, pássaros e folhas
Florem abóbadas de sombra da árvore do poema
Respiro o campo aberto das palavras
Digo que o centro é, na árvore, a casa original,
O barco navegável do ar que respiro
Sôfrega sede do mundo, a nua voz do vento.
Inacessível fora do Aberto
Da Voz que, em surdina, canta a inocência:
A flor silente da mais extremada Alegria.

Glimpse disse...

Lindo, lindo, lindo. Grata por esta floresta de música, pelas palavras, pelas imagens, pelas Árvores.

rmf disse...

nenhumnome, Glimpse, um abraço!

Muito grato