domingo, 30 de outubro de 2011
banquete filosófico: do amor platónico (e de outras coisas que nos fazem suspirar)
venha comemorar o Dia Mundial da Filosofia, entre comida para o corpo e alimento para o espírito.
informações via e-mail: joebest@dacozinha.net
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
finalmente OUTONO
Já recolheu a roupa?
está aí a chuva
já estendeu as mágoas
no quintal
na varanda
na mansarda?
para as lavar
para as lavar
deixá-las como novas
estão aí
as águas
sábado, 15 de outubro de 2011
E é o mar que traz o futuro momento
Em que a onda se desfaz onde outra enrola o vento
Chega ao eco contínuo do presente, esse som
bebido na babugem do instante.
Frente ao mar, dando às costas da areia
o pensamento infante, sopra o tempo.
O olhar é um ciclo bretão ou um cantar de amigo
Um líquido sussurro, uma doce maresia,
Sobe aos olhos a flor, essa forma do vento:
Espuma e sal, pele e astros a arder,
Tenra raiz do tempo.
Verde como o pinhal, alta como fogueira,
Erguida em chão, a terra fumegante de mar,
Enfim clareia.
por nenhumnome
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
PARABÉNS
ao serpentista fundador PAULO BORGES
pelos bons resultados obtidos na Madeira
pelo seu partido
vamos ter nele um novo XILÓFILO
em guerra contra um velho XILÓFAGO ?
Abraço
domingo, 9 de outubro de 2011
O Casaco Bege. Divórcio
Porque o texto e os comentários não casam, ficam os comentários para quem tenha paciência e prazer.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
VALE A PENA
boca humana
número 7 mil milhões
está prestes a berrar
que quer mamar
coisa linda senhores
tenhamos juízo e unamo-nos
-o momento é belo -
para que esta anunciada
boca humana
sempre encontre resposta
ao seu apelo
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Do fundo sem fundo de Todo o Mundo vimos
Do fundo sem fundo de Todo o Mundo vimos
Ao puro Ninguém lestos tornamos
Corações ao almo Esplendor erguidos
Néctar abundo, taças sejamos!
Da ronda do existir desprendidos
Saudade só da Grande Imensidão
Amor reúna os divididos
Amor ressuscite da mortal ilusão!
Sol e Lua, Prata e Ouro fundidos
Núpcias eternas de sábia compaixão
Adamantina folia bailemos
De delícias Jardim o coração!
Fonte de eterna juventude lesta corra
Gaia ciência do Infinito Esplendor
Dela vazios e nus nos inebriemos
Do mais puro e ardente frescor!
Corações taças ao Alto
Flamejante néctar ofertamos
Por que todo o ser livre seja
Bebamos, Irmãos, bebamos!
- Paulo Borges, in Línguas de Fogo, p.185
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Não tenho interesse pela literatura
não quero saber de poetas embriagados
com palavras de arsénico
Se jesus Cristo era um gajo porreiro, ou não.
Se maria madalena percebia de bricolage
se daqui a vinte anos irei somente escrever com os olhos
ou se a minha história será dada aos gatos para comer
Se a lua é um ovo estrelado, tanto me faz
como tanto me fez, saber que o meu destino rima com desatino
e o senhor da taberna não me fia mais nenhum copo de tinto
Não quero saber de tristes costureiras que passam horas
a cerzir o cu do tempo com fios de luz
é-me indiferente se a tristeza é a via rápida para o absinto
se na minha cama dormem leões, gambozinos, vermes;
se Nietzsche era um grande tocador de banjo
ou se os meus poemas terão sucesso dentro de uma gaveta
Estou-me literalmente nas tintas para as paredes e tectos
por mim, incendiava as bibliotecas todas para se escrever tudo de novo
e ver sofrer os romancistas e os poetas e os contadores de histórias picantes
e rir-me com a possibilidade de ser inteiramente feliz ao lado
de uma árvore que tem como fruto mulheres bonitas.
Ah, e escurecer de tanto imaginar!
Não quero saber se os ilusionistas tiram o céu da cartola
se a música anda metida com o silêncio
e em cada foda nasce um ateu.
Não me venham com horóscopos
nem previsões de temporais, nem sinais de esperança,
nem de invisuais a ler a terra com os dedos,
que se dane a ética e os moralistas,
os saltimbancos e os fackirs.
Que se lixe o mês de Agosto
o champanhe francês, os decretos,
o papel higiénico, a mostarda, o esferovite,
as palavras esdrúxulas, o fado, a couve galega,
ou a cona da mãe Joana!
Se regressei à vida foi para escrever este poema
no peito iluminado de uma coruja.
foi para devolver a carne ao osso, foi
para amar todas as cartomantes com princípios de esgotamento.
Cansa-me a beleza dos santos, os anéis de jupiter
nos dedos dos escolásticos, dos escolióticos, das madressilvas, dos minotauros,
e dos que passam horas a pensar o mundo, a varrer o mundo
com infinitas asas.
Não quero saber do meu Eu, do teu Eu, do nosso EU,
das lembranças que fazem abrir regos na loucura,
do Despertar das galinhas, das feridas a fabricar pão.
Não me importa se depois deste poema irei ruir, se
na ponta de uma faca ergo um castelo,
se Leonor vai descalça para a fonte ou de sapatilhas, se
o que digo faz temer as criancinhas.
Já amei uma maçã, um guarda-vestidos, um dióspiro descapotável,
um Deus todo petulante e vaidoso. Já masturbei árvores,
subi ao céu numa jangada e regressei a esta casa,
a este quarto, a esta cama, a este sono,
coberto de imaginações, e livros inesgotáveis.
SISIFO
saio da cama
com o mesmo sem-vontade
com que saí
do ventre de minha mãe
encaro o mundo
com as dúvidas todas
de quem renasça
todas as manhãs
domingo, 2 de outubro de 2011
VÁ PARA OS BRAÇOS DE MORFEU
“A terra dos sonhos foi localizada em algum lugar no submundo, provavelmente perto do domínio da Noite e seus filhos. Poetas muitas vezes se referiam a dois portões principais do reino dos sonhos. Um portão tinha molde de marfim serrado, o outro de chifre polido. Sonhos falsos passavam pelo portão de marfim, enquanto verdadeiros sonhos proféticos asavam a sua saída pelo portão de chifre. Houve também quem disse haver um olmo murcho no domínio de Morfeu, sobre o qual os sonhos tratados pelo Onírico eram pendurados, com o semblante de asas-fantasma-forma saindo para a noite para se suicidarem, esgotados pelos desejos humanos.”
Um cansaço bíblico chega, qual mastodonte correndo pela planície durante meses a fio. E baloiça com seu momentum cansando homens e mulheres que tiram as roupas encharcadas de trabalho persistente
Acendem cigarros, enrolados por mãos tremebundas, cansados como retratos de gente cansada
Sacodem a roupa, acendem o último cigarro
Cansados como retratos de gente cansada cristalizando por arquétipos, esfaimados com raiva cega por absurdos. Atiram-se a suas enxergas, como os mastodontes desfalecendo no fim do caminho; e se encasulam para renascer na dobra de lençóis com piolhos
Sendo certo que por tais momentos, as paisagens se reconstroem placidamente... Açucaram-se em monumentalidades estupradas por gargalos de garrafas e enroladas nos últimos cigarros tremidos
Coros silenciosos colam na epiderme baça, choram um uivo, rezam um consolo despenteado nas dunas desses lençóis. Se abafam num sono de papel para comprovar a nação de maravilhas onde querem alternar
São os cansados que dormem num caixão de veludo masturbando a saudade em várias formas. Um pesadelo ou acontecimento faustoso não tem diferença para o ideal consumo do ópio em pratos invisíveis
Mas no seu sono ainda são sonâmbulos, pálidos restos desdobrados em ridículos teatros de mastodonte e lençol. Vasculham alegrias mirradas pela voragem dos dias nos caixotes de lixo das coisas imateriais...
Onde vão comprando caro as fantasias melifluas sob a lua amarelada, em sentido, falsa. Prosseguindo o estado repetido de asas de não-sei-quê a bater na cara.
Subscrever:
Mensagens (Atom)