sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Agora o bicho está praticamente morto. Creio que vai mesmo morrer. Enquanto isto, a rapariga cai redonda no chão cansada de correr numa fuga além dos seus limites; o jovem entra num pânico surdo ao perder o curso do caminho na floresta enquanto a noite se instala; o rapaz com a alma cheia de infinito tem por fim um orgasmo com a mulher que julgava amar, vira-se para o outro lado e adormece interrogando-se se verdadeiramente a ama; a outra rapariga, que esperava o amado com olhar expectante através da janela, recebe a notícia de que morrera e nunca mais o poderá ver chegar; enquanto que a outra diz convictamente odiar aquele que ama e ele diz amá-la com a mentira nos olhos, deixando-a revolta em lágrimas que escorrem fáceis pelo rosto, enquanto que uma outra rapariga, em que a inteligência e a estupidez se confundem, distante no espaço e no mesmo momento de todos os outros, troca o aconchego do lar para se lançar às feras sem grande preparação mas com uma estranha coragem que é de algum modo um suicídio. Em simultâneo, aquela mulher madura de olhar sereno e tão fundo como a vastidão do mar que tem diante de si, liberta-se das vestes, solta os longos cabelos e deixa-se desaparecer como coisa singular por entre o mar infinito. Agora que todas as vozes se calaram e todas as mãos se abriram deixando cair o que avidamente seguravam, fica o "eterno murmúrio das ondas" que se elevam numa ambição de serem únicas acabando rendidas como metáfora da inesgotável ilusão de existir.
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1 comentário:
tá fixe.
vem em bora hora, o texto, parece dedicado ao momento (que vivo, diga-se).
mas se calhar é impressão minha:
viria em boa hora a qualquer momento, talvez.
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