(Dedicado a Ethel Feldman)
Há na renda do mar
Aquela húmida claridade da boca
O terno olhar das ondas e do esquecimento
Um sismo de violetas nos dedos brancos
Uma revelação de cascatas
No olhar extasiado
Um espanto de terror e de beleza
Quando os navios parados
Ondeiam sombras na brisa iluminada
Uma vontade súbita de ser pássaro
E poisar-te no lábio a esperança
Como um cristal entre os olhos.
E os deuses da água sorriem dentro da boca
Dos novos amorosos.
7 comentários:
que lindo poema!
meu corpo inteiro chora de alegria com este belo presente. Obrigada, nenhumnome (porque és todos em cada um)
escreve-me para ethel.feldman@gmail.com
lindo poema
tb gostava de o merecer
Fico feliz que tenhas gostado, já que depois de o ter feito pensei( é sempre a pior parte, o pensar): como este poema tem (desculpem a redundância) o sabor do paladar da loucura.... E foi assim, aceita-o.
Grata por isso.
Beijinho
P.S. Neste momento, E., tenho tido trabalho que me enche todas as mesas, logo que tenha um tempinho comunicarei contigo com todo o prazer.
M.
Platero, Amigo, tu mereces que, ao acordar te ditem poemas para dentro do pensamento, à tarde, que as rosas te sorriam e te segredem poemas; à noite, que as palavras que ainda te dedique transformem em ouro as árvores da tua morada.
Beijinho, Platero ;)
Lindo, tb, o Mar É uma Metáfora fantástica do Verdadeiro Amor - umas vezes Pacífico outras Tumultuso, mas sempre Sublime e Purificador :)
(Este de Sophia também me leva uma vez mais e, de novo, para o sempre novo mar...)
Hora
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.
Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Sorriso purificador :)
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