O deserto é um silêncio depois do mar, É o êxtase da luz sobre o coração da areia. Vai-se e volta-se e nada se esquece. Tudo se oculta para depois se dar a ver No ponto em que os ventos se cruzam E as almas gritam no fundo dos poços. Os cestos sobem e descem prometendo água, Uma frescura que derrete a febre. Não são as tâmaras que adoçam a boca, É a beleza das mulheres dissimulando O desejo como um pecado sob a escuridão dos véus. As serpentes assobiam ou cantam Conforme o veneno que lhes molda o sangue. Enroscam-se sobre as pedras como fragmentos de lua à espera da manhã. E a sombra alonga-se nas dunas Ondulando rente às palmeiras Como a última cobra do medo das crianças. Não há ruído maior que este silêncio Que se serve com tâmaras e com chá Na mesa rasteira, sobre a terra molhada. É no que não se nomeia que está o infinito.
|
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Deserto inominável
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
'Inominável, por ser deserto'
Abraço
Abraço deserto e de(perto).
Com mil trovões, perdão, com mil perdões:
Continuo a achar que a JJL talvez obesem, em certa retumbante redundância, o profuso dos prémios literários e porventura algum para-fuso lasso nas metáforas: pode ser de misturar tanta tâmara com chá.
Claro que isto é só para... chatear certa pessoa. :))
ah!ah!ah!!!!!!
(Isto não são horas de andar por aqui, mas as tâmaras com chá, desaparafusaram-me as metáforas... não!... as anáforas! Bolas!!! Vim só beber chá. As tâmaras estavam lá por ser deserto...)
Era capaz de concordar consigo na obesidade redundante de JJL, deve de ser por "devorar" tantos prémios!!! ;)
Pasme-se:
Esta não é a hora de "certa pessoa" se chatear, nem mesmo com MeTheOros: é hora incerta!
É hora de dormir. Boa noite.:))
Enviar um comentário