O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Da primeira vez que fui ao teatro passei a amar o escuro
Da primeira vez que li um poema passei a existir por dentro
Da primeira vez que fiz amor passei a ficar mais tempo em casa
Da primeira vez que disse meu Deus dois pássaros suicidaram-se
Da primeira vez que olhei uma flor entendi a ópera
Da primeira vez que sonhei incendiaram-se-me as pálpebras
Da primeira vez que te vi o relógio tombou
Da última vez estavas no teatro a fazer um poema 
E pediste-me que te levasse a casa porque tinhas dois pássaros em Flor a sonhar com o tempo de agora.

1 comentário:

platero disse...

gostei, Flávio

abraço