O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Morríamos até às onze da noite, depois fugíamos cada um para sua casa. eu deitava-me na cama, quieto, feliz como um homem gordo. tu, talvez fizesses o mesmo, ou talvez risses para as paredes. ou simplesmente dormisses sobre a minha morte. seja como for, até às onze da noite de todas as noites éramos onze vezes maiores que um Deus a parir o seu mundo. talvez pela certeza das mãos, ou do silêncio, que depois de dissolvido na terra, fazia crescer novo dia. seja como for, depois das onze da noite fugíamos cada um para sua casa, porque o amor ainda era uma criança.