O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


Mostrar mensagens com a etiqueta cosmopolitismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta cosmopolitismo. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo"

"O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo. Ora ser tudo em um indivíduo é ser tudo; ser tudo em uma colectividade é cada um dos indivíduos não ser nada"

- Fernando Pessoa

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Uma visão armilar do mundo

O “internacionalismo”, sinónimo de "cosmopolitismo", como “formula typica das sociedades modernas nas suas relações umas com as outras”, é assim definido por Fernando Pessoa:

“Esta palavra internacionalismo que significa? Que o sentimento nacional decahe, dada a maior necessidade de relacionar-se com o estrangeiro, e dado, também, o golpe que nesse sentimento vibra, por sua natureza, o instincto commercialista; que cada nação, aparte isso, passou a ser mais rica dentro de si própria, passou a resumir em si tudo quanto é typico das outras nações, que a vida de cada cidade da Europa (por exemplo) passou a conter em si elementos typicos da vida de todas as outras cidades, não só da Europa, mas de todo o mundo – isto quer pela presença em todas as colonias de naturaes d’essas outras nações, quer pelas constantes relações commerciaes e intellectuaes com essas, quer pela diaria informação jornalistica, espectacular, cinematographica […]” – Sensacionismo e outros ismos, p.190.

“Assim, cada um de nós nasceu doente de toda esta complexidade. Em cada alma giram os volantes de todas as fabricas do mundo, em cada alma passam todos os comboios do globo, todas as grandes avenidas de todas as grandes cidades acabam em cada uma das nossas almas. Todas as questões sociaes, todas as grandes preocupações politicas, por pouco que com ellas nos preocupemos, entram no nosso organismo psychico, no ar que respiramos psychicamente, passam para o nosso sangue espiritual, passam a ser, inquietamente, nossas como qualquer cousa que seja nossa” – Ibid., p.187.

Textos notáveis, cada vez mais actuais. Uma visão armilar do mundo:

umoutroportugal.blogspot.com

arevistaentre.blogspot.com