O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dizem que pareço com ele. Outros fazem de mim, o que ela é. Dizem, que dele e dela herdo a vontade de vida. Dizem isto e aquilo e eu me arrepio. Porque às vezes, sou ele e doutras sou ela. Quando anoitece o ano velho, com colheres de pau, fazem das panelas tambores. Bendita é a loucura que me abraça o coração. Dela nasce o poema. 
Se vejo a serpente em forma de gente e com ela danço, é porque dizem que herdo a vontade de ser.
Ele tem nome e ela também. Fazem parte de todas as partes que conheço. Em cada curva, o desvio do encontro. 
Dizem isto e aquilo, e eu me arrepio com cada sorriso escondido no pranto. 
No inferno descubro o anjo. No paraíso, abraça-me o diabo. No caminho, entre o que fui e sou, esqueço.
Dizem isto e aquilo, enquanto morro e nasço.

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