domingo, 29 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
Quando a árvore descansa
Da tempestade.
Meu homem sai para o mar
Salga seu corpo
floresce em mim
Na vila onde nasci, os pescadores cantavam enquanto puxavam
a rede.
No equinócio de Março, o mar dançava todos os dias. As
sereias descansavam e os homens ficavam a salvo. As esposas agradecidas,
bordavam as ondas até o sol cansar e deixar a noite tomar seu lugar.
Nas noites quentes os filhos eram semeados com amor. Do mar
vinha o peixe, do campo, o arroz a decorar o prato. Da vizinha do lado, o
sorriso e um bom dia a dar conta da vida.
Na vila onde nasci, os olhos viam na noite escura. Abrigavam
no corpo todos os corpos. Abraçavam até que o coração encontrasse o de todos e
desenhasse um sorriso no rosto.
Na vila onde nasci, um dia,
um homem perdido de dor,
incendiou-nos o corpo.
Nada restou, do lugar, onde vivi, senão a canção que a
eternizou.
Venho de longe, de um mar que desconheço
Onde o homem mata tudo que nasce
Os beijos são veneno
E os abraços faca afiada
Que febre é a tua, amor
Que não te reconheço
Venho de uma terra perdida
Morta de morte matada
Seca, sem água
Vermelha de sangue
Que febre é atua , amor
Que te perco
Os meninos vivem na rua
Abandonados,
Os homens
Sozinhos, sem casa
Morrem de frio e fome
O sangue desenha o chão
Do animal assassinado.
Venho de uma terra perdida
Que me envenenou a vida
Na vila onde nasci,
um homem perdido de dor,
incendiou a vida.
Na cidade onde vivo,
há listas negras
de pobres endividados.
Ninguém vê na noite escura.
Nem semeia o amor suado.
Nesta cidade de luto,
os homens do povo
Vagueiam perdidos na rua.
De dia e noite, reza o verbo
Do débito e do crédito
E por mais que se pague
Continuamos devendo.
De onde vens amor
Que te perco!
Quando a tempestade
Seguir caminho
E a árvore puder descansar
Vou deixar que o homem
Salgue meu corpo
Até que ele seja de novo semente
quinta-feira, 26 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
A SÉRIO MESMO
esses MACACOS ANGLÓFONOS
lembraram-se de criar uma sigla xenófoba
para designar os países endividados muito à custa
das suas (anglófonas) habilidades - filhos de pai desconhecido
a sigla, então, para os abranger a todos era. Sim, porque agora já chia mais fino
:
PIGS (Portugal; Irlanda - também podia ser Itália e Spain, de Espanha)
ora, em português, como devia ser, tudo se resumiria a uma sigla bem mais próxima da realidade, sem ofender ninguém
:
G- de Grécia
I - de Irlanda/Itália
P - de Portugal
E - de Espanha
GIPE, claro, e de BMW pra cima
não é só impingir Submarinos a economias que não têm dinheiro
para sustentar tripulações nem para meter combustível
e esquadrilhas de aviões de combate(de REFUGO) que se estatelam todos contra o chão.
GIPE sim senhor
mais do que PIGS - DONKEYS são os gajos, que também não sabem ver que a rapaziada não lhes PAGA
terça-feira, 24 de julho de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Hoje eu estou feliz
um bom poema
não porque tenha
acertado nos números
do euromilhões
não porque tu tenhas
telefonado
a avisar que vinhas
não por ter reencontrado
um importante documento
de identificação
não porque as minhas plantas
prosperem lá fora
em resposta ao carinho
com que as visito todas as manhãs
hoje eu estou feliz
igual a HIGGS
quando lhe disseram
que tinha sido encontrado o seu bosão
hoje eu estou feliz
pela deliciosa sopa de beldroegas
que fiz para o almoço
de que faço
enquanto escrevo
calma e ofídica
digestão
quarta-feira, 11 de julho de 2012
- 3 POEMAS DATADOS E LOCALIZADOS
(o que é raro: 79 - ÉVORA)
1 - PEDRADA
eis o esforço
máximo do músculo
estendido ao espaço
um lenço azul no voo
de um novo
inexperiente pássaro
na relva
densa o términus da pedra
:
esforço
do percurso
- massa
do projecto
2 - PROJÉCTIL
eis fechada
em uma pequenina
limitada cápsula
sustida
tensa
nova
a dinâmica da vida
que há
potencial
na flor
da pólvora
ÉVORA - Nov 79
3 - SEM TÍTULO
ao poema em que me aqueço
lanço as achas de estar só
baixo a luz e adormeço
lama lume incenso pó
desperto nada me falta
mistura de sono e sons
grito o poema em voz alta
regresso à vida pela voz
e pronto, é assim, agora apetecia-me ficar aqui a recuperar uma séria série de palavras em risco de se perderem
e de algumas eu gosto
outro começa assim (amanhã talvez volte a esta tarefa)
:
SEGURA A TUA SOMBRA
SOBRE O MURO BRANCO
O SOL DESPIDO
À FLOR DA TUA PELE
PERDURA O TEU PERFUME
NA PÁTINA DA CAL
A TUA VOZ TRANSMIGRA
DO ECO
PELA RELVA
durmam bem - volto amanhã - SOBRE A VELHA CAMPONESA ALENTEJANA
mulheres de força e de génio
"prenhas" de sol e de fome
escancaram lestas as pernas
parem meninos já homens
mulheres de raiva e angústia
rangendo os dentes roídos
parem meninos já homens
...Ver mais
quinta-feira, 5 de julho de 2012
DUAS PORTAS PARA ORIENTE
uma - a de MIGUEL -
aberta com sorrisos claros
olhos vivos e brilhantes
dando para o espírito
para o BELO
para tudo aquilo que não morre
outra - a de Paulo -
a do negócio
da compra-e-venda
(não é por acaso que vender
e vendar são palavras tão aproximadas)
que utiliza a chave do cinismo
dando para a vileza
para o benefício do mais esperto
para o lucro
a ganância
a avareza
se a porta de MIGUEL
aparentemente fechada
ficou na realidade aberta para sempre
a de Paulo
só aparente
e temporariamente está aberta
uma - a de MIGUEL -
aberta com sorrisos claros
olhos vivos e brilhantes
dando para o espírito
para o BELO
para tudo aquilo que não morre
outra - a de Paulo -
a do negócio
da compra-e-venda
(não é por acaso que vender
e vendar são palavras tão aproximadas)
que utiliza a chave do cinismo
dando para a vileza
para o benefício do mais esperto
para o lucro
a ganância
a avareza
se a porta de MIGUEL
aparentemente fechada
ficou na realidade aberta para sempre
a de Paulo
só aparente
e temporariamente está aberta
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