domingo, 31 de outubro de 2010

OUTONO

vento
chuva
frio

apetece cama

para fazer amor
ou imaginar
que se está
doente

sábado, 30 de outubro de 2010

A menina

Vou só falar dela, dessa menina que acabo de conhecer. Diz sempre não.

- É tão pequenina!
Não sei se é velha ou criança. Não sei!
Tem sempre a mão na barriga e uma lágrima lenta na face.
Sempre a tive por dentro, sem corpo nem rosto. Quando seu coração apertava, doía-me o corpo todo.
Assim, uma pontada que se espalha como se eu fosse sua seara.
Sempre a tive por dentro, descompassada sem espaço nem tempo
Agora que a vejo fora de mim, é tão pequenina!
Diz o menino que acaba de nascer que a embale em meu colo, limpe a lágrima que persiste em sua face.
Diz-me o menino, agora homem que abrace a pequena
até que volte a crescer-me por dentro
com um sorriso na face.

-anaedera-





Antes de um lugar há o seu nome.
E ainda a viagem até ele,
que é um outro lugar mais descontínuo e inominável.
Lembro-me,
do quadriculado verde das colinas,
do sol entretido pelos telhados ao longe,
dos rebanhos empurrados nos carreiros,
de um cão pequeno que se atreveu à estrada.

Íamos ou Vínhamos?


de Maria do Rosário Pedreira

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

morrer é tornarmo-nos lúcidos

TÃO PERTO PARTO

tão perto de mim
confundo o espaço
assim quase eu
confundo o tempo
Depois
Sou dois de novo

Neve tão branca, que se confunde na cor

Quando abre os braços
Veleja
Quando adormece
Viaja
Por cada poro uma gota transparente
convida-me
inspira-me em cada beijo 
que dou

tão perto
parto 
sem dor

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VERDE

Verde te sinto/ Suado, molhado em mim


Terra húmida que acolhe a semente/ Esperança de vida

Verde, tão verde te sinto/ Molhada, suada em ti

Molhada, suada / Verde, tão verde que sou

Pulsa a vida sem corpo/ Tão verde somos

Amor

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

NO SURPRISES

Passo todos os dias nesta esquina. Conheço-a de cor, desde menina. Já passei criança, adolescente, mais tarde enamorada, depois casada. Noutro dia, voltei descasada. É a esquina conhecida. Tem um angulo recto. Volto à direita, retono à esquerda. No passado não lhe deslumbrava o vértice, agora perco-o de vista. É a esquina que tudo conta em silêncio. Memória viva dos meus passos enquanto viva.

Tudo mudou. A barbearia agora é um bar de gente culta. A mercearia hoje vende papel reciclado. A padaria ainda vende pão pelas mãos das netas da Dona Virginia, já morta.

Tudo muda, menos a esquina sempre bonita. Alí, naquele canto é o único lugar que conheço que faz um ângulo recto.

Não importa quantos passos. Se dez ou mil chega um momento que devo virar à esquerda e se quero voltar viro de novo à direita, certa de que saí do lugar.

Vinha aqui para contar do amor que acabo de fazer. Escrever um poema molhado de poesia, repleto de beijos roubados que silenciam o passado. Vinha aqui timidamente falar de como acariciei o corpo suado do meu amado. Minha boca perdida em seus lábios, meu ventre vivo sem limites a ditar que existo.

Acabo de chegar quase pronta para outra viagem onde invento o amor amado sem vírgulas onde tropeçar.

Vinha a isto que é bonito de se contar, mas só me lembro da esquina - a minha conhecida, onde viro à esquerda e retorno à direita. Aquí nesse canto onde desenho o triângulo da minha existência.

Um ângulo recto. Sem surpresas, por vezes.

-amigos-




Não é ainda a pele,

Apenas um rumor de lã nas camisolas,
um recado a lembrar tardes no feno,
linho lavado,
o sol mordendo um rio pela manhã,
assim é a distância entre a minha mão e o pessegueiro.

Na estrada,

as flores demoram-se até às laranjas,
mas o aroma do pomar faz sede e os olhos cegam,
na promessa de gomos novos e doces,
os mais doces.

Talvez por isso se continue a viagem,
sem olhar para trás.

Maria Do Rosário Pedreira

terça-feira, 26 de outubro de 2010

TOTOFUMO eu apostaria em X

nem fumo branco nem preto
cá na minha o acordo passa
aliás está tudo feito
podem soltar a fumaça

(para Cassilda, Natacha & Rui)
corria atrás das tempestades porque achava que lá no meio das tempestade ia ouvir deus a falar. do nada deixou de correr atrás das tempestades porque achava que no meio das tempestade não ia ouvir deus a falar. agora, corre atrás das tempestades porque acha que correndo atrás das tempestades corre atrás da sua própria voz

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

para entrares na casa do poema-mãe
tens de construir versos com alicerces de solidão
tirar os sapatos como numa mesquita
olhar os espaços brancos
e os silêncios que fazem teias
a partir do centro
para depois sonhar com o amor
como sonha o filho de ninguém

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Filósofos?

"Você tenciona […] ser um filósofo, não no sentido de que exporá doutrinas alheias ou construirá uma sua doutrina e se dará satisfeito com tudo isso, mas no sentido de que tentará pôr a sua vida de acordo com a sua filosofia, à maneira de certos gregos e de quase todos os hindus"

– Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo [1945], in Textos e Ensaios Filosóficos I, p. 232.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

- por favor, queria um copo cheio de música
- música não temos, mas posso servir-lhe uma peça de teatro que estreou ontem
- humm, teatro não, deixa-me demasiado tenso
- e que tal molhar os lábios num poema?
- sim, pode ser. já agora, deite-lhe duas pedras de gelo

MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal: Dinheiros Públicos patrocinam Touradas!

MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal: Dinheiros Públicos patrocinam Touradas!: "Em tempo de crise um milhão de Euros para promover a Tauromaquia. O MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal, denuncia agora e em tempo o..."

-gritos-




Derrubei a paisagem inexplicável da mentira,
Derrubei os gestos sem luz e os dias impotentes.
Lancei por terra os propósitos lidos e ouvidos.
Ponho-me a gritar,
Todos falavam demasiado baixo,
falavam e escreviam,
Demasiado baixo

Arrebato à morte essa visão da vida
Que lhe destinava um lugar…

Com um grito,

Tantas coisas desapareceram
Que nunca mais voltará a desaparecer,
Nada do que merece viver

Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas,
Ardem no meu coração as estações,
As estações dos homens os seus astros
Trémulos de tão semelhantes serem.

E o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegria.
E esse fogo nu que me pesa
Torna a minha força suave e dura.

Eis aqui o lugar generoso
Onde só dormem os que sonham.

O tempo está bom, gritemos com mais força
Para que os sonhadores durmam melhor
Envoltos em palavras
Que põem o bom tempo nos meus olhos

A felicidade jorra do meu grito
Para a mais alta busca,
Um grito de que o meu seja o eco.


excerto de Grito, Paul Éluard (Eugène Grindel)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Retiro de Meditação na Cidade - 24 de Outubro - pelo bem de todos os seres e pela Paz no Mundo

Retiro de Meditação na Cidade – 24 de Outubro

Pelo bem de todos os seres e pela Paz no Mundo, na abertura do programa de actividades da Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas, que terá lugar de 6 a 14 de Novembro, no mesmo espaço.

Mais informações sobre esta Exposição:
http://maitreyaproject.org/en/relic/media-links.html

Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Palácio da Estefânia – Rua D. Estefânia, 175 - Lisboa

...

Este Retiro é uma oportunidade de conhecer ou aprofundar a experiência meditativa, oferecendo-nos um espaço de encontro connosco próprios que permita a descoberta de quem realmente somos, para além de qualquer pressuposto moral, filosófico ou religioso. O Retiro inspira-se na via do Buda, enquanto via terapêutica e experimental que conduz ao despertar da consciência para o conhecimento de si e o amor-compaixão universal.

O retiro será facilitado por Paulo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Lisboa e Presidente da União Budista Portuguesa.

Programa

10-13 h (com intervalos de meditação em andamento)

Porque meditar e como meditar? A motivação amorosa-compassiva, a purificação dos canais energéticos e os sete pontos da postura.
Shamatha: estabilização da mente na atenção às sensações físicas, à respiração e ao fluxo das emoções e dos pensamentos.

13 h - Almoço

15-18 h (com intervalos de meditação em andamento)

Troca/Tonglen – Transformação das emoções e abertura do coração a todos os seres.
As quatro meditações ilimitadas: amor, compaixão, alegria e imparcialidade.
Meditação com mantras.

Contribuição: 40 euros

O Retiro abre o programa de actividades associado a RINGSEL – Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas, que terá lugar de 6-14 de Novembro no mesmo espaço. Parte das verbas são destinadas a custear as despesas deste evento.

Organização: União Budista Portuguesa / Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Apoio: revista Cultura ENTRE Culturas

Seja por sóis, relógios ou úteros,
tudo quer andar aos pares
para poderem sentir a metade
o tempo que passa.
Somos queda livre com asas,
peixe de grilheta nas guelras.
Mesmo em tacho com pepitas de parmesão
vamos mirar de lado o outro
no seu cintilante lagar donde queremos morrer;
mesmo conquistado o jogo do sonho,
absorvendo toda a venalidade da beleza
que um tubo de escape emana;
mesmo envelhecendo a amar-te
a cada novo seguinte segundo
num limbo de novidade infinita;
comovendo genocídas,
empurrando suicidas;
mesmo silenciado pela aceitação do sempre
todo ele trespassa perante nós
como uma primeira vez perfeita.
Então, se o sabes
e gozas com sua cara marreca e sem sorte,
porque deixas que sequer te toque ao de leve?
Oh tu
que tens o privilégio de um dia deixar de respirar,
deixar de observar o repetitivo e o mutável,
deitada em hábitos,
tapado pelas manias,
coberta de prazeres,
enterrado na luta subjulgada dos sentidos!
Que tudo seja o que será
para fazeres de ti quem és!

WWW.YOUTUBE.COM/SOUTODABOA


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

P´RA PULAR - à maneira de Aleixo

o Pára-Raios na Igreja
bem pode mostrar ao crente
que o crente por mais que o seja
não perde em ser previdente

domingo, 17 de outubro de 2010

F M I

CONVERSA DE TABERNA

- Ó compadre o que é que é, e pra que serve, essa estória do FMI?

- compadre, o FMI é como que um Banco munta grande, e poderoso, que empresta dinheiro aos países que estão falidos ou em vias disso. Como agora PORTUGAL

- Compadre, e aonde é que o FMI vai arranjar dinheiro pra emprestar?

- Ó compadre : dos juros dos empréstimos que faz
aos países
antes de estarem falidos

- Ah!......

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Brinquedo electrónico essencial

"...ao viajante audaz que navegue em lodos profundos e pretenda descobrir o ventre das quimeras ou explorar as rotas subterrâneas ou entreter-se enquanto não achar as saídas do túnel em que o tempo o prendeu..."

Manuel João Gomes|1985|Brinquedo Electrónico Essencial|
Lisboa|Black Son Editores

a mulher está parada, não se mexe, não faz o mínímo movimento toráxico,
não levanta o braço para que a acudam. não seria de estranhar que ela estivesse morta.
ou a tentar ser pedra. está assim há mais de duas horas.
há quem diga que há mais de duas horas. o que é certo é que a mulher está parada
e muita tanta gente parou para ver a mulher parada, que afinal só está a apurar o seu ouvido

terça-feira, 12 de outubro de 2010

CICLOS

o que a China faz agora
com América e Europa
é o que Europa e América
fizeram com o Mundo

comprar as suas dívidas
para terem quem compre
a sua filosofia
e os seus
produtos

pórtico para escrito que se segue

:
perdão

o que vai ler não é verso
- é versão

"Ouvi um riso que não era um riso humano, e agora devora-me uma sede, uma ânsia/saudade [Sehnsucht] que nada aplacará"

“Ó meus irmãos! Ouvi um riso que não era um riso humano, e agora devora-me uma sede, uma ânsia/saudade [Sehnsucht] que nada aplacará.

A minha ânsia/saudade [Sehnsucht] daquele riso devora-me; oh!, como posso tolerar ainda a vida! E como tolerar agora a morte!”

- Friedrich Nietzsche, Assim Falava Zaratustra.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Paradoxo

amigos de Lisboa
vêm visitar-me à Igrejinha

ameaçam trazer vinho

Terra de
:
Comenda Grande
Pintor
Calada
Coelheiros

- trazer vinho para este termo
é o mesmo
que morrer
com lugar assegurado
em pleno paraíso

e andar preocupado
em levar BÍBLIA

sábado, 9 de outubro de 2010

Dia Mundial da Filosofia | Oficinas de filosofia e criatividade: colorir fora dos traços


o Dia Mundial da Filosofia comemora-se na terceira quinta feira do mês de Novembro; o projecto Filosofia para Crianças, Criatividade & Meia Dúzia de Chapéus às Cores® vai assinalar esse Dia e celebrar a Filosofia durante todo o mês de Novembro

a primeira acção já agendada tem lugar no Colégio D. José I, em Aveiro

gostaríamos de divulgar outras acções e para isso agradecemos o envio de info para joanarssousa@gmail.com para divulgação no espaço http://joanarssousa.blogspot.com/

pedido de ajuda do Bazar dos Ronrons

uma cadelinha, a Laika, precisa da vossa ajuda

a ler AQUI!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Reportagem fotográfica da oitava sessão de apresentação de "Vozes do Pensamento", um livro de Isabel Rosete, na "Perlimpimpim", 02/10/2010, http://isabelrosetevozes.blogspot.com

Bem-hajam,

IR

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O amor é uma idiotice! - Disse o idiota.

CONVITE

muito mais do que alentejo não tenho para dar.
com um pouco de sorte talvez um casal de águias
brincando no ar pela tardinha

um bando de estorninhos
em coro de ópera
em louvor - só pode ser –
do nascer do dia

"Um outro Mundo", por Isabel Rosete

A monotonia congela-me o cérebro. Irrita-me a alma, ávida do sempre novo, do constantemente diferente, da metamorfose, do mistério, do enigma, de todas as incógnitas escondidas, algures, por esse Universo imenso.


A minha alma suplica pelo desafio do desconhecido, do nunca visto ou imaginado. Do impensado e do impensável. Do ainda não sonhado. Caminha, só, para o impossível, para o reino eterno da ausência de limites. Foge do efémero rumo ao paralelamente ilimitado. Percorre todos os caminhos, até mesmo os mais recônditos e íngremes, para a Verdade alcançar.

A minha alma procura a inocência primeira, a leveza do Ser de todas as coisas – apesar do peso do Mundo animadas e inanimadas, terrestres e celestes, no seio dos dois lados, nem sempre coligados, da quadratura perfeita: os Homens, a Terra; os Deuses, o Céu.

A minha alma busca o infinito, na esperança de encontrar um mundo novo, exemplar. Este já está gasto, saturado, desgovernado, caótico, demasiadamente costumeiro, vulgarizado por uma escala de valores invertida, para quem deseja ver mais longe, para além das ilusórias aparências que ofuscam o olhar primogénito.

A minha alma procura, sem cessar, a Liberdade do eu e do outro, esse espaço aberto da expansão total do Tudo, onde não há o acaso, nem o vazio, nem o nada.

A minha alma quer percorrer os círculos viscerais de todos as criaturas, porque ama a Totalidade, na sua grandeza; porque foge aos estreitos limites do Tempo, do Espaço e do Destino. Vagueia por todos os lugares. Não cabe dentro de si mesma. Anseia o Aberto, onde tudo se funde, em perpétua comunhão com o Ser, o Estar, o Pensar e o Agir

A minha alma pensa o Mundo e esmorece, de imediato, perante o desordenado cenário da miséria humana. Quer mudar o Mundo, a Humanidade perdida, a mente das gentes agrilhoadas à mesquinhez do mero sobreviver e às acabrunhadas correntes dos preconceitos. Quer ultrapassar as barreiras do Tempo e do Espaço. Quer ser eterna e, nessa eternidade, mover o Cosmos na sua majestosa beleza, pelas mãos criminosas agonizada.

Não é narcísica. Vê-se ao espelho. Reconhece a sua própria identidade. Sofre com todos os “Epimeteus”… Deseja todos os “Prometeus”… Sente-se, de novo, só, desamparada, neste espaço astral des-humanizado, que não suporta a disparidade da alteridade, o brilho das Estrelas ainda iluminadas.

A minha alma quer renascer num Mundo novo, com a hierarquia axiológica adequada, onde os anti-valores sejam completamente destronados. Num Mundo sem rótulos, sem rebanhos, sem discriminação, sem congeminações forçadas e infundadas.

A minha alma quer crescer no topos infinito de todos os oceanos, limpos, na clareira das florestas oxigenadas pelo espírito divino de uma criação imaculada.

Isabel Rosete
http://isabelrosete.blogspot.com/

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Parabéns

"Que a dança faça nascer, pela sutileza dos traços, pela divindade dos ímpetos, pela delicadeza das pontas paradas, essa criatura universal que não tem corpo nem rosto, mas que tem dons, e dias, e destinos".

Paul Valéry

Em especial para o Paulo com um grande abraço e PARBÉNS

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

nunca interpretes um poema como quem faz investigação científica.
a lua também só se conhece à distância e nem por isso deixa de ser bela

sábado, 2 de outubro de 2010

Sexo e a Cidade

Arre porra! Que me tenho esquecido do amor!
Arre porra! Que se me deito e me esqueço, um dia acordo sem o ver!
Arre porra! Que com tanta maniqueíce adúltera nos podemos olvidar!
Arre porra! Porra! Que do amor que se sabe tão pouco se sente.
Arre porra! Que se releva em mim esse fundamental sentimento.
Arre porra! Que o amor não é amoroso! É tão mais grandioso que isso.
Arre porra! Que também não é figurativo ou metafórico! É puro sentido no cerne daquilo que somos!
Arre porra! Que tantas vezes se troca “amor” por outro “amor” sem nunca nos vermos no amor!
Arre porra! Que o verdadeiro amor é tão só aquele de se verdadeiramente ser.
Arre porra! Que o amor não é matemática do paralelismo, nem da probabilidade estatística.
Arre porra! Que agora compreendo o sentido de amigo, mãe, avó, namorado e de como isso, não tem sentido algum!
Arre porra! Que a merda com que estamos atulhados esconde alguma coisa a ser relevada quando tivermos 90 anos!
Arre porra! Que há quem morra sem nunca o sentir!
Arre porra! QUE QUERO GRITAR A TODO O MUNDO que o amor que falo, é o amor verdadeiramente nu, nu da nudez!
Alvíssaras! Pois já sei o que procuro! E isso é tão importante como encontrar!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

- Pai, como se mede a força de um homem?
- Pelo número de livros que já leu, meu filho

Ornatos Violeta - Notícias do Fundo

É raro ouvirem-se notícias do fundo... tão raro... e por isso, tão precioso.

MILONGA DEL ANGEL



Deixa-me estar por aqui. Fazer um intervalo em cada compasso. Alinhar a rima na tua harmonia. Repousar contigo do som,  de cada palavra.

[O menino nasceu sem mãe
O homem perdeu-se na cama
A guerra fez-se senhora
A miséria atravessa a esquina
E dizem que a virgem pariu-te sem dor]

Deixa-me estar assim contigo nesse som que se escapa  lembrando que a vida tem outra cor, neste segundo que respiro feliz.