O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 1 de novembro de 2011

SONHO


como se morto
mas não morto
estendido sobre a cama
teu corpo

meio dobrado pela cintura
de borco
sobraçando em sonho
seu eterno
ursinho de peluche

velado até às ancas

lembra o fim do pesadelo
do GRITO
de Eduardo MUNCH

41 comentários:

João de Castro Nunes disse...

A vida do ser humano
é um dilacerante GRITO
de protesto e desengano
por nascer ser um delito!

JCN

platero disse...

magnífica a sua QUADRA

é um desafio?

abraço

João de Castro Nunes disse...

Longe de mim, caro Amigo,
pretender desafiar
quem de modo algum consigo
às suas botas chegar!

JCN

João de Castro Nunes disse...

À laia de comentário,
quis apenas realçar
o seu texto literário,
veramente singular!

JCN

platero disse...

aí vai então
:
toda a vida é um conflito
nascido de dois contrários
-passamos a vida aos gritos
como em gaiolas canários

em que os seus cantos bonitos
-por nós não sermos canários-
não os sabemos aflitos
gritos de presidiários

receba então o tal abraço de admiração pelo seu trabalho

João de Castro Nunes disse...

Platero, em luta comigo,
leva-me sempre a melhor:
em meus versos não consigo
ser aos seus superior!

JCN

platero disse...

A sério, amigo

o senhor é um bom poeta
e é sempre agradável trocarmos estas nossas brincadeiras.
os seus sonetos - se os tem guardados- não duvide, serão um dia reconhecidos.

Penso o mesmo de mim:
nem sequer tenho trabalhos publicados
mas por vezes gosto do que escrevo.
Das palavras que vêm ter comigo e teimam em mostrar-se como poesia.

afinal, somos ou não amigos?
ouso portanto pedir-lhe que não insista em subestimar as suas inegáveis qualidades

E a nossa amiga Isabel? Também não era razão para nos abandonar. Temos que trazê-la de volta-
Abraço para si, Beijinho para ela

João de Castro Nunes disse...

Para Platero, que me deixou refém das suas estimulantes locuções de apreço:

Sonetos como os meus, meu caro Amigo,
outros não há na língua portuguesa;
permita que lho diga, na certeza
de mais que privilégio ser castigo!

Os dias passo, em forma habitual,
a castigar meus versos, lanço a lanço,
termo após termo, sem nenhum descanso,
até chegar à perfeição total!

Longe de me gabar, ouso dizer
que poucas vezes houve quem fizesse
sonetos como os meus, fique a saber!

Um dia, quando todos publicar,
o que aliás não sei quando acontece,
não deixará ninguém de me exaltar!

JCN

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Para F. W. :

Vossemecê, sem saber,
não terá no cavaquinho
uma corda um bocadinho
desafinada... a ranger?!

JCN

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Com versos deste jaez
vossemecê desafina
qualquer orquestra um vez
que prefere a concertina!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Voltemos aos sonetos, ao som dos violinos:

Sonetos é comigo, variados,
sem falhas de cadência e de sentido,
harmoniosamente acomodados
a todo e qualquer género de ouvido.

De Petrarca a Bocage e a Camões,
que tenho por modelos, vou tentando
ir mais além do que eles nas versões
que me permito dar de quando em quando.

Cada palavra está no seu lugar
a preceito escolhida por maneira
a nada nos meus versos destoar.

Além do amor, meu preferido tema,
tudo o que tem valor ou tem craveira
em meus sonetos cabe por sistema!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Por que é que não tenta a prosa
que é menos laboriosa?...

JCN

Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Os sonetos não têm terra,
em toda a parte se dão:
a questão que o caso encerra
é quem toca o violão!

JCN

Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Que distantes nós estamos
da concepção do soneto,
que no meu caso concreto
árvore é de muitos ramos!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Entre Poetas a sério
não se resolve à pancada
qualquer conversa fiada,
pois seria um despautério|

JCN

João de Castro Nunes disse...

Não é ciência ou racismo
ou mesmo ódio o que me guia,
mas tão-somente o humanismo
traduzido em poesia!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Retornemos ao soneto, ao meu jeito:

Sonetos mais perfeitos do que os meus
em parte alguma os há: são burilados
ao som dos violinos afinados
pelas estrelas a girar nos céus!

Não temo o seu confronto com quaisquer
poetas de maior notoriedade
quer na harmonia quer na qualidade
face à maneira minha de dizer.

São vários seus motivos e sentidos,
mas sem dúvida alguma os preferidos
são desde logo os temas do humanismo.

Confesso que, apesar de naturais,
quase espontâneos, fáceis e banais,
um laivo há neles de preciosismo!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

Versos toscos não assino
por coisa alguma que exista:
na condição de humanista,
a excelência é meu destino!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Tudo o que havia a dizer
já foi dito e repetido:
hora é, pois , de recolher
sem vencedor nem vencido!

JCN

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Repito:

"Que distantes nós estamos
do conceito do soneto"!

JCN

Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

Pobre cisne... a ter de rimar com "metálico"!... JCN

João de Castro Nunes disse...

Poesia que "foge", cara Senhora, não deixa de ser poesia! JCN

João de Castro Nunes disse...

Antes de "explicar", cara Senhora, leia o que Vinicius escreveu sobre a especificidade do soneto, em que ele eximiamente se afirmou sem ter de recorrer à "piroseira" referência aos "nacarados" astronautas!

João de Castro Nunes disse...

"O soneto é uma grade"
onde a poesia tem
de caber como refém
da sua modicidade!

JCN

João de Castro Nunes disse...

REVIVALISMO

Sonetos, sim; voltemos aos sonetos,
bem feitos, musicais, harmoniosos,
fluentes, espontâneos, engenhosos,
por mais que os intitulem de obsoletos!

Já foram os poemas predilectos
para exprimir em versos primorosos
conceitos, sentimentos grandiosos
em duas quadras só mais dois tercetos.

Tornado ultimamente, sem motivo,
objecto de museu, na prateleira,
importa demonstrar que ainda está vivo.

Que mais não seja, em honra de Camões,
que volte a ser, de idêntica maneira,
o porta-voz das nossas emoções!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

Convencida?! JCN

João de Castro Nunes disse...
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João de Castro Nunes disse...

Só por si a maresia
e cisnes fálicos não
constituem condição
para existir Poesia!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Por agora vou parar,
pois são três mil os poemas
que abordando vários temas
tenho já para editar!

JCN