O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 20 de novembro de 2011

Janelas II


Por vezes, já não há nada para ver, ou sentir.

24 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Nada havendo para ver
a partir das nossas casas,
é melhor fazê-las rasas,
sem ter janelas sequer!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Mas olhe, cara Senhora,
que elas não servem somente
para ver na nossa frente
o que se passa lá fora,
mas também para arejar
as dependências do lar!

JCN

Isabel Metello disse...

Tb gostei muitpo desta foto, as janelas são semptre adereços poéticos, muito mais do que as portas- JCN, Sua E,minência tem toda a razão, as janelas fisicas ou simbólicas arejam a casa, a mente. Eu até penso que ainda há muita herança árabe na cultura portuguesa quanto a esta questão das janelas, pois, por norma, têm tendência para fechar tudo com cortinas, estores, só há bem pouco tempo, com a corrente pós-moderna na arquitectura se começou a ousar fazê-las extensas- em África, as casas tinham sempre grandes janelas. Os meus Pais tinham uma casa mesmo em frente a um Mar translúcido com uma janela imensa...Julgo até que não é em vão o provérbio "Quando Deus nos Fecha uma porta abre-nos uma janela", pois a janela está simbolicamente associada à liberdade, nem que seja meramente simbólica...tb não será por acaso que se diz que os olhos são o espelho ou a janela da alma :) abraço aos dois

PP :) só tenho pena é que prédios, casas e solares tão lindos em Lisboa e por esse Portugal fora, estejam ao abandono, patra os abutres boçais e venais lá construírem mais um mamarracho...enfim...

João de Castro Nunes disse...

Olhada sem poesia,
qualquer janela não passa
de uma ordinária vidraça
de sentimentos vazia!

JCN

João de Castro Nunes disse...

À volta de uma janela,
quando existe inspiração,
não falta motivação
para um poema ou novela!

JCN

Isabel Metello disse...

JCN, a banalidade é como uma pandemia que catapulta a vacuidade em qualquer objecto discursivo pleno de poesia...daí que olhos banais transformem jardins extensos em patéticos quintais! Os horizontes são proporcionais à mentalidade- quanto mais latos mais dados à civilidade!

Isabel Metello disse...

...quanto mais parcos mais dados à mediocridade...daí a distinção ente acumulação de conhecimentos e Sabedoria- uma serve como meros ornamentos a outra como pólo de Vital Alegria, ainda que tristes estejam os olhos que se deparam com a desumana decadência degradante, cada vez mais abundante...i.e., lógicas distintas orientam pontos cardeais opostos, Deus Criou o mundo para que as almas evoluam pela polemos entre os opostos...

Anónimo disse...
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João de Castro Nunes disse...

É dar-me categoria
apelidar de banal
o meu jeito pessoal
de elaborar poesia!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Muita pedra há que partir,
em termos de alegoria,
antes de na poesia
a perfeição se atingir!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Perfeição na poesia,
como em tudo quanto é arte,
em qualquer época ou parte,
não se alcança num só dia!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Escrever com singeleza,
evitando a afectação,
constitui por natureza
a marca da perfeição!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Em tudo quanto se escreve
para outras pessoas lerem
e facilmente entenderem,
ser transparente se deve!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Para ter foros de nível
literário sem favor
importa saber expor
de maneira perceptível!

JCN

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Saber e sabedoria
são conceitos diferentes,
como verso e poesia
nada têm de equivalentes!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Não consiste o langará
em ter tijolos à mão,
mas em saber a função
que cada um deles terá
em termos de construção,
não de mero... patuá!

JCN

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Ninguém se pode arvorar
em juiz dum ser humano:
pode uma nódoa manchar
qualquer género de pano!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Entre um cidadão bondoso,
que ninguém de si repele,
e um santo meticuloso
meu voto vai para aquele!

JCN

João de Castro Nunes disse...

Sem do rosto retirar
o véu que o não deixa ver,
nada poderei dizer
sobre o seu particular!

JCN

João de Castro Nunes disse...

A "saudade de não ser"
todos nós a possuímos:
o nosso mal é nascer
sem sabermos ao que vimos!

JCN

Cláudia Oliveira disse...

O sublime poder de uma janela. Abre a conversa e espreita as ideias.´

Clau

Isabel Metello disse...

Sem dúvida, Clau, o poder mágico das janelas que nos permite ver dentro e fora delas, a vista de cada um o permita...até porque cada ser é distintivo e podendo até compartilhar da mesma janela, certamente, verá diferentes "realidades" fora e dentro dela...
FW, o esclarecimento nem precisa de ritmo, pois é similar tanto científica como humanamente, na perspectiva que invocou de o ser não o sendo somente (isto pega-se, JCN :)))... repare, assim como a ciência evolui por antíteses (uma teoria é válida até surgir outra que a destrone...), o ser humano só poderá evoluir através de obstáculos, que se revelam oportunidades de crescimento interior, verdadeiros instrumentos de aprimoração ou não, consoante a opção do livre arbitrio...agora, cada qual tem o seu percurso, a sua experiência de vida e o maior desafio é tentar sair de si de encontro ao outro, tentando entender a sua perspectiva (eu confesso que tenho tentado, mas quando me deparo com um certo tipo de pessoas, cada vez mais, muitas, recuo, recolho-me e penso que não tenho o direito sequer de tentar compreender seja quem for, apenas tenho, primeiro de me arrumar a mim, o que já se revela uma carga de trabalhos...:)...guardarei essa tarefa para a próxima viagem...talvez seja paradoxal, mas antes de determos a capacidade associada a essa descentração é fundamental centralizarmo-nos no eu, sem o elevar a farol, mas para o desconstruir, condstruindo-nos, conhecendo-nos a fundo, digerindo qual jibóia tudo o que se nos revela como pólo de perplexidade ou mesmo de incompreensão...olhe, nem eu mesma já o percebo em termos racionais, embora o perscrute intuitivamente, vá-se lá entender...