O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 29 de março de 2011

ESPELHO



O que eu sou,
não está contido neste corpo.
O que eu penso,
não é parte da minha mente.
O que eu sinto,
não está no meu coração.
O que eu escrevo,
não se vê.
O que busco, o que anseio,
não me encontro e não me existe.
O que eu sou,
não sou eu.

(Sentir e Ser - 2011)

1 comentário:

rmf disse...

Belíssimo 'eu', que nem o espelho me 'o' vê.

Parabéns pela sua poesia, Glimpse.
Um abraço