quinta-feira, 24 de maio de 2012
HOJE APETECIA TRANSGREDIR
a manhã começava quente
ainda em Maio
já parecia estarmos a cavalgar o Verão
mal acordei e esfreguei os olhos
levantei-me
calcei as meias
vesti a camisola e as cuecas do avesso
troquei os sapatos
o do pé direito no pé esquerdo
e vice-versa
talvez me apetecesse
passar o dia nesse vice-versa
hoje apetecia transgredir
em vez de manteiga nas torradas
comecei por pôr
as torradas na manteiga
fiz o habitual
chocolate com leite
e fui à rua
despejá-lo no comedouro da multidão de gatos
saí à rua
para comprar cigarros
entrei no Café
cumprimentei quem estava
com inequívoco boa-tarde
quem estava
respondeu-me
com um também inequívoco bom-dia
olharam-se entre si
e riram
chegada a hora do almoço
dei por que
me desapetecia comer
- talvez fosse - pensei -
apenas por causa da palavra Almoço
foi então que resolvi
- e resultou na perfeição -
fingir
qe em vez de almoço era jantar
fechei
todas as janelas que davam para a rua
corri um cortinado vermelho
que separa a sala-de-jantar
do meu gabinete-de-trabalho
acendi duas velas
como se jantasse
com alguém muito romântico
pus Chopin
e talvez por indução fonética
uma garrafa de vinho
que preparei como se fosse de champagne
o resto do dia
passei-o de óculos escuros
- a tarde era já noite para mim
vi as estrelas
e a lua como vírgula minúscula
uns dois palmos acima
de brilhante planeta
que por seu brilho
e tamanho
e local
me pareceu que fosse Marte
para completar o despautério
fui à rua gritar
antes de ir para a cama
que este nosso mundo
como um relógio suiço
nunca podia avariar
hoje
apetecia mesmo transgredir
a manhã começava quente
ainda em Maio
já parecia estarmos a cavalgar o Verão
mal acordei e esfreguei os olhos
levantei-me
calcei as meias
vesti a camisola e as cuecas do avesso
troquei os sapatos
o do pé direito no pé esquerdo
e vice-versa
talvez me apetecesse
passar o dia nesse vice-versa
hoje apetecia transgredir
em vez de manteiga nas torradas
comecei por pôr
as torradas na manteiga
fiz o habitual
chocolate com leite
e fui à rua
despejá-lo no comedouro da multidão de gatos
saí à rua
para comprar cigarros
entrei no Café
cumprimentei quem estava
com inequívoco boa-tarde
quem estava
respondeu-me
com um também inequívoco bom-dia
olharam-se entre si
e riram
chegada a hora do almoço
dei por que
me desapetecia comer
- talvez fosse - pensei -
apenas por causa da palavra Almoço
foi então que resolvi
- e resultou na perfeição -
fingir
qe em vez de almoço era jantar
fechei
todas as janelas que davam para a rua
corri um cortinado vermelho
que separa a sala-de-jantar
do meu gabinete-de-trabalho
acendi duas velas
como se jantasse
com alguém muito romântico
pus Chopin
e talvez por indução fonética
uma garrafa de vinho
que preparei como se fosse de champagne
o resto do dia
passei-o de óculos escuros
- a tarde era já noite para mim
vi as estrelas
e a lua como vírgula minúscula
uns dois palmos acima
de brilhante planeta
que por seu brilho
e tamanho
e local
me pareceu que fosse Marte
para completar o despautério
fui à rua gritar
antes de ir para a cama
que este nosso mundo
como um relógio suiço
nunca podia avariar
hoje
apetecia mesmo transgredir
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3 comentários:
Há muitos dias assim
na nossa vida, Platero:
são dias que considero
de dor de dentes ou rim!
JCN
Esperemos que a Metello
não nos venha provocar,
pondo o nosso linguajar
em constante paralelo|
JCN
"Olá cá estou eu" e não "sou o Brise contínuo" :))) ai, há dias mesmo assim, Platero, como há em que nos apetece mandar tudo à fava e gritar até um palavrão bem feio! :)))
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