O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 9 de abril de 2012

MANHÃ AGRÍCOLA

por muito que me digas
em matéria de ecologia
eu não vou em cantigas

de resto diz-me
para que servem as toupeiras
que utilidade têm as formigas

as primeiras
escavam-me as raízes das colheitas
as segundas
devoram-me os grâozinhos das espigas

para alimentar as fábulas
de Esopo/La Fontaine?
para inspirar poemas a Cesário?

deixemo-nos de intrigas
se precisar de bucolismo no trabalho
arranjo um pintassilgo
ou um canário

3 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Que maneira soberana
de com lérias e cantigas
servir um prato de migas
à maneira alentejana!

JCN

platero disse...

as boas migas de espargos
à maneira alentejana
fazem-nos ter ombros largos
contra a dívida soberana

João de Castro Nunes disse...

Eu dessas migas não quero
nem que seja à alentejana:
coma-as quem eu considero
ser autor da "soberana"!

JCN