segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Não tenho interesse pela literatura
não quero saber de poetas embriagados
com palavras de arsénico
Se jesus Cristo era um gajo porreiro, ou não.
Se maria madalena percebia de bricolage
se daqui a vinte anos irei somente escrever com os olhos
ou se a minha história será dada aos gatos para comer
Se a lua é um ovo estrelado, tanto me faz
como tanto me fez, saber que o meu destino rima com desatino
e o senhor da taberna não me fia mais nenhum copo de tinto
Não quero saber de tristes costureiras que passam horas
a cerzir o cu do tempo com fios de luz
é-me indiferente se a tristeza é a via rápida para o absinto
se na minha cama dormem leões, gambozinos, vermes;
se Nietzsche era um grande tocador de banjo
ou se os meus poemas terão sucesso dentro de uma gaveta
Estou-me literalmente nas tintas para as paredes e tectos
por mim, incendiava as bibliotecas todas para se escrever tudo de novo
e ver sofrer os romancistas e os poetas e os contadores de histórias picantes
e rir-me com a possibilidade de ser inteiramente feliz ao lado
de uma árvore que tem como fruto mulheres bonitas.
Ah, e escurecer de tanto imaginar!
Não quero saber se os ilusionistas tiram o céu da cartola
se a música anda metida com o silêncio
e em cada foda nasce um ateu.
Não me venham com horóscopos
nem previsões de temporais, nem sinais de esperança,
nem de invisuais a ler a terra com os dedos,
que se dane a ética e os moralistas,
os saltimbancos e os fackirs.
Que se lixe o mês de Agosto
o champanhe francês, os decretos,
o papel higiénico, a mostarda, o esferovite,
as palavras esdrúxulas, o fado, a couve galega,
ou a cona da mãe Joana!
Se regressei à vida foi para escrever este poema
no peito iluminado de uma coruja.
foi para devolver a carne ao osso, foi
para amar todas as cartomantes com princípios de esgotamento.
Cansa-me a beleza dos santos, os anéis de jupiter
nos dedos dos escolásticos, dos escolióticos, das madressilvas, dos minotauros,
e dos que passam horas a pensar o mundo, a varrer o mundo
com infinitas asas.
Não quero saber do meu Eu, do teu Eu, do nosso EU,
das lembranças que fazem abrir regos na loucura,
do Despertar das galinhas, das feridas a fabricar pão.
Não me importa se depois deste poema irei ruir, se
na ponta de uma faca ergo um castelo,
se Leonor vai descalça para a fonte ou de sapatilhas, se
o que digo faz temer as criancinhas.
Já amei uma maçã, um guarda-vestidos, um dióspiro descapotável,
um Deus todo petulante e vaidoso. Já masturbei árvores,
subi ao céu numa jangada e regressei a esta casa,
a este quarto, a esta cama, a este sono,
coberto de imaginações, e livros inesgotáveis.
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25 comentários:
Que lenga-lenga! JCN
Deve ser a poesia
pequena como a mulher
para em termos de harmonia
de um só fôlego se ler!
JCN
Em versão para violino:
Deve ser a poesia
pequena como a mulher
para em boa alegoria
numa só mão nos caber!
JCN
A poesia não deve
pretender ser um discurso:
quem quiser fazer um curso
na academia se inscreve!
JCN
Quer-se breve a poesia,
muito densa e concentrada,
para não criar azia
quando em excesso tomada!
JCN
AO JCN,
Se cada qual é um mundo que vê o mundo de forma distinta por que não há-de enunciar a poesia a marca dessa singularidade? Cada qual com os seus traços distintivos...
Um bom dia para si com Mokambo :)
A Poesia, cara Senhora, está para além da singularidade de cada qual e cuja afirmação literária nos cabe a todos respeitar, incluindo esse gajo porreiro que terá sido Jesus Cristo! Não acha? JCN
Toda a injúria que é gratuita
nunca tem razão de ser,
mesmo que seja fortuita
ou tão-só para entreter!
JCN
A Poesia, a meu ver,
não deve ser discursiva,
mas, se assim posso dizer,
mais do que nada, expressiva!
JCN
Para me fazer valer
em termos de poesia
eu nunca me atreveria
a Mafoma escarnecer!
JCN
JCN, gostei do seu antepenúltimo versejar :)
Réu também desse pecado,
eu próprio fui, se calhar,
o primeiro a ser visado
nessa quadra elementar!
JCN
Mau Maria!
Lá vem o cruzadinho de antanho chegadinho das presunçosas berças, outra vez!
Fujam, gentes de Ophiusa!
Se não, ainda se cruzam com a lenga-lenga pseudocamoniana em quadrinhas, escarradas do alto (sobretudo baixo) da sobranceria senil, que até António ALeixo deitaria para o ALixo antes mesmo de sequer pensar em escre_vê-las na frente do traseiro.
Passem-me aí a mordaça para o JoCasNu!
Ainda deve andar por aí algures ...
Vade retro, algaraviada a metro!
De que latrina terá saído esta metheórica ave de rapina?! JCN
A injúria só pela injúria
sem que exista uma razão
é bem pior do que a fúria
que animou a inquisição!
JCN
A diferença que existe
entre mim e o Aleixo
é a mesma que consiste
entre uma pedra e um seixo!
JCN
Eu sou dado à boa paz,
não me meto com ninguém,
mas também não sou capaz
de ser de injúrias refém!
JCN
Pois...
Quem não sabe dizer-se numa única quadra, nem em três desdizer-se logra.
Aqui fica (ao jeito da falta de jeito para alguma outra coisa) rimalha monoto-rimática e pleniparva, a certo quasi-parvo natural que se não sabe:
Fala Nunes e diz perdiz,
Vem o Castro e diz prediz,
Resta João, que é como quem diz:
Castro Nunes é nada, por um triz.
Um peido dado com rima,
de luva branca e de fraque,
mesmo sendo uma obra-prima,
não deixa de ser um traque!
JCN
Vejo que o dia em que se celebra a República tb tem sido por cá animado,
Por lá, às voltas com uma cozinheira de tortillas e de outras iguarias raras modeladas por incúrias tenho cumprido o meu fado de tb ter de aturar constantes injúrias...
Celebremos pois esta urbanidade que garante à maldade a impunidade!
Ó MeTheOros, tens uma corda partida no cavaquinho! Experimenta a pandeireta, pá! Talvez tenhas algum sucesso... sem maltratar os ouvidos de ninguém! Qual é a tua, pàzinho?! Que vespa te picou?... JCN
Quem não sabe contestar
frente a frente, taco a taco,
meta a viola no saco
e desampare o lugar!
JCN
Parece que aprendeste a lição, pá! JCN
muito bom! o texto claro! jcn nem vale a pena comentar . . .
A que "pena" te referes, pá?... JC
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