Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
O maior medo que cada um de nós consigo transporta é o medo de si mesmo
O maior medo que cada um de nós consigo transporta é o medo de si mesmo, o medo dessa região tenebrosa ou sombria dissimulada atrás de cada um dos nossos instintos, emoções, pensamentos e sentimentos, o medo desse pouco confessável ou ignoto território que, por falta de coragem para o afrontarmos face a face, nos condiciona numa contínua fuga para diante de onde resulta toda a avidez e violência, mas também todas as aparências de virtude e santidade, todos os disfarces de amor e compaixão, todos os projectos de salvação universal, com que impregnamos e iludimos o mundo, a começar por nós mesmos. É nessa treva ou sombra que se oculta o infinito luminoso que somos, o fundo comum e os confins sem fim de todos os seres e coisas. Ter a coragem de atravessar e iluminar essa floresta escura, com mais monstros do que todas as mitologias planetárias, numa jornada solitária e nua, sem armas, escudo ou armadura, com o propósito de libertar o universo da nossa ignorância e um dia regressar para incitar os outros à mesma empresa, é a maior realização a que podemos aspirar. Comparada com ela, a história das civilizações, as conquistas tecnológicas e as viagens espaciais são meros e fúteis jogos de crianças adultas.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
sábado, 18 de agosto de 2012
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
terça-feira, 7 de agosto de 2012
domingo, 5 de agosto de 2012
Águia Cobreira
Nas noites quentes de verão, Robin desenha a lua no pátio. Em silêncio conta as estrelas.
- Vou pedir à 'águia cobreira' que me leve até ao céu. Quando chegar no limite das nuvens, salto entre as estrelas cadentes até conseguir encontrar uma que me abrace. De longe verei o mundo pequenino. Os homens que hoje me assustam serão tão minúsculos que não me perturbarão mais. Vou canta
r alto de braços abertos e dançar como se o céu fosse parte de mim. Entre as nuvens serei mais uma que se dilui na chuva, até ser nuvem de novo. Nas noites frias escondo-me do outro lado do mundo onde o sol vive todo ano. Se a saudade apertar meu peito, desenho um poema até que a dor seja apenas a lembrança do sofrimento.
De vez em quando, peço à 'águia cobreira' que me leve ao oceano e fique comigo até que eu canse meu corpo e queira regressar ao céu antes do sol raiar.
- Este ano a águia não apareceu. Tens de esperar que o mato seja aparado e as cobras fiquem a descoberto. A águia precisa de as ver à distância. Voar com destreza até que as cace inteiras. Umas são vermelhas e pretas, outras tão verdes que nem a cobra as distingue. Quando a terra estiver castanha elas mudam de cor. Temos de cortar o mato, descobrir as cobras, antes que elas nos mordam as pernas e nos envenenem por dentro.
- A águia vai aparecer. Faz parte da vida dela, esteja o mato aparado ou não. Por isso é a águia cobreira. Depois quando o perigo não for senão o perigo, voarei com ela…
- Anda agora, que a noite é quase manhã e a águia foi-se deitar. Amanhã aparo o mato, dou-te um abraço apertado, escuto teu coração e te beijo com amor, para que possas voar em liberdade…
Nas noites de lua cheia choro a saudade que tenho dele. Não sei se foi a águia que o levou, se foi o mar que o abraçou.
Nota: A expressão 'águia cobreira' foi inventada por um amigo pequenino de 6 anos, que me explicou que ser uma águia que caça cobras.
De vez em quando, peço à 'águia cobreira' que me leve ao oceano e fique comigo até que eu canse meu corpo e queira regressar ao céu antes do sol raiar.
- Este ano a águia não apareceu. Tens de esperar que o mato seja aparado e as cobras fiquem a descoberto. A águia precisa de as ver à distância. Voar com destreza até que as cace inteiras. Umas são vermelhas e pretas, outras tão verdes que nem a cobra as distingue. Quando a terra estiver castanha elas mudam de cor. Temos de cortar o mato, descobrir as cobras, antes que elas nos mordam as pernas e nos envenenem por dentro.
- A águia vai aparecer. Faz parte da vida dela, esteja o mato aparado ou não. Por isso é a águia cobreira. Depois quando o perigo não for senão o perigo, voarei com ela…
- Anda agora, que a noite é quase manhã e a águia foi-se deitar. Amanhã aparo o mato, dou-te um abraço apertado, escuto teu coração e te beijo com amor, para que possas voar em liberdade…
Nas noites de lua cheia choro a saudade que tenho dele. Não sei se foi a águia que o levou, se foi o mar que o abraçou.
Nota: A expressão 'águia cobreira' foi inventada por um amigo pequenino de 6 anos, que me explicou que ser uma águia que caça cobras.