Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
terça-feira, 29 de maio de 2012
REQUIEM BREVE para minha amiga
pois
e agora, Heloísa,
-reformada
antes ainda dos sessenta
um filho em Londres amparado
mais algum dinheirito
e sobretudo a ocupação do tempo em explicações
como não havias de ter pressa
que o médico te desse alta, Heloisa
- não posso continuar aqui
presa a esta cama
tenho os putos à espera
vai passar a hora das explicações
e eu aqui
amarrada neste quarto
acabo de saber, Heloísa,
ligaram-me há minutos
confirmando
a satisfação do teu desejo
:
o médico deu-te alta
Heloísa
estás livre PARA SEMPRE
nada mais impede
que à hora certa
estejas com os putos
a dar-lhes
explicações
quinta-feira, 24 de maio de 2012
HOJE APETECIA TRANSGREDIR
a manhã começava quente
ainda em Maio
já parecia estarmos a cavalgar o Verão
mal acordei e esfreguei os olhos
levantei-me
calcei as meias
vesti a camisola e as cuecas do avesso
troquei os sapatos
o do pé direito no pé esquerdo
e vice-versa
talvez me apetecesse
passar o dia nesse vice-versa
hoje apetecia transgredir
em vez de manteiga nas torradas
comecei por pôr
as torradas na manteiga
fiz o habitual
chocolate com leite
e fui à rua
despejá-lo no comedouro da multidão de gatos
saí à rua
para comprar cigarros
entrei no Café
cumprimentei quem estava
com inequívoco boa-tarde
quem estava
respondeu-me
com um também inequívoco bom-dia
olharam-se entre si
e riram
chegada a hora do almoço
dei por que
me desapetecia comer
- talvez fosse - pensei -
apenas por causa da palavra Almoço
foi então que resolvi
- e resultou na perfeição -
fingir
qe em vez de almoço era jantar
fechei
todas as janelas que davam para a rua
corri um cortinado vermelho
que separa a sala-de-jantar
do meu gabinete-de-trabalho
acendi duas velas
como se jantasse
com alguém muito romântico
pus Chopin
e talvez por indução fonética
uma garrafa de vinho
que preparei como se fosse de champagne
o resto do dia
passei-o de óculos escuros
- a tarde era já noite para mim
vi as estrelas
e a lua como vírgula minúscula
uns dois palmos acima
de brilhante planeta
que por seu brilho
e tamanho
e local
me pareceu que fosse Marte
para completar o despautério
fui à rua gritar
antes de ir para a cama
que este nosso mundo
como um relógio suiço
nunca podia avariar
hoje
apetecia mesmo transgredir
a manhã começava quente
ainda em Maio
já parecia estarmos a cavalgar o Verão
mal acordei e esfreguei os olhos
levantei-me
calcei as meias
vesti a camisola e as cuecas do avesso
troquei os sapatos
o do pé direito no pé esquerdo
e vice-versa
talvez me apetecesse
passar o dia nesse vice-versa
hoje apetecia transgredir
em vez de manteiga nas torradas
comecei por pôr
as torradas na manteiga
fiz o habitual
chocolate com leite
e fui à rua
despejá-lo no comedouro da multidão de gatos
saí à rua
para comprar cigarros
entrei no Café
cumprimentei quem estava
com inequívoco boa-tarde
quem estava
respondeu-me
com um também inequívoco bom-dia
olharam-se entre si
e riram
chegada a hora do almoço
dei por que
me desapetecia comer
- talvez fosse - pensei -
apenas por causa da palavra Almoço
foi então que resolvi
- e resultou na perfeição -
fingir
qe em vez de almoço era jantar
fechei
todas as janelas que davam para a rua
corri um cortinado vermelho
que separa a sala-de-jantar
do meu gabinete-de-trabalho
acendi duas velas
como se jantasse
com alguém muito romântico
pus Chopin
e talvez por indução fonética
uma garrafa de vinho
que preparei como se fosse de champagne
o resto do dia
passei-o de óculos escuros
- a tarde era já noite para mim
vi as estrelas
e a lua como vírgula minúscula
uns dois palmos acima
de brilhante planeta
que por seu brilho
e tamanho
e local
me pareceu que fosse Marte
para completar o despautério
fui à rua gritar
antes de ir para a cama
que este nosso mundo
como um relógio suiço
nunca podia avariar
hoje
apetecia mesmo transgredir
terça-feira, 22 de maio de 2012
AFOGAMENTO NO DANÚBIO
chamava-se Ferraz
Gonçalo Ferraz
o rapaz
que se atirou ao Danúbio
em Buda-Peste
rio voraz
nascido na Floresta Negra
morrendo no Mar Negro
de que outra coisa
seria então capaz
que não tragar
o infeliz rapaz
aventureiro
e logo em Budapest
- mais Peste do que Buda -
só os pais do rapaz
de Gonçalo Ferraz
sem se afogarem no Danúbio
afogam-se no pranto
que a sua falta traz
por mais que gritem por socorro
- não há quem lhes acuda
chamava-se Ferraz
Gonçalo Ferraz
o rapaz
que se atirou ao Danúbio
em Buda-Peste
rio voraz
nascido na Floresta Negra
morrendo no Mar Negro
de que outra coisa
seria então capaz
que não tragar
o infeliz rapaz
aventureiro
e logo em Budapest
- mais Peste do que Buda -
só os pais do rapaz
de Gonçalo Ferraz
sem se afogarem no Danúbio
afogam-se no pranto
que a sua falta traz
por mais que gritem por socorro
- não há quem lhes acuda
AFOGAMENTO NO DANÚBIO
chamava-se Ferraz
Gonçalo Ferraz
o rapaz
que se atirou ao Danúbio
em Buda-Peste
rio voraz
nascido na Floresta Negra
morrendo no Mar Negro
de que outra coisa
seria então capaz
que não tragar
o infeliz rapaz
aventureiro
e logo em Budapest
- mais Peste do que Buda -
só os pais do rapaz
de Gonçalo Ferraz
sem se afogarem no Danúbio
afogam-se no pranto
que a sua falta faz
por mais que gritem por socorro
- não há quem lhes acuda
quarta-feira, 16 de maio de 2012
As minhas sardas
Fiquei a pensar como seria a tarefa de contar as minhas sardas...
Quando era criança, morei num bairro de pescadores, em Fortaleza, onde os miúdos traziam na boca histórias fantásticas. O Vavá tinha a cabeça achatada e explicava que era assim porque a mãe quando grávida tinha caido no chão bem em cima da barriga. Recordo o meu espanto com tal explicação. Se ela tivesse caído de lado, como seria o perfil?
Um dia o Pirrita aconselhou-me a lavar a cara com o meu xixi para limpar a cara.
A verdade é que sempre tive complexos por ser sardenta.
Na adolescência colocava base e as sardas viam-se por baixo - teimosos sinais castanhos que não me largavam.
Para as ruivas, o cabelo é da cor da cenoura e faz todo sentido serem sardentas. Eu que sempre tive o cabelo castanho, passava por uma falsa sardenta. Com os anos fui aprendendo a gostar destesn pequenos sinais.
No rosto são mais de cem, no corpo outras tantas que invento e não encontro. Umas cresceram como se fossem sementes de uma nova gente. Outras apagaram-se tão cansadas estavam da vida acontecida. Acordam na minha pele todas as manhãs. Vivem comigo desde criança. Namoram umas com outras, casam-se e inventam filhos.
Nunca as vi morrer, senão a fundirem-se.
Até a hora do juízo final.
Quando era criança, morei num bairro de pescadores, em Fortaleza, onde os miúdos traziam na boca histórias fantásticas. O Vavá tinha a cabeça achatada e explicava que era assim porque a mãe quando grávida tinha caido no chão bem em cima da barriga. Recordo o meu espanto com tal explicação. Se ela tivesse caído de lado, como seria o perfil?
Um dia o Pirrita aconselhou-me a lavar a cara com o meu xixi para limpar a cara.
A verdade é que sempre tive complexos por ser sardenta.
Na adolescência colocava base e as sardas viam-se por baixo - teimosos sinais castanhos que não me largavam.
Para as ruivas, o cabelo é da cor da cenoura e faz todo sentido serem sardentas. Eu que sempre tive o cabelo castanho, passava por uma falsa sardenta. Com os anos fui aprendendo a gostar destesn pequenos sinais.
No rosto são mais de cem, no corpo outras tantas que invento e não encontro. Umas cresceram como se fossem sementes de uma nova gente. Outras apagaram-se tão cansadas estavam da vida acontecida. Acordam na minha pele todas as manhãs. Vivem comigo desde criança. Namoram umas com outras, casam-se e inventam filhos.
Nunca as vi morrer, senão a fundirem-se.
Até a hora do juízo final.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
SENTAR E CAMINHAR EM PAZ E SILÊNCIO POR UM MUNDO NOVO - 20 DE MAIO - 15h
Vivemos um ponto de mutação civilizacional. Participamos na extrema crise de uma civilização ignorante, insensível e violenta, pela qual somos todos responsáveis. Uma civilização filha do desconhecimento da lei fundamental da vida, a interconexão entre todos os seres, uma civilização escrava do medo, da ganância e do ódio, dominada por pensamentos, emoções e desejos doentios que se traduzem num crescente mal-estar mental, existencial e social, numa galopante opressão económica e financeira, numa democracia de fachada, dominada pelos grandes grupos económicos e pela finança internacional, na devastação do planeta, da biodiversidade e dos recursos naturais, na violência contra os homens, os animais e a Terra. Somos todos autores e vítimas de uma civilização alienada pela produção e pelo consumo, por ritmos de trabalho desumanos, pela falta de tempo para estar com os outros e apreciar a beleza do mundo, pelo sacrifício do crescimento interior e da expansão da consciência e da amizade em troca da busca ávida de riqueza, poder, fama e prazeres fugazes e fúteis. Tudo distracções impotentes para encobrir um profundo mal-estar e que nos deixam cada vez mais frustrados e insatisfeitos.
Um outro mundo é todavia possível, já antecipado por todos aqueles que, em Portugal e em todo o planeta, buscam e praticam um novo paradigma mental, ético e civilizacional e uma alternativa global, em todas as esferas, espiritual, cultural, terapêutica, pedagógica, ecológica, social, económica e política. Um outro mundo que se enraíza nas nossas mais profundas aspirações e onde florescem as melhores potencialidades do ser humano, a nossa natural vocação para a liberdade, a compreensão e o amor fraterno extensivo a todos os seres e a toda a Terra. Um mundo fruto do melhor que temos para dar, sem esperar nada em troca, sem acções nem reacções violentas, que apenas reproduzem o actual sistema e estado de coisas.
É para nos conhecermos e dar público testemunho desse mundo que nos vamos sentar todos em paz e silêncio durante uma hora no Domingo, 20 de Maio, em várias cidades e localidades do país e onde quer que estejamos. Às 16h seguiremos, numa lenta marcha pacífica e silenciosa, para vários locais, onde realizaremos uma assembleia para partilhar experiências e ideias sobre os rumos futuros da nossa intervenção cívica.
Este evento está aberto a todos os indivíduos, associações, movimentos e entidades que se reconheçam no seu espírito não-violento e que se comprometam a respeitar o silêncio até à partilha final. Aceitamos todos os apoios que respeitem estas condições. No evento não deverão estar presentes bandeiras, cartazes ou outros símbolos partidários.
Este evento é de todos os que nele se reconhecerem e não é contra nada nem ninguém. Só uma postura afirmativa e não reactiva, sem medo nem ódio, pode mudar o mundo. O sentar e marchar em paz e silêncio são a expressão de uma nova aliança entre os homens, os animais e a Terra. Vamos sentir e mostrar a força da nossa presença pacífica e silenciosa. Vamos deixar que em nós se manifeste um Mundo Novo.
Vem, traz amigos e partilha o mais possível.
CONTACTOS E LOCAIS POR CIDADE
LISBOA
Local de encontro: Rossio
Destino da Caminhada: Terreiro do Paço
https://www.facebook.com/events/222395511201859
Paulo Borges - pauloaeborges@gmail.com ( 918113021 )
Sofia Costa – asofcosta@sapo.pt ( 917769093 )
PORTO
Local de encontro: Praça Gomes Teixeira (Praça dos Leões)
Destino da Caminhada: Praça da Liberdade
https://www.facebook.com/events/264784013615239
Alexandra Araújo - xanaaraujo@sapo.pt ( 939611744 )
Vítor Bertocchini - bertoquini@gmail.com
Carla Rocha - carlajrocha@hotmail.com
COIMBRA
Local de encontro: Parque Verde do Mondego
Destino da Caminhada: Praça 8 de Maio
https://www.facebook.com/events/335619686499666
Maurício Pereira - mauriciocgpereira@gmail.com
Francisco Guerreiro - jorgekguerreiro@gmail.com
LEIRIA
Local de encontro: Praça Rodrigues Lobo
Destino da Caminhada: Jardim de Santo Agostinho
https://www.facebook.com/events/303668206373769
Micael Inês - micaelines@gmail.com ( 965884416 )
Fernando Emídio - fernandoemidio@gmail.com ( 962683097 )
Patrícia Pereira - patricia.afp@gmail.com ( 962807817 )
SESIMBRA
Local de encontro: Praia da Califórnia
Destino da Caminhada: Avenida dos Náufragos
https://www.facebook.com/events/426407467375608
Tsomo santos & Gonçalo Oliveira - youzen.therapies@mail.com (93678397)
STA. MARIA DA FEIRA
Local de encontro: Castelo de Sta. Maria da Feira
Caminhada pela cidade, regressando ao Castelo.
http://www.facebook.com/events/246548715444314
sentarecaminharempazfeira@gmail.com
Luís Oliveira ( 965285844 )
Ana Louro ( 966588899 )
Andrea Domingos ( 913313799 )
José Porfírio ( 916329151 )
BRAGA
Local de encontro: A definir
Destino da Caminhada: Sé de Braga
https://www.facebook.com/events/296946723719275
Gabriela Cunha - gabrielacunha@gmail.com
Ana Devesa - devesaana@gmail.com
FUNCHAL
Local de encontro: Praça do Município do Funchal
Destino da Caminhada: Parque de Sta. Catarina
https://www.facebook.com/events/136485646476097
Tânia Almeida ( 913386788 )
Carla Brás ( 927089603 )
ÉVORA
Local de encontro: Praça do Giraldo
Destino da Caminhada: Praça Joaquim António de Aguiar
https://www.facebook.com/events/363806753667646
José Cortes - jomacoam@gmail.com ( 967336834 )
BEJA
Local de encontro: Praça da República
Destino da caminhada: Parque da Cidade
https://www.facebook.com/events/334261966639626
Centro Holisis - holisis.csi@gmail.com ( 962693011 )
SERPA
Local de encontro: Quiosque do Jardim Público
Destino da Caminhada: Largo da Biblioteca
https://www.facebook.com/events/366743433372820
Maria José Palma - palma.mariaze@gmail.com ( 962693011 )
Fátima Pires - mfpvenancio@hotmail.com ( 964786869 )
Francisco Cabecinha - f.cabecinha.vendas@hotmail.com (966081729)
SETÚBAL
Local de encontro: Largo de Jesus
Destino da caminhada: Parque Urbano de Albarquel
http://www.facebook.com/events/366321506749456
Bruno Ferro - brunoferro77@hotmail.com
PONTA DELGADA
Local de encontro: Parque Urbano
Destino da caminhada: Portas do Mar
http://www.facebook.com/events/411429965557447
Maria Martins - mariaportugal.artesplasticas@gmail.com
ARCOS DE VALDEVEZ e PONTE DA BARCA
Local de encontro: Alameda do Campo do Transladário
(junto ao chafaris dos cavaleiros), Arcos de Valdevez
Destino da Caminhada: Choupal do Côrro, Ponte da Barca
http://www.facebook.com/events/455731467786018
Maria Tita - maria.tita.brida@gmail.com
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Andamos moralinizados?
O Bom Senso, senhor Antunes, é o metal amarelo do seu metro, a correcção das suas barbas aparadas, o sorriso estampado nos seus beiços, o preto da sua gravata que reponta com o rubro das suas bochechas democráticas...
O Bom Senso é o seu estômago, senhor Antunes, impecável como o seu relógio americano e o seu olho ainda guicho atirado às saias da criada e principalmente aquele seu dedo que pesa na Balança... aquele Dedo, com letra enorme sobre o Vale de Josafat...
O Bom Senso é a sua pessoa, senhor Antunes, vestindo as aparências convenientes ao Lucro e à Moral - dois esposos que atropelam os miseráveis quando passeiam de automóvel...
E a Loucura, senhor Antunes, é o pobre Silvino que passou, lá fora, na rua, ao vento pluvioso deste inverno, esfarrapado e enlameado, a cantar, em voz alta, o advento dum novo Deus...
A Loucura é o Silvino e a substância ígnea do mundo - a lava interior.
E o Bom Senso, senhor Antunes dos Negócios, é uma crosta ligeira e artificial que principia a quebrar por todos os lados... Já anda fumo no ar...
- Teixeira de Pascoaes, O Bailado, Assírio e Alvim, pág.109
O Bom Senso é o seu estômago, senhor Antunes, impecável como o seu relógio americano e o seu olho ainda guicho atirado às saias da criada e principalmente aquele seu dedo que pesa na Balança... aquele Dedo, com letra enorme sobre o Vale de Josafat...
O Bom Senso é a sua pessoa, senhor Antunes, vestindo as aparências convenientes ao Lucro e à Moral - dois esposos que atropelam os miseráveis quando passeiam de automóvel...
E a Loucura, senhor Antunes, é o pobre Silvino que passou, lá fora, na rua, ao vento pluvioso deste inverno, esfarrapado e enlameado, a cantar, em voz alta, o advento dum novo Deus...
A Loucura é o Silvino e a substância ígnea do mundo - a lava interior.
E o Bom Senso, senhor Antunes dos Negócios, é uma crosta ligeira e artificial que principia a quebrar por todos os lados... Já anda fumo no ar...
- Teixeira de Pascoaes, O Bailado, Assírio e Alvim, pág.109
quinta-feira, 10 de maio de 2012
O
mundo sabia de cor, a cor da dor de quem nunca teve a sorte de nascer
imperador. O peixe era doce e cru. A beterraba avinagrada. A vontade de
ser feliz era tanta como a tua agora que acabas de nascer. O jejum era
dos pobres que o faziam dia após dia.
Vizinhos da vida viajaram sem regresso com um sorriso que não esqueço.
O homem mata o homem e nunca sabe porquê. Bendita a memória que me assombra neste dia que nasce outra vez.
Se ficar por aqui mais um instante| chorarei a ausência que permanece |
memória que me assiste| quando me perco | falta que invade meu corpo |
bem no meio do coração | um sorriso como se fosse outro abraço | desligo
a luz | invento o infinito | que nunca teve início nem fim | por dentro
de mim| um beijo que não encontra pouso
quarta-feira, 9 de maio de 2012
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
segue a angústia o medo de me perder, porquanto mais procuro pressinto o
fim. Lá onde o sol ameaça nascer, recuo em busca do eu que teimoso
mostra-me não existir. Lá onde tudo e nada ocupam o mesmo espaço vazio,
fronteira do meu despertar, tão perto de mim que não alcanço. Canta a
dor que trago no peito, a verdade que sinto e não entendo. Bastaria um
lampejo e saberia que tudo que aprendi de nada me serve se nunca o
senti. Ali, onde o rio e o mar se unem, afogo-me na esperança de nada
saber.
canta-me a musica que te embala os dias, deixa que ela me invada e eu esqueça que existo, mantêm-me quieta e silenciosa porque doi-me o corpo por dentro. enquanto adormeço cansada, choro. este não é mais o país que eu sonhei. antes, abracei-te na multidão e o teu beijo despertou-me entre todos que amei. dá-me um cravo vermelho, coloca-o junto ao coração. semeia em cada corpo uma nova canção.