ÀS VEZES confundo arte com conhaque
Arte é dor que vai doendo
Conhaque é conhaque
Que pensará o fósforo quando se acende?
Realmente é tudo uma questão de se lhe perguntar
Um velho acamado espera a sua justiça
As infâncias raramente se acham
Nada tem de negativo
É apenas uma questão
Que terei de colocar a um fumador de charutos
De preferência cubanos
Com Havana em espiral movimento
E o Fidel quase morto ainda aces
Ponho um lápis na orelha
E finjo-me poeta
Terei de rever as minhas análises
O sangue perfeito
O motor ainda dá
De amores não acusa nada
Na gaveta tenho inúmeros verbos
Se calhar mal conjugados
Arrisco?
Às vezes dou uma passa no cigarro e aperto os lábios
Tiro fotocópias à minha cabeça e falo com ela
Do duplicado escolho o mais feio
Fico então com a impressão que a escolha é de arte
Depois de ler Cruzeiro Seixas vejo que não
Que não há arte nenhuma nos cabelos que ficaram
na lente da fotocopiadora
Os monstros são só para criar cenários
A pornografia é um estado de alma
E Galileu tinha muita alma com certeza
Os versos das meninas do bar sete são compostos por exageros
Empastam a tinta entre os dedos
Sujam seus caracóis e publicam mesmo assim
Depois do editor cometer o seu crime
Um ladrão ao dar-me um esticão no saco levou-me o braço
Por sorte nasceu outro braço no lugar do outro
Acha que isto é arte?
Estou farto de dizer
Arte é o desenho que faz as varizes
E conhaque é a mesa misturadora dos egos e super egos
Passe bem!
se arte é o desenho das varizes,
ResponderEliminara tua poesia é cada vez mais
um mapa em relevo
de ideias
indiscretas
gostei
abraço