terça-feira, 2 de março de 2010

Quem se Espera

a Baal,




"Quem esperamos? Quem,
No silêncio, na sombra, no deserto?
O Menino divino de Belém,
Ou o rei Encoberto?
Esperamos alguém:
Qualquer que tenha o coração aberto.

É demais esta ausência, este vazio!
Quem adorar, servir, como Deus e senhor?
– O que estender a ponte sobre o rio
Da miséria e pavor !
O que apascente e que semeie em desafio!
O que disser:

Eu sou! E for."


António Manuel Couto Viana
imagem: CqM Viana do Castelo

18 comentários:

  1. E enquanto se espera? O que se espera em quem?

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  2. E o que podemos ver em quem esperamos, senão nós mesmos?
    Se tudo o que é, já existe, então basta deixar que ocorra.
    Permitindo ao outro que cresça, até nós, na liberdade de todos.
    Pois:
    "O tempo dos outros é o tempo de Deus."

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  3. Como posso eu agir, se me encontro na inanidade?

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  4. 'e o que podemos ver em quem esperamos, senão nós mesmos?
    se tudo o que é, já existe, então basta deixar que ocorra.'

    sobre isto vou pensar e não é fácil.

    sempre acreditei num princípio e numa finalidade. e que nesse princípio tudo estava definido, a liberdade não passa de uma ilusão.

    obrigado anaedera (pela dificuldade).

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  5. Por quê o porquê de se esperar? Porquê?

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  6. Ainda não viram que, para o BAAL, todas as "esperanças" foram para a cova com o josif... de bigodeira aparada e em vias de canonização pelos ortodoxos, em cujas igrejas ele ia por vezes fazer as suas orações... encapotadamente, à sorrelfa? E lembrar-se a gente que ele descendia de uma família judaico-portuguesa! Que glória! Qual Menino Jesus ou D. Sebastião!
    Djugashwilli, ó Anaedera, Djugashwilli! JCN

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  7. "O que disser:
    Eu sou! E for".

    Este poema é toda uma conversa com o Baal e com o que em nós medita sobre o que espera, cada um de nós, de si, no mundo e no mundo em si.

    Este final, retira toda a esperança vã de encontrar esse Menino divino fora de nós mesmos.
    Esperamos alguém que dorme, mas simultaneamente age: estende "...a ponte sobre o rio/Da miséria e do pavor!" Estende a ponte!

    Em quem esperamos, já cá está e o devir nasce, sempre que formos, vamos!

    Um abraço. Gostei muito deste poema. Acho que está muitíssimo bem dedicado.

    Daqui mando um abraço a Baal, o nosso deus "deleuziano!" e imanente...

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  8. pelo menos o 'josif' mandou o crápula do hitler para a cova.

    'senhora que o velho se quer levantar
    dá-lhe na corneta e põe-no a andar.'

    à luta

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  9. Isso mesmo Saudades,
    Esperar é adormecer, até que desperte o que só pode estar em cada um.
    Uma acção latente de já estar a ir. A plenitude da força, no que está parado.
    Porque espera...
    Obg

    R.Felix
    Tudo o que é vivo mexe!


    Baal
    Também acredito num princípio e num fim.

    JCN
    Djugashwilli?!

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  10. Sinceramente... Que música de banda!
    No próximo carnaval vou desfilar com as vossas palavras e uma lágrima pintada debaixo de um olho!

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  11. Não conhecia nada do poeta.
    antes de acabar leitura do poema pensei que estava a ler "Saudades"
    -uma versão soft de Saudades para mimosear Baal

    as pontes são estruturas terríveis
    para as cogitações dos indecisos. é a meio das pontes que eles se questionam se devem prosseguir ou
    retornar.
    Só os indecisos?

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  12. Mas que grande elogio que o Platero deu à Metáfora que constitui o poema de Saudades!

    Essa da "versão soft" é que me deixa um bocadito confusa e em meditação. Um mimo é coisa que gosto de oferecer. Dir-se-ia que dependo deles para receber em dom e dádiva.

    Anaedera, a versão feminina ou travestida (Platero, será um novo Fausto?) do menino da lágrima deixa-me sensibilizada. Pelo bom gosto, já que o bom senso!...

    Um beijo a todos.
    Estou realimente muito constipada!

    P.S. Que saudades tenho eu de Lapdrey!
    Há, mas já não está cá.
    Parece que nem com pontes, o fazemos voltar! Até porque não seria preciso: o sujeito tem asas!
    Fausta, Fausta!!!

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  13. porque a meio da ponte há ainda uma
    outra alternativa
    :
    jogar-se dela abaixo

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  14. Ó saudades, gosto tanto quando te atravessas por mim. Até parece que bebo red bull, ganho asas de tão permeável... Sempre que falas comigo, não sou eu e é bom. O Ser existe porque outro existe e a sua importância é relativa à importância de outro porque o outro é que é um Ser.

    Um afago. Na ponte.

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  15. Faus(tina)
    Agarra na ..tina e toma banho para te passar os gostos dos afagos nas pontes...

    Estranhos gostos!

    Mas está bem, cada um... com a sua... "permeabilidade".

    Quanto ao poema, é muito belo. Eu "achar"!

    Beijinhos

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  16. A tua mente é uma ilusão, saudades. Eu ter a certeza. Espreito-te para dentro e o deserto é um oásis pintado no céu, essa parede que nunca devia ter rodado para cima.

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  17. Faust(anda),

    "Tás-te a passar?!"

    Não vês que a ilusão faz tempo que deixou de ter Saudades?
    (sorriso)

    Gosto da parede a rodar para cima.
    E aprecio muito as metáforas que usas.

    Também te acho graça. Muita.

    Se tivesse tempo e não tivesse um bocadinho febril, ensinava-te algumas para acrescentares ao oásis do céu por onde me espreitas.

    Um beijinho, Fausta.
    A Anaedera, baal, Rui e JCN e Platero, claro. Um sorriso de simpatia

    P.S. Viste por aí o Lapdrey? Tenho tantas Saudades dele! Mas sei que ele não volta... e não me importo...

    A ninguém espero!

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