A visão pessoana acerca da Europa e do universal [1] surge e mantém-se intimamente ligada com a sua visão do sentido e virtualidades histórico-culturais, civilizacionais e espirituais de Portugal, como se apreende nos ensaios sobre a “nova poesia portuguesa” publicados em 1912 na revista A Águia, dirigida por Teixeira de Pascoaes, marcando uma orientação de pensamento que se manterá e desenvolverá até ao final da vida. Partindo do princípio de que “a literatura não só traduz as ideias da sua época”, mas de haver ainda uma correspondência entre “o valor dos criadores literários” e o “valor criador das épocas” a que pertencem, correspondendo “o valor da literatura, perante a história literária, […] ao valor da época, perante a história da civilização” [2], e considerando que “a actual corrente literária portuguesa” – que tem como “precursor” Antero de Quental, passa por António Nobre, Eugénio de Castro e Guerra Junqueiro e vai até Teixeira de Pascoaes, António Correia de Oliveira e os “novos poetas” [3] – é, em comparação com as grandes fases da história política e literária europeia, o início “de uma grande corrente literária, das que precedem as grandes épocas criadoras das grandes nações de quem a civilização é filha” [4], Pessoa assume na sociologia da literatura a confirmação racional das intuições místico-proféticas de Pascoaes “sobre a futura civilização lusitana” e o “futuro glorioso que espera a Pátria Portuguesa” [5]. Vaticina assim, por sua vez, quer o iminente aparecimento do “Grande Poeta” português, o “supra–Camões” [6], quer “uma renascença extraordinária, um ressurgimento assombroso” da nação portuguesa [7], exortando a que nenhum português “falte à sua missão de hoje, de criar o supra-Portugal de amanhã” [8].
Qual é, todavia, a característica fundamental da “nova poesia portuguesa”, em termos psicológicos e filosóficos [9], responsável pelo seu futuro tão promissor? Poesia que excede as demais em termos de complexidade espiritual, a sua “mais notável e original feição” seria precisamente a marca principal da “ideação complexa”: “o encontrar em tudo um além” [10], sendo ao mesmo tempo subjectiva e objectiva, “poesia da alma e da natureza”, em que os dois elementos se interpenetram numa simultânea “espiritualização da Natureza” e “materialização do Espírito”, configurando uma “poesia metafísica” e “religiosa”, de pendor “superpanteísta”, “uma religiosidade nova”, ou mesmo “religião nova”, consideradas distintas de qualquer “outra poesia” ou “qualquer outra religião, antiga ou moderna” [11]. Partindo do pressuposto de que a poesia antecipa uma expressão filosófica e social, Pessoa afirma que a “Alma Portuguesa” está a gerar, pela sua “actual Poesia, um novo conceito emocional – e portanto colectivo e nacional – do Universo e da Vida”, o qual “representa um novo estádio criador” na “linha evolutiva da alma europeia”, uma vez que há uma analogia entre o “actual período literário nacional” e aqueles que, no apogeu das grandes nações civilizadoras, precederam e inauguraram “um grande período de vida nacional socialmente criadora”. Segundo Pessoa, isso mostra já “a dilatação da alma europeia que representará uma Nova Renascença”, ainda que por enquanto apenas existente “na alma do país donde essa Nova Renascença raiará para o que na Europa estiver preparado para a receber” [12]. A nova visão-experiência filosófica do mundo, inerente à metafísica neoreligiosa da contemporânea poesia portuguesa, como revelação do sentir e da alma nacionais enquanto vanguarda do novo Renascimento europeu, seria o que Pessoa designa como “transcendentalismo panteísta”, que considera exemplarmente presente na filosofia hegeliana [13], mas na verdade “apanágio de Portugal”, devido a condições étnicas específicas [14].
Quais as características desse “transcendentalismo panteísta”? É aqui que, ao apontar a visão-experiência do mundo, e o implícito “sistema” filosófico, inauguradores em Portugal do novo e superior Renascimento europeu, se desenha uma curiosa e substancial ponte para o Oriente. Colhendo da visão transcendentalista a ideia de que nela o transcendente se manifesta “como a ilusão, o sonho de si próprio”, sendo “matéria e espírito” suas “manifestações irreais”, Pessoa considera que no “transcendentalismo panteísta” esse mesmo “transcendente […] é e não é ao mesmo tempo, existe à parte e não à parte da sua manifestação, é real e não-real nessa manifestação”. Enquanto sistema que assume como “essência do universo […] a contradição” e ser “uma afirmação […] tanto mais verdadeira quanto maior contradição envolve”, o “transcendentalismo panteísta” seria um metasistema que “envolve e transcende todos os sistemas”, incorporando todas as teses e antíteses possíveis ao declarar que tudo, “matéria” e “espírito”, é simultaneamente real e irreal, existente e não existente, convertendo-se no seu oposto: “a matéria é espiritual e o espírito é material” [15].
Deve notar-se que, tal como acontece em Teixeira de Pascoaes, um vector central do pensamento pessoano permanece fiel a esta visão da “ilusão”, insubstancialidade e indeterminação universais, que permite relativizar, unificar e transcender todas as aparentes dualidades e oposições, conforme se constata n’ O Caminho da Serpente e noutros textos [16]. O que importa destacar é que em Pascoaes e Pessoa, numa visão comummente inspirada pelo psiquismo nacional, dissolve-se a aparente solidez da percepção habitual e reificada das coisas, divisando-se uma mesma e radical desconstrução da visão substancialista e entitativa da realidade, que em ambos conduz à sua identificação com o “sonho” e a “ilusão” atrás referidos, o que só por si remete, para além do barroco ocidental [17] , para as noções bramânicas de māyā e līlā – ou seja, a criação como i-lusão e jogo divino - , senão mesmo para śūnyatā, vacuidade, que na tradição budista designa a natureza última de todas as coisas, a sua ausência de existência intrínseca, em si e por si, enquanto configurações interdependentes e impermanentes de uma fenomenalidade irredutível às antinomias e entificações conceptuais da lógica aristotélica e a toda a onto-logia, positiva ou negativa. Śūnyatā procede de uma raiz sânscrita (svi, inchar, intumescer) que “parece haver expressado a ideia de que algo que se afigura “inchado” visto de fora é na verdade “oco” por dentro” [18]. Assim parece ser o universo de Pascoaes e Pessoa, onde todas as formas não são senão cambiantes aparições de um informe inconceptualizável, numa “convergente Aventura” para além das suas divergências e incompreensões mútuas [19], sendo significativo que em ambos esta cosmovisão resulte da interpretação do modo singular de ver e sentir da “alma” nacional, assumido como prefigurador e indutor de uma nova religião e filosofia – o saudosismo em Pascoaes e o transcendentalismo panteísta em Pessoa – e de uma mutação profunda da própria “alma” europeia.
Com efeito, Pessoa insiste que nesta visão-sentimento poético e lusitano do mundo como simultaneamente real e irreal – não esqueçamos que a Serpente e sua via, símbolos do percurso libertador de cada consciência individual, são igualmente “Portugal” [20] - também se encarna “a alma recém-nada da futura civilização europeia”, sinal de que ela “será uma civilização lusitana” e de que o Supra-Camões futuro, além de “poeta supremo da […] raça”, será “o poeta supremo da Europa, de todos os tempos” [21]. Acresce que, sendo o “transcendentalismo panteísta” uma fusão de opostos, daí decorre que a “futura criação social” portuguesa venha a ser uma civilização onde eles igualmente se fundam, simultaneamente “religiosa e política”, “democrática e aristocrática” , “ligada à actual fórmula da civilização e a outra coisa nova” [22]. No que respeita a “essa futura fórmula”, Pessoa adianta que ela “deve distar do cristianismo, e especialmente do catolicismo, em matéria religiosa; da democracia moderna, em todas as suas formas, em matéria política; do comercialismo e materialismo radicais na vida moderna, em matéria civilizacional geral” [23]. Numa segunda e significativa ponte para o Oriente, não só metafórico, e também presente em Pascoaes, é o início da consumação disto que se profetiza como partir “em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus construídas “daquilo de que os sonhos são feitos” [24], muito significativa citação de uma fala de Prospero, n’A Tempestade, de Shakespeare, onde se alude ao desvanecimento de tudo, como um “espectáculo insubstancial”, sem deixar “uma névoa para trás” [25]. Essa será a divina realização do “verdadeiro e supremo destino” da nação, “de que a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal ante-arremedo” [26]. Ou seja, as viagens e os Descobrimentos físicos e histórico-geográficos, supostamente reais e concretos, tradicionalmente celebrados como o apogeu da história nacional, são reduzidos por Pessoa, nos ensaios fundadores de todo o seu pensamento acerca do sentido de Portugal, a mero ensaio grotesco (um “arremedo” significa “imitação grotesca”, “simulacro” e “farsa”), numa dimensão semiconsciente, menor e grosseira, disso que para além deles o impulso do descobrir e a verdadeira vocação da nação visam: um desvendamento e experiência espirituais, no culminar de uma odisseia da consciência. A epopeia histórica é chamada a transfigurar-se em aventura espiritual, num salto – tal como no sebastianismo e na saudade metafísica a ele associada [27] - para uma visão mais subtil e profunda da realidade, que neste contexto cremos ser possível interpretar como esse mesmo reconhecimento da natureza ilusória, simultaneamente real e irreal, real-irreal, de tudo, transcendência e imanência, espírito e matéria, Deus e mundo.
Parece legítimo considerar ser precisamente isso que o Messias-Poeta, o “Supra-Camões futuro” – onde se suspeita uma forma de autoprofecia, por parte de um Pessoa precocemente consciente dos seus dons e missão [28], e cujo persistente desprezo de Camões pode relacionar-se com o considerá-lo o mero poeta da epopeia real, esquecendo injustamente a Ilha dos Amores [29] - , viria definitivamente consagrar e realizar, e ser isso mesmo que se anuncia vir a constituir a matriz da “futura civilização europeia”, cujo embrião português a deverá levar a uma frutificação universal, se tivermos em conta o desenvolvimento desta ideia na recriação posterior do tema do Quinto Império, onde o poeta o proclama como o consumar da aspiração nacional à totalidade, o ser tudo, enquanto sincrética aglutinação e superação dos contributos fundamentais dos grandes momentos civilizacionais anteriores: Grécia, Roma, Cristandade, Europa [30]. O Quinto Império, também no seu sincretismo trans-religioso, seria assim a expressão cultural e civilizacional, já planetária, desse salto da consciência no desvendamento da “Índia nova”, ou seja, da realidade irreal de tudo: daí que o poeta o identifique com as “novas Descobertas, a Criação do Mundo Novo” e o regresso de D.Sebastião, símbolo da verdade oculta da nação e do homem [31]. Se esta “Índia” não é propriamente a histórico-geográfica e cultural, não deixa todavia de ser evidente a sua relação com um paradigma fundamental da espiritualidade indiana, que curiosamente se assume e recria no extremo-ocidente da Europa ou, melhor, da Eurásia, como recorda José Marinho [32]. Com efeito, tudo se passa como se Pessoa visionasse o universalismo da vocação nacional como o de inaugurar um novo ciclo civilizacional, primeiro ainda europeu e depois já trans-europeu e planetário, por integração da herança greco-latina, cristã e moderna numa outra visão do mundo, uma visão do mundo outra, fortemente marcada pelo ilusionismo e insubstancialismo de matriz indiana, redescoberto e renovado porém na visão-sentimento metafísico da nova poesia portuguesa [33].
[texto em elaboração para um volume colectivo sobre Fernando Pessoa, por mim organizado, a ser publicado em breve pelo Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa]...
[1] Sobre as questões levantadas pelo tema do “universal” é incontornável a obra de François Jullien, De l’universel, de l’uniforme, du commun et du dialogue entre les cultures, Paris, Fayard, 2008.
[2] Cf. Fernando Pessoa, “A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada”, Obras, II, organização, introduções e notas de António Quadros, Porto, Lello & Irmão, 1986, p.1150.
[3] Cf. Ibid., p.1158.
[4] Cf. Ibid., p.1153.
[5] Cf. Ibid., p.1152.
[6] Cf. Ibid., p.1153, 1167-1168, 1178 e 1193.
[7] Cf. Ibid., pp.1153 e 1167.
[8] Cf. Ibid., p.1154.
[9] Pessoa considera ser “a filosofia do poeta, e não a do filósofo, que representa a alma da raça a que ele pertence”. É assim “na poesia que vamos buscar a alma da raça, e na filosofia dessa poesia aquilo a que se pode chamar a filosofia da raça” – Ibid., p.1190.
[10] Cf. Ibid., p.1176.
[11] Cf. Ibid., pp.1176 e 1179-1180.
[12] Cf. Ibid., p. 1182.
[13] Cf. Ibid., pp.1189.
[14] Cf. Ibid., p.1192.
[15] Cf. Ibid., p.1189.
[16] “A ilusão é a substância do mundo, […] tanto no mundo superior como no mundo inferior, no oculto como no patente”; “Considerar todas as coisas como acidentes de uma ilusão irracional, embora cada uma se apresente racional para si mesma – nisto reside o princípio da sabedoria”; “Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo […]; “A Serpente é o entendimento de todas as coisas e a compreensão intelectual da vacuidade delas” – Obras, III, pp.518-520 e 522. Cf. também textos como Tratado da Negação e O DESCONHECIDO (Textos Filosóficos, I, estabelecidos e prefaciados por António de Pinto Coelho, Lisboa, Edições Ática, 1993, pp.42-46), que comentamos em Paulo Borges, O Jogo do Mundo. Ensaios sobre Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, Lisboa, Portugália Editora, 2008, pp.91-134. Sobre o “Tudo é ilusão” como motivo central na obra pessoana, cf. Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, Lisboa, Verbo, 2007, 12º edição, pp.49-56.
[17] Calderón de la Barca é uma das fontes de Pascoaes: “Que é a vida ? Um frenesim. / Que é a vida ? Uma ilusão, / Uma sombra, uma ficção, / e o maior bem é pequeno, / que toda a vida é sonho, / e os sonhos sonhos são” - , La vida es sueño, introdução e notas de Domingo Ynduráin, Madrid, Alianza Editorial, 1989, II, XIX, p.99. Cf. também p.98.
[18] Cf. Edward Conze, Buddhism: its essence and development, New York, Harper Torchbooks, 1975, pp.130-131.
[19] Cf. a nossa “Introdução” em Paulo Borges, O Jogo do Mundo. Ensaios sobre Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, pp.7-14.
[20] Cf. Fernando Pessoa, Obras, III, introduções, organização, biobibliografia e notas de António Quadros, Porto, Lello & Irmão, 1986, p.522.
[21] Cf. Id., Obras, II, p.1193.
[22] Cf. Ibid., p.1194.
[23] Cf. Ibid.
[24] Cf. Ibid., pp.1194-1195. Sobre a presença, em Pascoaes e Pessoa, dos temas das “Índias espirituais” e da “Ilusão”, cf. Paulo Borges, “Índias espirituais e ilusão em Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa: Portugal como centro do descentramento e re-orientação do velho mundo europeu-ocidental”, Nova Águia, nº4 (Sintra, 2º semestre de 2009), pp.27-39.
[25] “[…] Yeah, all which it inherit, shall dissolve, / And, like this insubstantial pageant faded, / Leave not a rack behind. We are such stuff / As dreams are made on; and our little life / Is rounded with a sleep […]" – William Shakespeare, The Tempest, Acto IV, Cena I, 155, The Complete Works of William Shakespeare, The Alexander Text introduzido por Peter Ackroyd, Glasgow, HarperCollins, 2006, p.23.
[26] Cf. Fernando Pessoa, Obras, II, p.1195.
[27] Recorde-se o sebastianismo como “salto para fora da história”, lamentado por Oliveira Martins e valorizado por José Marinho.
[28] Neste sentido interpretamos a resposta a uma entrevista já de 1923, em que, assumindo a mesma linhagem do ensaio de 1912, declara, no que nos parece uma referência à sua própria obra: “Os sinais do nosso ressurgimento próximo estão patentes para os que não vêem o visível. São o caminho de ferro de Antero a Pascoaes e a nova linha que está quase construída” – Id., entrevista a António Alves Martins, Obras, III, p.701.
[29] Cf. Paulo Borges, “Eros e Iniciação em Luís de Camões. A “Ilha dos Amores””, in Phainomenon, “Homenagem a João Paisana (1945-2001)”, nºs 5 e 6 (Outubro de 2002 e Primavera de 2003), pp.339-350.
[30] " - O que calcula que seja o futuro da raça portuguesa ?
- O Quinto Império. O futuro de Portugal - que não calculo, mas sei - está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra, e também nas quadras de Nostradamus. Esse futuro é sermos tudo. Quem, que seja português, pode viver a estreiteza de uma só personalidade, de uma só nação, de uma só fé? Que português verdadeiro pode, por exemplo, viver a estreiteza estéril do catolicismo, quando fora dele há que viver todos os protestantismos, todos os credos orientais, todos os paganismos mortos e vivos, fundindo-os portuguêsmente no Paganismo Superior? Não queiramos que fora de nós fique um único deus! Absorvamos os deuses todos! Conquistámos já o Mar: resta que conquistemos o Céu, ficando a terra para os Outros, os eternamente Outros, os Outros de nascença, os europeus que não são europeus porque não são portugueses. Ser tudo, de todas as maneiras, porque a verdade não pode estar em faltar ainda alguma coisa! Criemos assim o Paganismo Superior, o Politeísmo supremo! Na eterna mentira de todos os deuses, só os deuses todos são verdade" – Ibid., pp.703-704. Pessoa propõe um “esquema português” alternativo ao da leitura tradicional do sonho de Nabucodonosor, interpretado por Daniel (Daniel, 2, 27-45), em que os quatro impérios já não o são segundo um critério material – babilónico, medo-persa, grego e romano - , mas antes espiritual – Grécia, Roma, Cristandade, Europa -, sendo o Quinto embrionariamente português e de consumação universal - “Prefácio ao livro de poemas “Quinto Império”, de Augusto Ferreira Gomes”, Ibid., pp.711-712. Cf. também p.717. Este esquema reflecte-se ainda no poema “Quinto Império”, de Mensagem: “Grécia, Roma, Cristandade, / Europa – os quatro se vão / Para onde vae toda edade. / Quem vem viver a verdade / Que morreu D. Sebastião?” – Obras, I, introduções, organização, biobibliografia e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa, Porto, Lello & Irmão – Editores, 1986, p.1162. Para uma clara exposição do sincretismo da ideia de Quinto Império, com um esquema ligeiramente diferente, em que o quarto império é o “Inglês” e não o europeu, cf. Obras, III, pp.641-644.
[31] “Então se dará na alma da Nação o fenómeno imprevisível de onde nascerão as Novas Descobertas, a Criação do Mundo Novo, o Quinto Império. Terá regressado El-Rei D. Sebastião” – resposta ao inquérito “Portugal, vasto Império”, de Augusto da Costa, Obras, III, p.710.
[32] Falando de Portugal: “[…] povo extremo, cabe longamente pensá-lo, não da Europa, mas da Eurásia […]” - José Marinho, Verdade, Condição e Destino no Pensamento Português Contemporâneo, Porto, Lello & Irmão – Editores, 1976, p.228.
[33] Isto apesar de um texto onde se sustenta a matriz ainda europeia e cristã, porém não católica, do Quinto Império – Fernando Pessoa, Obras, III, pp.642-645.
Não acha que existe sempre uma sobrevalorização de factores aos olhos de quem lê e estuda determinado assunto? Ou seja, este serão assim por nós observados sempre numa perspectiva individual, consequência da vivência presente e passada quer do individuo, quer da sua sociedade e da sua cultura.
ResponderEliminarSabendo que é impossível comparar realidades, não compreendo como observa uma evolução tão linear entre épocas e personagens tão diferentes.
Para mim, aquilo que se procura no passado é uma necessidade de resposta presente, que quando bem observada já existe, mesmo que academicamente, pois tudo faz parte do mesmo Ser que o busca. Fica a questão e a dúvida!
Obrigada
O que me diz parece-me evidente, mas pergunto a que se refere em concreto quando fala da evolução linear...
ResponderEliminarNão creio que procure algo no passado.
É apenas uma questão. Quando investigo algum assunto,(e eu procuro no passado), reparo que obtenho não mais do que respostas ao presente. Como se em assuntos mesmo aparentemente diferentes a resposta "batesse no mesmo".
ResponderEliminarE esta tem sido mesmo uma dificuldade, um paradoxo, porque se devem evitar anacronismos.
Linearidade, na clara ideia que transmite da acção e do pensamento de vários autores, que mesmo de épocas diferentes, falam das mesmas ideias, como se tratasse de um pensamento evolutivo.