Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
são sombras que passam
no verso desta folha
as sombras das letras são marcas
do esquecimento das palavras
entornadas no depois
nem sons sequer
apenas a breve labareda de lavrá-las
o aparo sedento
da caneta irónica de tinta permanente
é um arado de treva
e tu leitor
és um solo que não tem fronteiras
nascem de ti as árvores frondosas do princípio
em ti morro aquela morte das sementes inúteis
porque tens em ti a razão de ser de todas as coisas
enterradas no esquecimento
que te faz dono do teu chão volátil
a tua curiosidade infantina
vai pois em paz
que és o reverso de mim
alado viajante da mesma incerteza
a tua leitura é uma escrita que me desfaz
linha a linha
verso a verso
na tua noite se desfazem os meus dias
a minha errada busca dessa Ítaca
que é a sombra da tua impermanência
nada nos espera no fim
Esse nada ondula ao sabor dos teus versos, e o que o escritor diz é o que cada um de nós diria a quem pelo prazer da leitura oscila por dentro das mesmas palavras.
ResponderEliminarA fotografia é, de facto, uma fotografia, que não nos arranca os olhos, mas sim, que nos devolve à aparência que se escapa passageira.
É para dizer... consigo imaginar o fotógrafo e a sua posição no espaço, enquanto delicadamente espera pelo momento certo que faça juz ao que em memória escreveu, ou no depois do contacto, quando uma imagem lhe reclama o seu mais profundo sentir, que tão sublimente enquadra num inexistente caixilho, pois que sua alma não tem forma.
um abraço extremo mas encurtado pelo apreço deste teu vislumbre.
tudo de bom! :)
No reverso do teu verso
ResponderEliminarEncontro enfim a sombra
do teu olhar de passagem
da tua letra em aparo e chama
brilha em arado a terna treva
o cristal do aparo
A certeza do chão
na incerta palavra
em que te vejo e passo
e cruzo o lasso passo
Somos o que somos
Sombra e avesso da fala
Somos as coisas que sobem e descem
nas escadas que a si mesmas
esperam ao fim da noite
a quem os dias ausentam
O dia a quem as noites esperam
Nada sobe ou desce
para além das sombras
que descendo sobem
cruzando-se com outras
que subindo descem:
sombras que passam;
Passam por mim
a impermanência das horas
Chegarei antes de partir
à ideia de passagem.
Um beijo... e agradeço o vislumbre
e a passagem: a sombra da sombra.
Nada nos espera no fim:
ResponderEliminarnem nós
de nós desatados
desasidos
Belíssima foto!
Abraço
começo a reconhecer-te pelas primeiras palavras
ResponderEliminar-o que também não deixa de agradar-me
abraço
esse nada é como quem diz: Tudo!
ResponderEliminarabraço
Luz e Sombra
ResponderEliminaro contraste perfeito*
Prefiro a luz... à somra, tal como a perfeição... sem sombras! JCN
ResponderEliminarGrato, amigos!
ResponderEliminarTudo na vida que tenha densidade é um vislumbre do que, imponderável, inqualificável, está aquém e além duma apreensão explicativa.
Fica o imenso do amplexo de luz que recebo e ao qual me uno!
:)