Não queiras mais que a gratuita lucidez
do instante sem caminho Não julgues que ele é mais
do que a casual aragem de não ser mais nada
do que o voluptuoso fluir de um puro vazio
Em distraído vagar como uma leve nuvem
torna-te vago também deixa ascender em ti
essa torre ténue que quer a transparência
e a graça flexível de pertencer ao ar
Não queiras conhecer o que há por trás desse fulgor puro
se é que há algo por trás Aceita a sua dádiva gratuita
porque ele é preciosamente nulo
e tão essencial como o ar que se respira
- António Ramos Rosa, As Palavras, Porto, Campo das Letras, 2001,p.32.
Palavras... leva-as o vento! JCN
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