quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Só a verdade nos mente..." (Suli-Andriéu Peyre)

Fonte: Google search engine



Transpus
(Ai franqui)

Transpus o cume da minha vida
e desço pela outra encosta,
mas sou ainda um aprendiz,
e a alma às vezes ainda sonha.

As minhas mãos nunca estarão cheias;
só a verdade nos mente;
toda a agitação do mundo
não sacode as mãos engelhadas.

Talvez ao fundo daquele vale
aonde desço sempre com a tarde,
conheça melhor a minha solidão.

Sentar-me-ei ainda uma hora
para ver a comparação
do eterno e dos dias quebrados.


Suli-Andriéu Peyre (1890-1961)

in "Antologia da Poesia Provençal Moderna",
selecção e tradução de Louis Bayle e Manuel de Seabra,
Editorial Futura, Lisboa, 1972, pág. 44

3 comentários:

  1. a minha especialidade h-ortográfica aponta para que a linda foto seja de um primoroso campo de alfazema.
    Encosta, cume -
    pelo soneto também já não me vejo
    porque desço o outro lado da encosta

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  2. transpor os cumes da vida significa ultrapassar a adversidade e se for acompanhada de contemplação da natureza, será mais pacificador...

    e essa paz encontra-se em trajectos de solidão, e quietude...

    aromatizadas por alfazemas do jardineiro Platero e murmuradas pelo poeta Donis...

    e cantam fragmentos de Pedro Abrunhosa: "não é a solidão que faz um homem sozinho, é a paz na dor que sei de cor"...

    viva a poesia!
    abraço
    frag

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  3. só a verdade nos mente...pk tudo é ilusão...tudo?!...porquê? too much samsara em nossas vidas, é? mas tb temos relances de nirvana, ou não? (lembro-me do último post da luiza dunas)

    frag

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