quarta-feira, 17 de junho de 2009

Esfera Armilar - A grande questão e a grande encruzilhada

"[...] cada vez mais o homem se tem posto e considerado [...] no mundo como o dono do mundo, com o direito de destruir os animais e as plantas, de escravizar os irmãos homens, de transformar a vida inteira nalguma coisa que não tem outro fim senão o de sustentar a sua vida material"

- Agostinho da Silva, "A Comédia Latina" [1952], Estudos sobre Cultura Clássica, organização e introdução de Paulo Borges, Lisboa, Âncora Editora, 2002, p.307.

Querendo dominar e avassalar o mundo, adoecemos e destruímo-nos, física, emocional e mentalmente. Pondo-nos ao serviço do bem do mundo e de todas as formas de vida, humanas e não-humanas, curamo-nos e libertamo-nos. Esta é hoje a grande questão e a grande encruzilhada.

O que escolhes? E que escolha gostarias que fosse a de Portugal e dos países lusófonos?

Qual a escolha digna de uma Esfera Armilar, de um Abraço ao Universo, de um Coração do tamanho do Universo?

13 comentários:

  1. Sem res-peito por si mesmo, jamais o homem o terá pelo que quer que seja.

    Destruindo animais e plantas, destrói ele o passado que a si mesmo deu origem: escravizando outro ou outrem, a si mesmo agrilhoa.

    Quedado no material, neste tem seu jugo e deste fica joguete.

    Imaginando-se senhor, não passa dum escravo de quanto escraviza. Quanto mais destrói, mais se destrói.

    No beco de um tal ínvio, errante e quiçá vadio percurso, e seu ínsito labirintar-se, verá ele então que tem braços para um abraço do tamanho do Universo: ver-se-á coração de um Coração maior que o maior dos universos.

    Então, será ele talvez um ser em “forma” de esfera armilar, figura do mundo, do uni-verso, do multi-verso e do além disso, que almejou descobrir.

    Figura, porventura, dessa Flor da Vida, de que certa geometria sagrada dá conta e memória, ele é esfera, sphairos, sem princípio nem fim - estrutura primordial do espaço, entre Hadit e Nuit, interior/exterior da consciência de si.

    Olhar, pessoal e cósmico, sobre tudo e todas a coisas, do tudo nada que há... do nada de nada que é tudo...

    (Abraço, Paulo!)

    ResponderEliminar
  2. O consumismo está a consumir-nos. Caminhamos cegos para o abismo. Continuar assim é criminoso.

    ResponderEliminar
  3. Leiam Peter Sloterdijk... Foram os portugueses que iniciaram esta globalização que agora pesa como uma maldição sobre todo o mundo... A esfera armilar é a esfera do mundo objectivado como globo para o cálculo humano e para as transacções mediático-comerciais.

    Leiam "Esferas", "O Palácio de Cristal".

    ResponderEliminar
  4. Não substimemos a Natureza (e tão-pouco, a natureza humana)!

    Se não vomitarmos, por nós mesmos, a pus que nos é o próprio princípio da cura, ela mesma, a Terra, se encarregará de no-lo fazer: a "bem" ou a "mal".
    Como aliás já por várias vezes aconteceu.

    Um organismo sistémico é assim mesmo. Ademais, importa não esquecermos que se, por um lado, somos capazes de interferir no equilíbrio do sistema, somos apenas (e só) um dos elementos dele constitutivos. Porventura, nem sequer o mais "importante". Porventura, também, nem sequer o mais "lúcido".
    Malgré tout, et quand même...

    O consumismo é como o actual "crash" da economia global: são os seus maiores causadores e responsáveis as primeiras e maiores vítimas. Devastadoramente.

    Acabou o tempo da impunidade, senhores!
    Preparem-se para ganhar juízo: final e finalmente!


    P.S. Não há "mundo objectivado", Kamikaze, há apenas "objectivação" do mundo: em nós.

    O Sloterdijk talvez tenha descoberto a "pólvora armilar esférica". Nós fomo-la, por toda a parte. Eclodimos e explodimos no mundo: verbos que conjugamos, a um tempo, sempre no pretérito e no presente. Ou seja, no futuro do passado.

    Curiosidade minha: O "Palácio de Cristal" é o do Porto? É que esse já "li"...!

    Quando é que te "kamikazas" de vez, amigo Kamikaze? Faz-te jus!
    Abraço!

    ResponderEliminar
  5. Os portugueses ou os que vieram depois e perverteram o descobrir em devassar?

    Seja como for, fizemos muito mal também. Temos uma dívida para com o mundo e servi-lo é o caminho. Servir todos os seres, não só os homens nem os amigos.

    ResponderEliminar
  6. ORAÇÃO DA PAZ, S FRANCISCO ASSIS

    Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz!
    Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
    Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
    Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
    Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
    Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
    Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
    Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
    Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
    Ó Mestre,
    fazei que eu procure mais:
    consolar, que ser consolado;
    compreender, que ser compreendido;
    amar, que ser amado.
    Pois é dando, que se recebe.
    Perdoando, que se é perdoado e
    é morrendo, que se vive para a vida eterna!
    Amém

    (para mim, é aqui que reside a ESFERA ARMILAR)

    namastê, frag.

    ResponderEliminar
  7. não esquecendo q este santo cristão teve sempre uma visão holística, não esqueçamos o belíssimo CÂNTICO DAS CRIATURAS, digno de inspiração para o PPA, por ex ;)

    frag

    ResponderEliminar
  8. E "ali" também, cara Fragmentus...
    Não há "onde" nem "quando" nem "o quê".
    Há armilar-se! Tão-só.
    O resto não há, é: o que não é!

    Francisco foi aproximação.
    Assis, desaproximação.
    Equidistância, afinal.
    De...

    Holístico, o frei?
    Hum? Ah! Então é por isso que o Fritjof Capra, o Deepak Chopra e o Eckhart Tolle são "franciscanos". Ok! Agora percebo tudo.
    Abraço à franciscana.

    ResponderEliminar
  9. (smile envergonhado)

    "Há armilar-se! Tão-só." - então não se trata de uma esfera mas de uma espiral, certo?!...

    adoro s francisco assis, desde criança (unico santo q realmente me 'toca') e a sua percepção ecológica aliada à sua atitude compassiva levam-me a afirmar q se insere numa visão holística...

    retribúo o abraço à fransciscana (consigo, corro o risco é de ficar logo 'pedrada' ehehh)

    frag.

    ResponderEliminar
  10. é q pelo menos já 'discutimos' o assunto em questão, e tu não...

    frag

    ResponderEliminar
  11. Escolho Viver, sem ver fronteiras geográficas, linguísticas ou culturais.
    E reconhecer a diferença do próximo, como se esta já a mim pertencesse.
    Gostaria que a escolha de Portugal fosse a que já é, permitindo liberdade e tolerância suficiente, para que possa englobar verdadeiramente a diferença na minha vida pessoal, profissional e social, como se de minha familia se tratasse.
    A escolha mais digna, é fazer do diferente, igual, nas coisas mais domésticas e simples. Reconhecendo-as como as mais fantásticas, que esta vida dá.

    Verdadeiramente igual no sentimento que une.

    ResponderEliminar
  12. Talvez não se devesse gastar tanta energia com a preocupação com a língua, para começar. Pouco interessa, que língua falam os povos. Um belga pode ser um melhor lusófono do que um português.

    Colocar-nos ao serviço do bem não é impôr o bem. Talvez se devesse mais "não agir". Fazer o necessário, quando necessário, não o supérfluo. Estar atento. Estar receptivo.

    Acho que se gasta muita energia a "divulgar" e pouca a ajudar. Mas isto é apenas uma primeira opinião. Vale o que vale.

    ResponderEliminar
  13. Amigo Paulo,

    Muita razão e muita verdade nas palavras de Agostinho da Silva!
    Se eu fosse Portugal como também o sou e me sinto, abraçando nele o universo, eu escolheria uma esfera armilar que resplandecesse em Luz por todos os seres viventes. Eu não escolheria ser um colar que asfixiasse a vida e o outro, tornando-o pior e piorando a minha própria doença.
    Eu escolheria uma esfera que abraçasse e não que magoasse; umaabraço que acolhesse e não que rejeitasse; um coração que batesse por todos com todos por nada e por tudo.


    Um abraço.

    ResponderEliminar