Por isso eu digo: quando o homem renuncia a si mesmo e a todas as coisas criadas - quanto mais amplamente o fizer, tanto mais amplamente será unido e abençoado na centelha da alma, que é intangível tanto pelo tempo como pelo espaço. Esta centelha contradiz todas as criaturas e nada mais quer senão Deus, desvelado, como Ele é em si mesmo.
- Mestre Eckhart, Tratados e Sermões, Paulinas Editora, p. 260
Deus em si é sem si, sem Deus. A-Deus.
ResponderEliminarO Homem não se renuncia a si mesmo. Se o faz, das duas uma: ou acredita no paraíso do lado de lá da existência e é oportunista; ou acredita no lado de cá da existência sem paraíso e é oportunista.Se escolher morrer em vida, morra onde morrer, é pela única causa em que acredita ou desacredita - ele próprio.
ResponderEliminarDeus? Apenas o ponto de interrogação que prende o céu à Terra. Um pau de sebo por onde caem anjos e não sobem demónios... Com o Homem no pano de fundo a servir de es trela.
Não sabes o que é a renúncia, a libertação, inclusive de ser homem...
ResponderEliminarLibertação: Posso imaginar-"me" tudo, porque não sou nada. (Fernando Pessoa)
ResponderEliminarRenúncia: Posso imaginar tudo, porque não sou nada.
Homem: "me"
Cara filha pró diga,
ResponderEliminarjulgo que para Mestre Eckhart, quando o homem se renuncia a si mesmo e a todas as coisas criadas, fá-lo também em relação a crenças ou não-crenças que aprisionam a sua existência. Julgo que a crença em paraísos é somente mais um véu (como a crença no Deus «velado» ou mesmo a crença do ego) que encobre a centelha da alma. Julgo que a renúncia aqui abordada, sabiamente por Mestre Eckhart, se refere à dissipação dos véus mentais (conceptuais e emocionais) que nos tornam ignorantes, uma vez que nos fazem ignorar a essência sem essência, o fundo sem fundo, a luz sem luz, o nada que é tudo, o Deus sem Deus que há em todos nós.
Caro Anónimo, grato pelo seu comentário animador. Vou investigar melhor acerca do que é ser homem, do que é a renúncia e a libertação... Provavelmente a libertação dá-se quando deixar de saber o que ela é. Certamente se dará quando tiver a coragem de renunciar tudo o que me amarra à existência: aí saberei finalmente ser homem não sendo.
"Coragem de renunciar tudo o que me amarra à existência:"
ResponderEliminarNão é o "tudo" que me amarra à existência. É a existência que se amarra a tudo ao mesmo tempo que nos renuncia com a coragem de um cobarde.
Kunzang, não me referia a ti, mas à filha
ResponderEliminarKunzang, renuncia-te. Depois falamos. As tuas palavras são ocas como tu. Sê homem e renuncia-te.
ResponderEliminarQuem não é oco? Não é a realidade oca?
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