Quando a primeira lágrima aflorou
Nos meus olhos, divina claridade
A minha pátria aldeia alumiou
Duma luz triste, que era já saudade.
Humildes, pobres cousas, como eu sou
Dor acesa na vossa escuridade...
Sou, em futuro, o tempo que passou-
Em num, o antigo tempo é nova idade.
Sou fraga da montanha, névoa astral,
Quimérica figura matinal,
Imagem de alma em terra modelada.
Sou o homem de si mesmo fugitivo;
Fantasma a delirar, mistério vivo,
A loucura de Deus, o sonho e o nada.
Teixeira de Pascoaes
Sempre (1898)
In Poesia de Teixeira de Pascoaes
Org. de Silvina Rodrigues Lopes
Lisboa, Editorial Comunicação, 1987
é dos primeiros poemas que leio de Pascoaes:Perdôe-se-me a ignorância atávica.
ResponderEliminarEncantou-me a descoberta.
Obrigado pela oportunidade
de nada platero :),
ResponderEliminarcruzei os olhos, pela primeira vez, com a poesia de Pascoaes há cerca de um ano, e ficou.
Os poetas morrem na criação. isso é Pascoaes.
ResponderEliminarum deus ausente, louco,que nos criou para a morte, triste o fado de um deus enganado e de um homem derrotado.
ResponderEliminarcomo é possivel resistir?