sexta-feira, 8 de maio de 2009

Peço desculpa por açambarcar o espaço da Serpente, mas dado que ninguém publica, publico um poema que escrevi há pouco. É um pouquinho deprimente, mas apenas um poema. Espero que não se siga de comentários anónimos desagradáveis, como tem acontecido em alguns posts da Serpente.

Dor

Toda a vida sofri
A dor de não haver
Quem me quisesse aqui
Restando-me morrer.

Toda a vida sofri
A dor de não ser querido
Por isso morri
Só sem nenhum amigo.

Toda a vida sofri
A dor do detestado
Eis porque choro assim
Do mundo abandonado.

Toda a vida sofri
A dor que trago ao peito
Hoje adormeço aqui
No derradeiro leito.

Acrescento-lhe outro que saiu agora:

Fado suicida

Sofro desde um tempo
Que não tem memória
Com um ou outro momento
Em que virei a história.

Sofro desde um tempo
Que terá tido começo
Mas hoje sem alento
Já frio me despeço.

Sofro desde um tempo
Que habita na escuridão
Nos nuncas do vento
Nos nadas da paixão.

Sofro desde um tempo
Que sofrido foi sonhado
Eis que chega o momento
De cumprir o meu fado.

Outro:

Imo negro

Fria e escura realidade
Adormecida insanidade
Infundo corta o inexistir
Vislumbre eterno vou partir.

Cinza vento eis o dia
Anoitece a manhã fria
Alva a noite não se cura
Espinho lento nada dura.

Fria e escura ansiedade
Não nascida sem idade
De nenhures de um confim
Onde late um motim.

Ardente negra a porta
Grito escuro à minha volta
Do outro lado o abismo
Para onde me dirijo.

4 comentários:

  1. Sou a vida. Sobreviverei no átomo, respirarei no vazio, sem pulmões.

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  2. Relaxa, Nuno. Isso passa.

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  3. Caro(a) anónimo(a): são apenas palavras em que a personagem é o eu. Reflectem possíveis estados de alma. Vêm do nunca.

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