A rapariga que inclinava paredes.
Raiz, espalhar casas por todo o lado para fazer o nosso mundo, caminhar para dentro da terra usando as mãos como pás aéreas, pregar a cabeça à terra e existir ao contrário.
Diagonal, abismo, ter os pés colados à terra e desafiar o equilíbrio, inclinar-se sem cair, enterrar-se sem morrer e encontrar-se na inclinação para um beijo de testas.
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Fábula coreográfica para dançar (agora)
Coelhos brancos nas pontas dos cabelos
Ar, caminhar sem chão, dormir no ar, escrever arcos com o corpo.
Expirar, transportar em espiral, dar marradinhas no espaço, levitar os braços.
Danças sem chão
Fábula coreográfica para dançar (agora)
Antigamente, todos tínhamos mais ar dentro de nós do que agora.
Esse ar dava origem a que no espaço interior dos corpos pudesse haver mais vida. E havia. Havia coelhos que nasciam, cresciam dentro do corpo e faziam todos os homens saltar mais. Saltos muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas que levavam os corpos dos homens a saltar. Porque os coelhos dentro de si não paravam de saltar, os homens mantinham-se no ar com muita facilidade. Um dia, os coelhos quiseram fugir e saíram pelas pontas dos cabelos dos homens.
A partir daí, tudo se tornou mais complicado. Os homens, para saltar, tiveram que inventar a dança, ou então sonhar bastante para poderem por vezes dormir no ar.
Experimente o coelho que poderá ter habitado dentro de si. Dê saltos, muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas, respire e volte ao princípio.
Um corpo-planta que brota a partir do chão. Os dedos em flor. As pernas num balanço.O salto.
ResponderEliminarO salto é o voo do sol da montanha a afundar-se no mar. Um corpo que é abóbada e outro que o segura com as mãos e o sustenta no alto.
Uma boa fábula para ccoreografar fotógrafos e poetas e para visitar e educar... também pela arte.
Parece interessante. Obrigada pela divulgação e seja muito bem (re)vindo.
Um abraço, Saudades
Obrigado.
ResponderEliminarNo seu conjunto formam um total de 17 painéis que saltam do sítio da terra "o corpo com adivinha", para o lugar da dança, "a dança como fábula".
Coreografia, de Coreo = círculo, roda, a forma que é mais perfeita e mágica + grafia = grafismo, desenho ou escrita.
A "coreografia" é o desenho do corpo em movimento. Através da íris dos nossos olhos podemos ver e compreender a "dança" que se encontra à flor da pele dos corpos.
Muito interessante esta exposição "uma carta coreográfica" levada a cabo pela mão do Território Artes, um pouco por todo o país, e agora aqui.
Que o tempo me permita, de quando em vez, actualizar este post, que agora, entre os demais interessados partilho.
Um grande abraço também para si.
Belíssimo. Tudo.
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