terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Dúvida




Há silêncios que são preenchidos por vazios?

Ou há vazios que são preenchidos com silêncios?


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O nada dentro do nada e tudo o que lá não existe
O espaço em potência dentro do espaço em potência,
potenciado ela ausência do muito e do pouco que pudesse lá caber,
que pudesse lá estar ou ser

Mas, o nada está lá e o vazio também
Juntos, fazem companhia ao silêncio que tinha acabado de chegar
Ou, se calhar, sempre lá esteve e nunca ninguém tinha dado por ele

Tudo isto me sugere esta imagem

9 comentários:

  1. Sereia, eloquente vácuo o da fotografia, e abundância de imagética na interrogação - amei!

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  2. Recolho-me na imagem. Fecharei os olhos ouvindo o teu texto.

    Um abraço.

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  3. O silêncio, o vazio e o nada.

    "Escuto mas não sei
    Se o que oiço é silêncio ou deus.

    Escuto sem saber se estou ouvindo
    O ressoar das planícies do vazio
    Ou a consciência atenta
    Que nos confins do universo
    Me decifra e fita

    Apenas sei que caminho como quem é olhado amado e conhecido
    E por isso em cada gesto ponho Solenidade e risco."

    Sofia de Melo Breyner

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  4. Lindo, lindo, lindo o poema Maria da Aurora, grata!Lindo!

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  5. Sereia,

    Vim ouvir o silêncio esvaziar e encher, como vagas. Vim ouvir a ausência plena. E vim ver a geometria da imagem, a estética da "pobreza", do despojamento.
    Gostei de me debruçar nesse espelho.
    Gosto de pensar que vazio não existe e que o silêncio fecha a boca ao mundo, mas florece no coração. Gostei bastante. Foi uma pausa inspirada e inspiradora...

    Um abraço e um salpico: Plim! Rrrr que fria, a água!

    Beijo, Saudades.

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  6. Cara Sereia,
    Talvez não pareça e nem se imagine (e não é que isso interesse muito, ou talvez interesse nadinha) mas, por vezes - e abençoadas vezes elas sempre são-, o ver sobressai-se-me de tal modo do resto dos sentidos que, pela demasia de olhar (maneira de dizer o que não sei como dizer), parece que o ver do real se sub-verte numa qualquer inesperada "outra coisa" que entrementes não surpreende porque verifico que já "lá" estava, e que apenas a falta do olhar certo tal lá não via.

    Algo assim aconteceu com esta fotografia. Ao deslumbramento com aquela luz, com aquelas tonalidades entre o barro e o sépia, que são cor de carne e cor adâmica, acresceu o ocorrer dum inverter da perspectiva que é realmente (como diz Da Vinci) "cosa mentale", e então o que era mais afastado passa a estar mais próximo, como se eu de repente visse de cima uma espécie de "telhado" com um qualquer tipo de "abertura" no centro...

    No fundo, a representação da perspectiva, desde que olhada descolando-a da sua pretendida e pretensa representação normal do que o olho habitualmente se habituou a ver, fica num certo avesso do ver, com a correlata estranheza de um ver novo sobre o que constatamos já estar porém em tal representação.
    Não há ver certo ou correcto, pois que o ver não se engana, ainda quando se engane.
    O que se engana é a massinha da mioleira. O costume!

    Obrigado por esta "Dúvida", que, se bem que a tenha deixado em mim, me não deixou nela...

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  7. Obrigada, Palavras de Osho :) e Tamborim :)

    Obrigada, Isabel. Abraço também*

    Maria da Aurora, também sou fã de Sofia :) Agradeço o poema que me deixou e que ADOREI!

    Saudades, obrigada pelo mergulho. De facto, o despojamento vem bem a propósito do lugar onde a foto foi tirada: nos calabouços de uma arena/anfi-teatro romano, lugar onde os antigos lutadores esperavam pela sua vez de sobreviver frente às feras, muitas vezes escravos para obterem a liberdade.

    Lapdrey, Obrigada pela reflexão e pelas palavras que escolheu para comentar esta minha 'dúvida' feita de imagem e de palavras

    A todos abraço*

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  8. Sereia,

    Ainda volto à imagem e também às palavras que aqui são quase desnecessárias.
    A textura e a rugosidade branca das paredes, a estética do deserto e do isolamento: a sobriedade e desprendimento do olhar nítido no pouco, no simples, no tudo e no nada que sabemos também ser daqui de onde o vejo: um traço de azul em cima e outro em baixo: eis o mar. Para o silêncio de nós não se calam os sons de uma funda vibração: nascem dos picos dos cactos, as flores, como se nascessem em vasos nos olhos...


    Ua braçada de água em cima do mergulho...

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