Escrevi isto como recordação permanente
do meu sofrimento.
A minha mão perecerá um dia, mas a grandeza ficará.
do meu sofrimento.
A minha mão perecerá um dia, mas a grandeza ficará.
Palavras do mestre arquitecto ou canteiro árabe gravadas em arábico junto da axila do transepto, lado leste, da Sé Velha de Coimbra.
Calbi arabi.
Canto do Deserto
O meu amor é do deserto, do perto,
Do distante. O meu amor é doce perfume
De laranjeiras e menta
O meu amor é de viajeiras vozes
É borboleta entre rosas
O meu amor é novo e sabe
A bago de romã, a riso
Seio, perfumes de hortelã, fresca ribeira
O meu Amor é:
Sol do meu Sol
Sorriso do meu sorriso
Palavra da minha palavra.
Amor de claro norte azul e morte
Amor lavado em águas de esquecimento
Alimentado a rosas e a jardins;
Deserto sobre fundo deserto
Rasgado de aves atravessando o tempo
Cruzadas aves em riscado céu
O meu amor é rosa de abrir
Flor de me Ser, flor do deserto
De torre de acenar e saudar
Ventos e paisagens em aceno;
Azuis perfumes e cantos.
Quem me acha em amor a dor do mar?
Quem visita o meu lume
E me não queima a asa que chegou:
Duas ditosas borboletas brancas
poisadas no ramo mais alto do limoeiro.
Rosas de chá para Isabel e Luíza
Toalha branca, de novo, para a hora
Em que saudamos nossos Amigos
Perfumes que sentimos na distância.
O meu Amor é um lugar, é um mudar
O meu Amor tem as cores de todas as coisas
Na lembrança; o meu Amor é vasto
De ponta a ponta do céu escreve uma palavra
Que as nuvens desfazem e desaparece no ar
O meu amor é peregrino, sobe ao imo de mim
Desde a terra o sinto subir
Como um cristal ao cimo da monhtanha
de mim, no Castelo de Lume em Luz
Clarão na minha cara, a tua alma!
Para todos os Sepentinos presentes e ausentes.
Np princípio do ser está o que existe.
ResponderEliminarNo nomadismo do deserto as verdadeiras linhas.
Algo de des-velará no segredo das areias.
O fim do deserto está no princípio de nós.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminarQuando certa ausência de voz aqui se aperceber de que está a falar apenas para o ricochete de si próprio (quiçá já nem nisso sequer se vislumbra), compreenderá então quão terrível (tomara que não sem retrocesso) é o quedar-se em tal precipício destituído de abismo.
ResponderEliminarNa verdade, dele não há nem haverá saída - que nele (e dele aqui também) não houve entrada -, até que, nessa "nenhuma viagem", viático dessa noite escura de ser, parta realmente, isto é, chegue àquilo que é puro trânsito imóvel: sempre se parte do a que sempre se chega - entre algures e nenhures.
Não haverá, pois, doravante, de mim, com um tal, diálogo algum em palavra ...
Não é des-prezo, não é indiferência: é apenas "isso" que esse tal mesmo precisa...(e eu também....)
Que deserto tão povoado, doce Saudades!
ResponderEliminarMas como povoado o era, também, de anjos e demónios, o deserto por onde deambulavam esses pais da oração hesicasta, pairando o seu sepultar daquele viver que, em divina loucura, haviam guerreiramente aceite como seu campo de batalha, precisamente mais presente por estar tão ausente...
Amor é, na verdade:
"Sol do meu Sol
Sorriso do meu sorriso
Palavra da minha palavra."
E não será isso terrivelmente mais ardente que o mais sufocante dos desertos?...
Gratíssimo, sempre, Saudades, pelo seu canto tão puro e despojado, como só o é o verdadeiro deserto: ali, onde "face-a-face", "presença" e "ausência" deixam de ter sentido, isto é, mostram-no nu e cru ...
Assim é, Lapdrey,
ResponderEliminarOuvir no deserto o bater do coração numa e mesma oração - a escuta, meu irmão é a leitura certa.
No silêncio deixar que o diga
ao espaço: O deserto resplande!
Um abraço
Muito bonitos, estes seus Cantos, saudadesdofuturo. Plenos de intensidade, aromas, cor, sabores. Com uma imagética rica, mas destaco em particular o último verso, com uma força imensa.
ResponderEliminarQue lindo!
ResponderEliminarVoltei aqui para reler: "Clarão na minha cara, a tua alma". Lindo, lindo, lindo.
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