Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
A propósito do tigre, os incontornáveis William Blake e Jorge Luis Borges.
"Tiger, tiger, burning bright In the forests of the night, What immortal hand or eye Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies Burnt the fire of thine eyes? On what wings dare he aspire? What the hand dare seize the fire?
................................. de "The Tiger",(excertos) de William Blake
"Hasta la hora del ocaso amarillo Cuántas veces habré mirado Al poderoso tigre de Bengala Ir y venir por el predestinado camino Detrás de los barrotes de hierro, Sin sospechar que eran su cárcel. Después vendrían otros tigres, El tigre de fuego de Blake; Después vendrían otros oros, El metal amoroso que era Zeus, El anillo que cada nueve noches Engendra nueve anillos y éstos, nueve, Y no hay un fin. Con los años fueron dejándome Los otros hermosos colores Y ahora sólo me quedan La vaga luz, la inextricable sombra Y el oro del principio. Oh ponientes, oh tigres, oh fulgores Del mito y de la épica, Oh un oro más precioso, tu cabello Que ansían estas manos."
"El oro de los tigres", de Jorge Luis Borges
Grato, Luiza, por este olhar tigresco que sempre desafia, ainda quando porventura nos não amedronte.
Tanto mais belo, quanto mais aterrador: exactamente como a verdade, quando ela se nos revela simples e inapreensível, como tudo o que "há" ...
Ontem, logo pela manhã, procurei encontrar um hexagrama. Por causa do tigre e de teres vindo. Voltei a procurar à tarde, e à noite ainda um pouco. Folheei apenas à procura de sinais familiares num número, numa palavra numa frase. Não procurarei mais desta forma, encontrarei e hei de encontrar-te só para te dizer um número, e tu saberás. Em todo o caso fica a ideia geral: Quando as nossas linhas de pensamento são claras não precisamos arranjar estratégias para convencer ninguém porque serão apreendidas clara e indubitavelmente mesmo a uma certa distância como as listas do tigre.
Vejo sempre um tigre ao longe por entre vegetações densas, deslocando-se portentoso, seguro e leve. Não há canto de aves nem desenhos no céu, não há macacos nem cobras, não há água que corre; não há insectos a adejar, não há murmúrio nas árvores nem restolhar, nem silêncio. Apenas um tigre movendo-se na mudez total.
Concordo, Luiza, quanto à mudez de mundos e névoas, quais eles (mundos) sejam até porventura desumanos ou inumanos, ou sejam elas (as névoas) anúncio do ignoto jamais "caçado" ou do mistério sempre desencobertamente vislumbrado...
Porém, sagaz amiga, que dizer do instantâneo do rugido temível que antecede o ataque do predador de nós e em nós, e de quanto a presa dele e de si apreende ao ver-se em tal pânico terror?
Quem o escuta, se não houver viv'alma, antes de passar a haver tão-só alma viva, ainda que o é dilacerável já o haja sido?
Terá a presa "tempo" de olhar e ver(-se) nisso, e assim (seja no terror do pânico, ou na entrega consumada) “conhecer unitivamente" aquele que vem consumar a realização do seu nobre des-tino: achar-se alfim, liberto de medos e temores, nas presas do tigre que nos é olhar da argúcia extreme no extremado estrénuo de devorar-nos?
E quem devora e é devorado, como já aqui foi perguntado? Nalgum insituável ponto “há” isso - entre o olhar do tigre que nos fita e o fito em nós que nos é tigre…
Grato, Luiza, por isto tudo e pelo tudo nada que o pondera.
Mas... melhor diz o que em nós silente fala, do que palavra alguma que possa ousar a veleidade de dizê-lo... Ademais, é esse "entremeio" de silêncio entre palavra e palavra que eu sempre cuido de indicar com cada palavra... Se o consigo, mais do tigre em mim depende, do que de mim nele ache.
A propósito do tigre, os incontornáveis William Blake e Jorge Luis Borges.
ResponderEliminar"Tiger, tiger, burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?
.................................
de "The Tiger",(excertos)
de William Blake
"Hasta la hora del ocaso amarillo
Cuántas veces habré mirado
Al poderoso tigre de Bengala
Ir y venir por el predestinado camino
Detrás de los barrotes de hierro,
Sin sospechar que eran su cárcel.
Después vendrían otros tigres,
El tigre de fuego de Blake;
Después vendrían otros oros,
El metal amoroso que era Zeus,
El anillo que cada nueve noches
Engendra nueve anillos y éstos, nueve,
Y no hay un fin.
Con los años fueron dejándome
Los otros hermosos colores
Y ahora sólo me quedan
La vaga luz, la inextricable sombra
Y el oro del principio.
Oh ponientes, oh tigres, oh fulgores
Del mito y de la épica,
Oh un oro más precioso, tu cabello
Que ansían estas manos."
"El oro de los tigres",
de Jorge Luis Borges
Grato, Luiza, por este olhar tigresco que sempre desafia, ainda quando porventura nos não amedronte.
Tanto mais belo, quanto mais aterrador: exactamente como a verdade, quando ela se nos revela simples e inapreensível, como tudo o que "há" ...
Caro Lapdrey,
ResponderEliminarOntem, logo pela manhã, procurei encontrar um hexagrama. Por causa do tigre e de teres vindo. Voltei a procurar à tarde, e à noite ainda um pouco. Folheei apenas à procura de sinais familiares num número, numa palavra numa frase. Não procurarei mais desta forma, encontrarei e hei de encontrar-te só para te dizer um número, e tu saberás. Em todo o caso fica a ideia geral:
Quando as nossas linhas de pensamento são claras não precisamos arranjar estratégias para convencer ninguém porque serão apreendidas clara e indubitavelmente mesmo a uma certa distância como as listas do tigre.
Vejo sempre um tigre ao longe por entre vegetações densas, deslocando-se portentoso, seguro e leve. Não há canto de aves nem desenhos no céu, não há macacos nem cobras, não há água que corre; não há insectos a adejar, não há murmúrio nas árvores nem restolhar, nem silêncio. Apenas um tigre movendo-se na mudez total.
Muito grata.
Concordo, Luiza, quanto à mudez de mundos e névoas, quais eles (mundos) sejam até porventura desumanos ou inumanos, ou sejam elas (as névoas) anúncio do ignoto jamais "caçado" ou do mistério sempre desencobertamente vislumbrado...
ResponderEliminarPorém, sagaz amiga, que dizer do instantâneo do rugido temível que antecede o ataque do predador de nós e em nós, e de quanto a presa dele e de si apreende ao ver-se em tal pânico terror?
Quem o escuta, se não houver viv'alma, antes de passar a haver tão-só alma viva, ainda que o é dilacerável já o haja sido?
Terá a presa "tempo" de olhar e ver(-se) nisso, e assim (seja no terror do pânico, ou na entrega consumada) “conhecer unitivamente" aquele que vem consumar a realização do seu nobre des-tino: achar-se alfim, liberto de medos e temores, nas presas do tigre que nos é olhar da argúcia extreme no extremado estrénuo de devorar-nos?
E quem devora e é devorado, como já aqui foi perguntado? Nalgum insituável ponto “há” isso - entre o olhar do tigre que nos fita e o fito em nós que nos é tigre…
Grato, Luiza, por isto tudo e pelo tudo nada que o pondera.
Mas... melhor diz o que em nós silente fala, do que palavra alguma que possa ousar a veleidade de dizê-lo...
Ademais, é esse "entremeio" de silêncio entre palavra e palavra que eu sempre cuido de indicar com cada palavra... Se o consigo, mais do tigre em mim depende, do que de mim nele ache.