quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009




3 comentários:

  1. A propósito do tigre, os incontornáveis William Blake e Jorge Luis Borges.

    "Tiger, tiger, burning bright
    In the forests of the night,
    What immortal hand or eye
    Could frame thy fearful symmetry?

    In what distant deeps or skies
    Burnt the fire of thine eyes?
    On what wings dare he aspire?
    What the hand dare seize the fire?

    .................................
    de "The Tiger",(excertos)
    de William Blake


    "Hasta la hora del ocaso amarillo
    Cuántas veces habré mirado
    Al poderoso tigre de Bengala
    Ir y venir por el predestinado camino
    Detrás de los barrotes de hierro,
    Sin sospechar que eran su cárcel.
    Después vendrían otros tigres,
    El tigre de fuego de Blake;
    Después vendrían otros oros,
    El metal amoroso que era Zeus,
    El anillo que cada nueve noches
    Engendra nueve anillos y éstos, nueve,
    Y no hay un fin.
    Con los años fueron dejándome
    Los otros hermosos colores
    Y ahora sólo me quedan
    La vaga luz, la inextricable sombra
    Y el oro del principio.
    Oh ponientes, oh tigres, oh fulgores
    Del mito y de la épica,
    Oh un oro más precioso, tu cabello
    Que ansían estas manos."

    "El oro de los tigres",
    de Jorge Luis Borges


    Grato, Luiza, por este olhar tigresco que sempre desafia, ainda quando porventura nos não amedronte.

    Tanto mais belo, quanto mais aterrador: exactamente como a verdade, quando ela se nos revela simples e inapreensível, como tudo o que "há" ...

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  2. Caro Lapdrey,

    Ontem, logo pela manhã, procurei encontrar um hexagrama. Por causa do tigre e de teres vindo. Voltei a procurar à tarde, e à noite ainda um pouco. Folheei apenas à procura de sinais familiares num número, numa palavra numa frase. Não procurarei mais desta forma, encontrarei e hei de encontrar-te só para te dizer um número, e tu saberás. Em todo o caso fica a ideia geral:
    Quando as nossas linhas de pensamento são claras não precisamos arranjar estratégias para convencer ninguém porque serão apreendidas clara e indubitavelmente mesmo a uma certa distância como as listas do tigre.

    Vejo sempre um tigre ao longe por entre vegetações densas, deslocando-se portentoso, seguro e leve. Não há canto de aves nem desenhos no céu, não há macacos nem cobras, não há água que corre; não há insectos a adejar, não há murmúrio nas árvores nem restolhar, nem silêncio. Apenas um tigre movendo-se na mudez total.

    Muito grata.

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  3. Concordo, Luiza, quanto à mudez de mundos e névoas, quais eles (mundos) sejam até porventura desumanos ou inumanos, ou sejam elas (as névoas) anúncio do ignoto jamais "caçado" ou do mistério sempre desencobertamente vislumbrado...

    Porém, sagaz amiga, que dizer do instantâneo do rugido temível que antecede o ataque do predador de nós e em nós, e de quanto a presa dele e de si apreende ao ver-se em tal pânico terror?

    Quem o escuta, se não houver viv'alma, antes de passar a haver tão-só alma viva, ainda que o é dilacerável já o haja sido?

    Terá a presa "tempo" de olhar e ver(-se) nisso, e assim (seja no terror do pânico, ou na entrega consumada) “conhecer unitivamente" aquele que vem consumar a realização do seu nobre des-tino: achar-se alfim, liberto de medos e temores, nas presas do tigre que nos é olhar da argúcia extreme no extremado estrénuo de devorar-nos?

    E quem devora e é devorado, como já aqui foi perguntado? Nalgum insituável ponto “há” isso - entre o olhar do tigre que nos fita e o fito em nós que nos é tigre…

    Grato, Luiza, por isto tudo e pelo tudo nada que o pondera.

    Mas... melhor diz o que em nós silente fala, do que palavra alguma que possa ousar a veleidade de dizê-lo...
    Ademais, é esse "entremeio" de silêncio entre palavra e palavra que eu sempre cuido de indicar com cada palavra... Se o consigo, mais do tigre em mim depende, do que de mim nele ache.

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