Acabara eu de conhecer Alguém (afinal nada estava perdido, já não havia qualquer motivo para desistir de tudo, era esta a luz que há tanto procurava) e pergunto-lhe, por ser esse o centro da minha investigação espiritual, se terá havido, por ventura, algum encontro entre a neurobiologia da consciência (Damásio) e a psicologia budista. A nossa comunicação fazia-se, nessa altura, exclusivamente pela internet, e a resposta que eu esperava, na caixa do correio electrónico, tardava a chegar. Pensei que Alguém deveria ser uma pessoa muito ocupada, que não tinha tempo para procurar a resposta, que talvez se tivesse esquecido, ou que talvez nada soubesse sobre o assunto, e até nem quisesse saber. Por fim, e dada a demora cada vez mais longa, tomei a ausência de resposta como um claro «não sei e acabei por me esquecer da questão». Tempos mais tarde, encontrámo-nos pessoalmente e a primeira coisa que Alguém me disse foi «peço desculpa por não ter dado continuidade à sua questão», ao que respondi «não há qualquer problema». Alguém nada mais acrescentou ao seu pedido de desculpas, pelo que imediatamente deduzi que não valia a pena insistir no assunto.
Passados dois anos encontrei, por acaso, um livro que respondia clara e afirmativamente à minha antiga pergunta. Alegremente surpreendido, não pude deixar de me sentir indignado. Como era possível que Alguém não me tivesse dito nada?
Hoje, não tenho a menor dúvida sobre o que terá motivado o silêncio de Alguém: divergências académico-intelectuais... Mas, caramba, onde está a fraternidade e a colaboração entre colegas? Será eticamente correcto silenciar informações dessa natureza? Não estamos todos a trabalhar para o mesmo propósito?
Depois desta, foi a questão sobre o Zen e Fernando Pessoa. Era um assunto que me interessava muito, havia uma investigadora que o estava a estudar e eu pretendia entrar em contacto com ela. Desta vez não pedi qualquer informação a Alguém, mas sim a um seu colaborador muito próximo. Novamente, silêncio...
Espírito Santo? Dúvida...
Nem todos têm a qualidade de querer /saber transmitir o conhecimento, por mais modesto que seja. "Alguém" não tem, nem o seu assistente. Mas quem procura, sempre encontra. E, novamente, esta é uma sabedoria dos pequenos. Ancestral. Aqueles para quem olhamos como mentores ou mestres, tendem a desiludir-nos, mais ainda, quanto maior é a nossa sede.
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