terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Bailarina Cega II

A revisitação do mais puro amor num jardim de Inverno, junto às folhas emurchecidas dos livros e versos

Se afasta o rosto é para não mostrar o teu que no seu está, como no fundo de um lago parado, ternamente desenhado; se mostra leveza é para repousar no seu enlevo o teu cansaço triste; se abre os braços é porque dança ainda a clarividência de um sentimento absoluto na asa da borboleta que nasceu no instante em que num só e único olhar te selou em luz e Amar; se para outro tempo se move e com ele se comove, a bailarina cega, é porque contigo se dirige e expande para todos os ramos dourados da eternidade. E se ouvem, no mesmo silêncio que a ti te faz semear e a ela recolher, em botão as flores de amor, é porque uma mesma voz vos reúne no semear e no gerar. Enquanto semeias no seu corpo as flores, margaridas simples, sem outra cor para além do calor, escutam:

Oh, que atónitos olhos nos contemplam
Nos sorriem, nos dizem: sossegai!
Românticos amantes, viajantes eternos,
Olham por nós na hora que se esvai!
(Natércia Freire)

A bailarina cega não sabe, depois de teu secreto aproximar e do teu corpo em seus ramos roçagar, onde ébria de amor deixar seus pés poisar. E o seu sorriso abre em flor, aflora ao corpo, coberta de parras de uma uva pura e branca no seu viçar, é para de ti receber o vinho com que, mulher feita taça a tornas, e a ela como Diónisos te consagrares. Aberto o rosto pelo sorriso, nele corre o teu néctar e o teu fulgor e só nele, então, transcorre o sentimento canto e o encanto do pássaro que vem do teu chamar e edénico modo de a tocar. Repete quando sorri, te sorri, em asas de pássaro, este outro cantar:

Meu rosto, no teu de horizontes, meu corpo, no teu, a flutuar. (Natércia Freire)

E o mar há-de vir para nas vagas brancas de espuma e fúria vos enlaçar. Nas tuas mãos a coroa de flores no corpo abertas e floridas, no seu corpo um só grito para vos confundir às sagradas e antigas águas.
Foi quase morta que, nas margens da sede, jardineiro cego, com um braço em arco, no abraço, à morte uma vez mais a roubaste. O Amor é o dilúvio do tempo. E são ondas onde em canto a enrolas. O Amor é um passo de dança para o mais dentro e o mais fundo do mar. É nas dobras das ondas que a bailarina esconde os sons do teu nome repetido nas vibrantes forças do seu corpo atravessando o vazio do ar.
As ondas são outras bailarinas brancas de braços no ar que ao mais fundo do fundo te vão como a ti, jardineiro cego, visitar. O mar é um jardim vibrante de flores fugazes de luz. É à tua sombra que a bailarina enfeitiçada de braços no ar se vai entregar. Só uma sombra a consegue agarrar…a uma bailarina de braços esticados que vem, do mais remoto tempo, caindo devagar. E tu, estendido em sombra em seu redor vens, com o convite nas mãos e com o canto do pássaro, convidar para em amor dançar. A bailarina veste-se de plumas e corre para te aceitar. Da árvore do paraíso se irão, depois da dança, recordar. Para lá, bailarina e jardineiro cegos, inocentes e dolentes, haverão de regressar. É de lá que vem a unidade que os reúne no dilúvio e no reconhecimento profundo que vem de um certo olhar fechado pelo sentir silente do amar que os arrasta como flores de memória para a espuma cantante do mar.
Depois virá o tempo: a bailarina tomará a palavra para contar e o jardineiro o seu corpo para a evocar num eterno passo de dança nas margens de uma permanente lembrança. O que o jardineiro sabe é que a memória é um jardim povoado por estátuas em estado de dança. Que a lembrança é uma bailarina perdida na duração. É por isso que mesmo distante, o jardineiro a vem, nas margens do mar e dos livros, buscar e salvar. Abraçar. Só o Amor colhe flores no Inverno. Só o Amor, esse jardineiro cego, semeia fores de memória junto às estátuas que em pedra e mármore querem com ele dançar…




26 comentários:

  1. " E eu canto
    Porque é esse o destino
    Da minha garganta.
    E canto

    Porque criança aprendi
    Nas feiras: ave e mulher
    Cantam melhor na cegueira."

    Hilda Hilst

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  2. A leitura de Isabel Santiago é (sempre) uma prece de silêncios feita: silêncios que se imolam - por amor de de "delicar", de deliciar, de deliciar-se: prova e delíquio infindos...

    O dizer e, sobretudo, o calar(-se) de sua palavra, mais do que nomear ou designar, mostra e, tão-só, mais esplende em seu mesmo abrir-se nessa maravilhosa floração de silêncios sussurrados.

    Como me é cara e trespassante de sentidos, tinos e destinos a arquetipia da bailarina (para mais cega, aqui...) Dir-se-ia um Bodhidharma, espantosamente "às arrecuas"...!

    (O que a nós adere é o que, mais imperceptível, nos des-fere: parábola do menos impossível crucificar de todas as mais rasgantes paradoxias...)

    O respir da alma no pulsar do sangue retine, sim, nessa monologal dialogia que, “se afasta o rosto, é para não mostrar” o de um que no outro esteja: mais assim se extrema o paradoxo dum tala impossível "trivia" em nada trivial.

    “Se mostra leveza é para repousar”: se mostro meu peso, mais me sopeso...

    O abrir de braços é sempre, sim, indistância dum só e mesmo olhar, movendo-se pelo doce labirinto (como se “resolvido” às avessas) de “todos os ramos dourados da eternidade”, que na mesma foz da folha vão à nascente da raiz, assomando em flor e lançando-se em fruto no vazio do espaço de si até si...

    E, só então “...ouvem, no mesmo silêncio”...

    Apetecer-me-ia, Isabel, ir assim, nesta cadência, bebendo, sorvendo, bordejando, salpicando, evaporando as suas palavras de enCanto… no cantar de seu ín-timo (que no timo está), de seu intrínseco sigilar...

    Mas mais me deleita e extesia o simplesmente sentar-me à beira de como as palavras, aves que são, e as suas muito sobremaneira, em seu mais silente frescor, sempre lêem quem melhor as lê.

    Então, tudo o que me leia, nisso me en-leio; tudo quanto eu leio, mais (se) me re-lê.

    O tresler, se feito no latir do espanto, ribomba um silêncio pasmo.

    É aí, aí mesmo, que quero estar quando cada ler seu se me cola ao suspenso voo em que, anjo de mim, ai, o surpreendentemente familiar daimon que me baila a pulsão de ser, me punge a película indelével dum tal ajardinado, isabelino, saudoso saudir... sem nome.


    Aceite um beijo, de emudecido poeta, que se manifesta em abraço de fundíssima gratidão por uma tal (tão videntemente) cegueira que (se) dança... no suspenso adejo de ser a veste de brisa do que (se) dança...

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  3. A bailarina cega e o derviche dançante

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  4. Esta noite danço contigo, Isabel, no 'meu' (A)Mar*

    Vou evitar ondas altas e vagas fortes, vou ficar na praia que tiver a rebentação mais suave e a espuma mais branca.

    E vou cantar baixinho e dançar debaixo do mar salgado*

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  5. Agradeço:
    1. ao Anónimo que me deixou um tão belo poema;

    2. ao Laprdrey a quem em "Língua Muda" ofereço Silêncio em dádiva e rosto nu em abundância;

    3. ao Soantes que acertou em cheio na associação da bailarina cega com o derviche dançante (o texto é uma evocação de alguém que dança bem e com quem ouvi muita música do país dos derviches);

    4. à Sereia a quem convido já para dançar! Que priviléio dançar com uma menina, criança e rainha que se mostra e esconde no fundo do Mar!

    Ao Lapdrey parece que tinha que oferecer menos palavras. Ele consegue ler, mesmo sem me conhecer e sem os revelar, os meus Silêncios...
    Um sorriso que é em mim um quiasma entre o corpo e o espírito à procura da palavra que o silêncio escondeu mas eu sinto. O ritmo chega-me sempre antes do significado.
    Sorriso silencioso...que escute, depois de mim e do mar, o canto.
    A Donis emprestaria a voz para o cantar junto à espuma do Mar. Com a Saudades constituiríamos um coro. Chamaríamos o poeta. O ritmo pede muitas vezes o sentido.

    Hoje falha-me o sentido de tudo. Ou o ritmo, não sei...é da ausência de vento...

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Isabel, minha querida,
    Como sempre, a sua "dança" me leva, de olhos fechados, sigo a música e, com as estátuas de mármore e a bailarina cega, inspiro a liberdade livre de no vento me supender e olhar as árvores que giram na roda de uma canção de solaríssima luz.
    Também colher de Amor o que o Inverno deixe no jardim: rosas ou sementes de florir alegria.

    Um passo de pirueta sobre as estátuas e um beijo de Saudades.

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  8. (A Memória)

    O homem que não vê que este presente não existe realmente, porque sempre passa, (é que) anda cego.
    O homem que crê ser mais do que apenas um corpo que vive, morrendo, é... a Vida, é, verdadeiramente, Homem.

    A Terra, como apenas É com o homem, apenas pode voltar a ver quando, através dele, (se) veja...

    Luz. Que, incorpórea, se revela corpo. Que, intemporal, se revela tempo. Que, Nada, se descobre Tudo.

    «Hoje falha-me o sentido de tudo.»

    Porque no nosso sentido, Isabel, no nosso sentido cabe o Mundo. E o Mundo não cabe em si, tal como está...

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  9. Estarás vendo. Eu estou cega.
    Nem te vejo nem a mim.
    No teu mar, talvez se chega.
    Este, não tem fim.

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  10. «O que tu imaginas vida é a morte deslocando-se, no tempo, a morte em acção, a esgotar o Futuro (...)
    Quero viver a Vida na Morte; beijá-las num só beijo. (...)
    Que foi a minha vida? Um facho que acendi, nas trevas, para ver a morte.»
    Pascoaes, "Verbo Escuro"

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  11. Isabel(passando a simplicidade), o vento não é tormento, e o amor tristeza, como a vida ilusão?

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  12. Por amor a uma rosa sou espetado por mil espinhos... mesmo assim, não deixo de te amar!

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  13. Saudades receba as minhas piruetas e consigo irei em torno das estátuas!

    Anita hoje o convite é para silenciar o verbo, mesmo o escuro. Se somos cegos tanto faz, importa hoje bailar.

    Anónimo o amor também é tristeza, a vida é ilusão (e ilusão necessária para suportar...não gosto apenas da condenação da ilusão por si só, como se isso não fosse constitutivo de se ser como se é...), mas o vento é trespasse.

    Na cegueira não reconhecemos todos os jardineiros, mesmo os mais dedicados; mas nem todos os jardineiros reconhecem as bailarinas cegas...é constitutivo do que se é. Não há volta a dar.


    Um sorriso a todos e em particular à Cecília Meireles.

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  14. A revisitação do mais puro amor... como não dançar já de olhos videntes?

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  15. Isabel,

    "... só uma sombra", Isabel, poderá agarrar a bailarina cega. Porque suspenso na eternidade fica o seu voo, como o do pássaro... Mas o pássaro tem palavras na voz e uma pedra de luz na boca. Sobre o mar se afasta a luz que leva a asa da gaivota... Boca que a rosa em seu abrir mais fecha sobre o silêncio de um casulo de luz... Antes do tempo das borboletas, já Gabriela saudava a rosácea do jardim; já a luz subia a torre e a árvore se firmava em suas raízes e a sua sombra sossegava os nossos olhos...
    A luz do mar da torre norte nos acena velas e asas de arder, as que ARDEM no centro nas letras das cartas de Amar da imagem...

    Um coração de Amor para ti, Isabel, no bico de uma gaivota...

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  16. Anda Luíza!

    Ao imenso mar de litanias e às minhas moradas revisitadas, aos Amores, aos Amigos, aos Inocentes, às crianças que amei, aos Alunos, aos Sonhos, aos devaneios, às casas, às paisagens...Ai Luíza que (e)vidência que me habita na leitura e na composição! Não sei de onde vem, mas explode-me para as imagens que me povoam mudas e dizentes. O meu par é o Sentido e dança uma dança sedutora...


    Saudades,

    a sombra que agarra a bailarina vem na asa do pássaro e está na pétala da rosa. Está na asa da borboleta e na cor da rosácea, vem na outra cor da gaivota. Esta bailarina mora nas suas paisagens e por isso Saudades recebe nos seus aposentos metafísicos o jardineiro que pode levar uma certa bailarina pelo braço e pelos ares nas cartas de Amar. E, no entanto, preciso do Amor de Saudades, porque os dias precisam de quem saiba o tom da minha alma e dela não se queira apropriar, porque o tempo anda esvaído de intensidade e ela só chega quando as suas palavras sobressaem sobre tudo e sobre o medo.

    Abraço-vos muito.

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  17. Anda Luíza!

    Ao imenso mar de litanias e às minhas moradas revisitadas, aos Amores, aos Amigos, aos Inocentes, às crianças que amei, aos Alunos, aos Sonhos, aos devaneios, às casas, às paisagens...Ai Luíza que (e)vidência que me habita na leitura e na composição! Não sei de onde vem, mas explode-me para as imagens que me povoam mudas e dizentes. O meu par é o Sentido e dança uma dança sedutora...


    Saudades,

    a sombra que agarra a bailarina vem na asa do pássaro e está na pétala da rosa. Está na asa da borboleta e na cor da rosácea, vem na outra cor da gaivota. Esta bailarina mora nas suas paisagens e por isso Saudades recebe nos seus aposentos metafísicos o jardineiro que pode levar uma certa bailarina pelo braço e pelos ares nas cartas de Amar. E, no entanto, preciso do Amor de Saudades, porque os dias precisam de quem saiba o tom da minha alma e dela não se queira apropriar, porque o tempo anda esvaído de intensidade e ela só chega quando as suas palavras sobressaem sobre tudo e sobre o medo.

    Abraço-vos muito.

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  18. Sabedoria das plantas: inclusive quando elas são de raízes, há sempre um fora onde elas fazem rizoma com algo- com o vento, com um animal, com o homem.

    Gilles Deleuze, Mil Planaltos

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  19. Baal

    que bom que tenha trazido o Deleuze:
    "Sabedoria das plantas: inclusive quando elas são de raízes, há sempre um fora onde elas fazem rizoma com algo- com o vento, com um animal, com o homem."

    Sou "eu"!

    Houve uma fase tão Deleuziana que até contagiei o meu sobrinho que na altura tinha 17 anos. Um dia chego ao quarto dele e vejo uma moldura. Lá dentro estava uma citação de Deleuze. Foi aí que pensei...sou insuportável a citar este autor. Obrigada muito grande por esta memória. hei-de perguntar onde é que ele deixou a moldura...

    Dia muito feliz.

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  20. De que cor são os olhos da bailarina?

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  21. Não sei. Sou tão cega quanto ela...um sorriso.
    Rapariga Que Roubava Livros só tu podes ver as cores dos olhos dela.
    Qual a importância da cor dos olhos dela?

    Saudações: há muito que não falávamos...

    espero que esteja tudo bem...

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  22. Que belo... De olhos molhados, sem palavras... Obrigado! Por me chegar.

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  23. Nenhuma... o que importa mesmo é a cor dos olhos da alma! E essa sei qual é!

    :D plim

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  24. Lembrei-me do Saramago e do Ensaio sobre a Cegueira, lembrei também o filme que estreou à pouco tempo (algumas daquelas imagens ainda me perseguem, de tão fortes que são...!)

    Primeiro a cegueira em forma de luz branca e depois, enfim, o ver de verdade (ou o mais próximo disso que possa haver...)

    Às vezes assusta ver as coisas como são!!!

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  25. Miguel, passarinho que há tanto tempo não ouvia cantar (um sorriso) tenho saudades de falar consigo!Sempre terno, sempre meigo comigo, sempre soprando sopros que vêm de um deserto que conhece e está próximo do rosto do Bem e do Belo.

    Rapariga Que Roubava Livros

    Fui ao cinema e na livraria vi um livro com o teu nome. Estive para comprar, mas adiei a relação e a revelação. Também a ti envio o meu melhor sorriso, por sentir uma inesperada tristeza que passaria se ouvisses um certo Passarinho cantar no palco e na vida.

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  26. Boa tarde.

    Gostava de pedir a vossa atençao, a uma devota homenagem á alma tão calorosa e sublime,da eterna amiga Isabel Santiago,alma essa que ja tive o privilégio de sentir um breve aroma do seu melodioso tom e entender a virtude do verdadeiro BELO.

    (vou directa ao assunto)...

    Escrevi um poema embriagada no caos da sabedoria,alias como I.santiago me faz recordar o sentido de ser embriagada da vida.
    (Já agora Isabel; È embriagada da vida ou de vida?), :)
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    VENDEDORA DE SONHOS

    Ardósia tua,vendedora de sonhos.
    Sonhos do philos e de sophia,
    que habitam em nossos silêncios.
    Submersas no paralelo,ocultavamos palavras nuas de Poesia,que materializam as sombras e davam existência ao nada,como diria (Edmund Burke).
    Lembro de sentir convulsões desse olhar,no livro e na chave que me deste.E tu lembras a réstia do impulso desorganizado,que descose os fios de um sonho?
    Um sonho onde se sente o sabor de saber,nos lábios desidratados de insatisfaçao.
    Quase pensei ter estado naquele deserto,onde a árvore com raizes de lágrimas me chamava e dizia:
    -Pensa!Mostra-me a tua existência e a saudade.

    Desapareci por momentos e
    tu observavas-me na tela,de fundo azul onde me perdi.Onde mil comparações fizeste brilhar e ver o jardim pela janela, estilhaçando um rasgo no espelho do céu.
    Gostei de viver um pouco esse rasgo
    do teu mundo,oucupado,trabalhoso que me deixou quase sem folego;mesmo na dificuldade que tive a aprender a voar,nunca me deixaste cair.
    Também nao me seguraste para facilitar e agradeço, que só tenhas afinal desenhado estas pequenas agora gigantes asas em mim.
    -------------------------------»»»

    Esse Anjo do pensar,de harpa na mão,compõe questões melódicas,suaves como cada corda define cada emoção,ao suave toque com as notas da sua música a cega bailarina dançava e dançava,como se fosse a última vez.
    Sem sentir os pés no chão,viu que já se encontrava no topo da escada transcendente e não teve medo,ao som da tua melodia nunca trepidou.
    A vista lá do alto é fabulosa,cá em baixo o denso bosque da realidade fitava-a ao longe,pronto para devorar outra vez a alma cega.
    A bailarina determinada a econtrar a sua liberdade,cerrou os punhos e começou a cantar e cantava para as estrelas.
    o Anjo emocionado,quebrou um pouco a névoa,o véu da sua ignorância e deu-lhe o dom de ver mais além..
    Mais além do questionar.
    Mais além do pensar.
    Mais além das palavras.
    Mais além do teu sorriso,
    mais além de mim...mais além...


    Obrigada!
    (espero que seja feliz quando transmite o que sabe e aprende o que ensina, fazendo os outros sentirem se bem.Espero que tenha gostado deste impulso,e que guarde para sempre estas linhas,lembrando que são para si em honra de mim e das pessoas que tanto inspira!A sua leitura faz explodir,se me percebe...)


    voçê é eternamente e virtuosamente inesquecivel de uma forma positivíssima.

    Ana F.M.Cavaco

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