"Clou mon frère fou, toi que souvent la folie exaspère, tu es le seul être qui a ri d'un grand rire sain, lorsque je t'ai dit qu'un sexe de femme caressé par une fleur sauvage pouvait donner naissance à un androgyne de cristal"
- Daniel Pons, Le Fou et le Créateur, Canto 39, Paris, Albin Michel, 1990, p.373.
Por alguma boa razão, estas palavras de Pons, fizeram ecoar em mim estas outras, em seu igual fulgor:
ResponderEliminar"(…) hoje as tuas mãos parecem-se comigo
Já não se trata de dançar com os mortos
ou de pedir à vida catedrais
maiores que o outro sono
Já não se trata de elmos e clareiras
onde o demónio grita deslumbrado
Mas de se olhar nos olhos a torrente
mas de tocar com o pulso um sol antigo
lá longe, onde se cruzam as nascentes."
Mário Cesariny, "A António Maria Lisboa"
(in “Poesia de António Maria Lisboa”, Assírio & Alvim, Lisboa, 1977, pág. 318 e seg.)
Grato, amigo Casto Severo, por lembrar-me que é ainda, e porventura mais do que nunca, possível uma "androginia de cristal", ali " onde se cruzam as nascentes".
Abraço!
Este pornógrafo deve ter tomado LSD...
ResponderEliminarEna, Maria da Conxeixão, também xabe franciu? E pianola, também toca? Muito bem! Eu sabia!
ResponderEliminarQuanto a essa coisa de... LSD: Que é isso?
Por outro lado (pensando bem), para a minha amiga dizer isso (deduzir um efeito) é porque experimentou a causa, não?
Ó, Tatão! Isso faz-se??!!
Por outro lado, ainda (hoje estou cheínho de lados!):
Cá para mim, acho que a nossa Tatão, nem com isso de LSD a minha amiga lá ía.... Poesia consigo, nem pó...
Ai, e pornógrafo.... que palavra tão feia!!! Que coisa!
O governo devia proibir certas palavras, sei lá... não é?
Mas, diga-me lá, a a loucura também a exaspera, ou nem por isso?
Ou será que a M. de C foi a única pessoínha que não riu? Sorriu só?
Bom, 'tá bem! Já é muito, para si...
Pronto!
Olhe! Só mais um alertazinho, minha amiga!
Cuidado nos parques de estacionamento subterrâneos, não vá andar por lá alguma criança cristal... andrógina ainda por cima.
Ciao!
P.S.
Snif, snif!
Fiquei tristinho por não ter dito nem uma palavrinha acerca do Mário, sabe?
Não, não! Não é o Soares, é o Cesariny.
Hum? Não, não, não é Cesariana, é Cesariny!
Isso!
Snif, snif!
Ó DANTAS!
ANDA-ME CÁ VER O DIACHO DESTES PORNÓGRAFOS!!!!!!!!
(Abracinho, "Maria da Conceição"!)
Penso que a Maria da Conceição se referia ao poema de Pons... é de facto um poema cruel. Talvez seja preciso ser-se mulher, para se entender a crueldade deste poema, possa embora não ser intencional. Não a Cesariny. Mas posso estar enganada. Parece que ultimamente me engano muito...
ResponderEliminarEu também sou a o que a folia exaspera, por isso, me rio dos santos “pornógrafos” de Maria da Conceição: os que tomam de siglas desconhecidas (LSD?... não será DSL? SDL?)o humor do riso que nos liberta.
ResponderEliminarMas também me rio com o frade, que seus humores soltou, porque a compreendeu, à folia, que não à "fobia" do que ali nasceu.
Muito bem! gostei, Casto Severo.
Poema cruel? Porquê? Eu sinto-o belíssimo e adorava ser acariciada assim.
ResponderEliminar"Variação ricardina"
ResponderEliminar(Reis, sem Ricardo, severamente casto, dedicando a Saudades)
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira riso,
Dessossegadamente fitemos o dorso das corsas e aprendamos:
A vida só passa se por ela nos compassarmos, ao enlaçar do passo.
(Gesto e rosto compassemos).
Madalena,
ResponderEliminarTodos (creio), e não apenas ultimamente, nos enganamos muito: É a única maneira de acertarmos!
Tenho aqui uns enganos para a troca! Quer?
Abraço amigo!
A volúpia cristalina, na sua máxima transparência, é em si já uma flor hermafrodita.
ResponderEliminarQue sabeis vós senhores, senhoras, da vida sexual das flores, se sob o dossel das pétalas se escondem dois sexos plenos, onde o amor acontece, ainda que, a vossos olhos velado? Essa flor selvagem é uma alcova de amantes.
Terá sido por isso que Mahakashyapa sorriu?
Belo!
ResponderEliminarGostas assim, Lídia!?... Com a ponta das pétalas... Hummmm.... Assim!?... Hummmmm....
ResponderEliminarÉ ler "A Metamorfose das Plantas" (Die Metamorphose des Pfanze"), de Goethe, ainda hoje obra de muito interesse e proveito.
ResponderEliminarCitado por Rudolf Steiner, em seu estudo sobre a weltanschauung goetheana ("Goethe et sa conception du monde", Ed. Fischbacher, 1967), diz Goethe por exemplo:
"Confesso, a este respeito, que sempre desconfiei do famoso 'conhece-te a ti mesmo', que nos impõe tarefa tão pesada e aparentemente tão importante, de ser uma matreirice de padres conjurados para nos desencaminharem com exigências irrealizáveis, e desviar-nos a atenção do universo, em detrimento duma falsa contemplação interior. O homem conhece-se apenas na medida em que conheça o mundo: e ele não perceberá o mundo senão em si mesmo, tal como não se compreende a si mesmo, senão no mundo. O exame de todo o novo objecto suscita em nós um novo órgão."(pág.86)
E pouco antes:
"Lessing, que se irritava com todo o tipo de limitações, faz dizer a uma das suas personagens: 'Ninguém deve ter de dever'. A isso replica um homem espirituoso e jocoso: 'Querer é dever'. Um terceiro, não isento de cultura, acrescenta:'Compreender é também querer'. Acreditou-se assim ter-se percorrido todo o ciclo: conhecer, querer, dever.. Mas em geral, é o 'conhecimento', qualquer que ele seja, que determina a atitude e os actos dum homem. Por isso, nada há de mais assustador do que ver agir a ignorância".
E acrescenta, pouco depois, liminarmente:
"A consciência não tem necessidade de antepassados: ela basta-se a si mesma, e não lida senão com o seu próprio mundo interior." (pág.85)
Que belas e sábias palavras as suas, cara Ana Moreira!
Lapdrey, quero, podemos trocar. :)
ResponderEliminarA palavra cristal é onde reside a crueldade do poema. Mas talvez o poeta nada entendesse de cristais. Mas acho que entendia, pois o seu interlocutor, o louco, riu-se.