"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é só um dia mais."
Demissão
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.
José Saramago,
in "Os Poemas Possíveis"
Lisboa, Caminho, 1999
Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.
José Saramago,
in "Os Poemas Possíveis"
Lisboa, Caminho, 1999
“Descomentário”
ResponderEliminar“Este mundo não presta, venha outro.”
(Isso queria o meu bom José, mas o mundo “que não presta: venha outro” - deve ser assim a revolução socialista – não lhe fará a vontade.
Pelos vistos, ainda há quem resista ao charme vulcanoso do nosso Josesito).
“A fingir de razões suficientes.”
(Aqui até pensei na quádrupla razão de Schopenhauer, mas não, não é.
Bem, Fernando Pessoago, muito antes de José Saramagoa, disse o que disse da fingice, não foi? Ok)
“Sejamos cães do cão: sabemos tudo”
(Pois bem! Folgo em saber que os sabichões são (pr’aí... quê?) ... cães do cão, pelo que vejo. Quem é o dono do cão dos cães?
Cães? Não era isso que os comunistas chamavam aos capitalistas nos bons velhos tempos?...)
“De morder os mais fracos, se mandamos”
(Pois é, agora o nosso José também já pode mandar morder e tudo: Deus cria, o homem faz e Saramago manda umas bocas ...em verso, nos poemas que lhe são possíveis. Se bem que... quem morde, ...não ladra, ou não deve.)
“E de lamber as mãos, se dependentes.”
(Esta parece-me cheirar assim a modos que a ressaibo de algo retardado, não?
Agora já não precisa, meu caro José!
Homo Nobelicus já não lambe: pode, quanto muito, babar-se)
Obrigado, Liliana, pelo sempre in-excelso Saramago e seu evangelho segundo José lanzarótico e azedo.
(Deu para perceber que eu adoro Saramago? Uff.)
Não sabia que o Saramago tinha tanto poder mental! Até parece o Uri Geller.
ResponderEliminarEu também fiquei admiradíssimo! Pois então?
ResponderEliminarPara mais um velhinho daquela idade, não é? ...
Os escritores não têm idade de reforma? Coitados!
Este mundo (que " não presta, venha outro”) não pára mesmo de surpreender-me...
não paro de me rir e aprender com os seus "descomentários"
ResponderEliminargrata,
pela partilha de visões diferentes
retive a alusão
"Bem, Fernando Pessoago, muito antes de José Saramagoa, disse o que disse da fingice, não foi?"
"(Deu para perceber que eu adoro Saramago? Uff.)"
Uff, deu mesmo.
:)
Bem, a verdade é que me demiti mesmo. Esta segunda-feira. E de alguma forma, este poema-demissão tem a ver com a minha demissão real. O "venha outro"... acho que não posso esperar pela revolução. Acho que terei de construir para mim esse outro. Contra tudo e contra todos, se tiver de ser. Em profunda e eterna rebeldia.
ResponderEliminarapesar da minha pouca idade para dar conselhos,
ResponderEliminarse me permite a palavra (não sou de muitas falas, mas gosto de ajudar os outros em desabafos, enfin)
querida Madalena
se ultimamente não ouviu o eco da moça chamada Espeeeeraaaçaaa, então convide-a para um café a duas, converse com ela. Ela decerto a ouvirá na sua construção desse mundo novo que tem a florir na planta dos pés, e agora que pode ouvir o Nome mais pausado da Esperança, compre um cachecol verde e venha a estrada, mesmo que haja chuva a caír no soalho dos pés.
bem se a minha baboseira foi muito grande, dê-me um desconto:
parafraseando
"Esta conselheira não presta, venha outra"
beijo
Seguirei o seu conselho, Liliana. A chuva caiu de facto no soalho dos pés, mas palavras como as suas fazem germinar novas sementes. Verdes, claro.
ResponderEliminarabraço,
Madalena
Admira-me como se pode comentar de forma tão descabida, tão sem sentido, um poema notável de um escritor como José Saramago.
ResponderEliminarEste mundo de facto não presta. Venha outro.
Não li nenhuma referência à revolução socialista, e esse é o mérito da poesia. Li o poema, e o que li nele foi a minha expectativa de um outro mundo que se afasta tanto do socialismo como disto que temos.
O Saramago não disse que mundo seria esse outro. Fica ao critério de cada um.
Pelo visto, Lapdrey, enganou-se acerca da capacidade dos leitores para dar vida às palavras, e de nelas encontrarem não a letra que mata, mas o espírito de vivifica.
Rui Silva
espiral-dourada.blogspot.com
aprendizdeportugues.blogspot.com
Meu caro Rui Saramago,
ResponderEliminarMuito grato pelas suas palavras tão honrosas.
Fico a saber que tem o nosso José Nobel num altar Faz muito bem Eu também Só que eu tenho o pobre escriba de costas Ou então sou eu que estou de costas para a frente dele já não sei com isto de candeias às avessas
Ele até adora avessar as candeias com toda a gente não é? Até porque como ele não tem candeia alguma que ilumine o que quer que seja para ele é mais fácil: sempre leva o portátil no colo da “desadolescida” com que “casou” e ele vai de mãos a abanar como de costume
Sim porque lá mais para cima do pescoço aí já nada abana faz muito tempo senão um gigantesco ploff, como no futuro se verá
Destino dos Nobeis: prateleira de livros usados no sebo (fica melhor no caso do que alfarrabista até por respeito por tais nobres preservadores de cultura)
Não é o caso do J.S., que resolve tudo assim: “Não presta? Venha outro!” Isto desde o Nobel, claro, porque antes o nosso bom José era muito poupadinho nas sebentinhas e no resto
Mas voltando meu caro Rui Silva Melo (ai desculpe! Isso é o outro que é Jorge!)
Eu até que gostava de ler um comentário seu sabe? Fico curioso
Isto de leituras é como as saladas: é são temperadas ou não com azeite ou com óleo de girassol e com molho vinagrette ou com vinagre de vinho...
É à vontade do freguês
Aqui também amigo Rui.
Então o nosso nobelzeco pode dar-se ares papistas em literatice inchada e os comuns trolhas das letras como eu não podem ter uma assim de sacristão ao menos? Bolas!
Isso não é nada socialista perdão, socialité sim porque o nosso José perdão José até passou a ir a uns lançamentos e tudo botando perdigotos entre bitaques alucinógenos ou barroquismos carqueijas ...
Quanto à questão de ser “descabido” o meu “comentário”, como diz, só tenho a dizer o seguinte: eu não fiz um comentário, meu caro, fiz um “descomentário”, certo?
(desculpe até aqui, esqueci-me da pontuação: é do hábito!)
Mas diga-me lá! O nosso Saramago é alguma vaca, perdão, algum boi sagrado ???? Não me constou, mas eu sei lá, até pode ter feito um transplante, não é? Se bem que, careca, aquilo não fica lá muito estético.
Bom! Mudemos de “assunto”, já que o meu amigo me obriga a ter um assunto sem assunto. Enchamos lá mais “chouriço” de arte de escrever.
A propósito. Cito aqui uma frasezinha do nosso Nobilitado José (aquele mesmo que sugeriu e defendeu a “aglutinação” na Espanha, sabe? Esse mesmo! malandro! Eu tinha-o mandado para a Sibéria, para junto do Dostoievsky, pare ele ver o que custa!). Aqui vai então uma definição da arte de escrever, perdão, do acto de escrever, digno realmente dum papa, perdão, dum nobelizado:
“Dificílimo acto é o de escrever, responsabilidade das maiores.(...) Basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades do efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias(...)” (Saramago, “A jangada de pedra”. Fonte: Wikipédia – não fui mais longe para não me cansar!).
Eureka !!
Ficámos a perceber qual é o segredo da coisa! Saber pôr as coisinhas todas arrumadinhas cronologicamente e ... e “outras não menos arriscadas acrobacias”. E esta? Acrobacias? O acto de escrever é uma sucessão de acrobacias? Ah, bom! Assim já entendo muita coisa.
Obrigado, Rui Silva!
Mas sempre fico á espera do artigo sobre a “Demissão” do homo nobelicus.
Uma coisa em ordem , sim? Valeu?
Bem, o homem sempre podia ter-se demitido mais cedo. Assim talvez o António (o Lobo Antunes, sabe?) pudesse ter tido alguma chance de lá chegar, mas ele, coitado, não tem “perfil”: não é careca, não tem aquel ar de vovô, tem aquele ar de anfetaminas, e fala muito devagar. Não dava para Nobel.
Ainda acabava por dar chatices aos suecos. Nã!
Nota de rodapé de blóguio:
Quem diz: “Este mundo não presta, venha outro”, ou é um escritor de pensamento leviano e um comunista inviesado, ou é um péssimo poeta, como parece ser o caso, não acha?
Eu também não li nenhuma referência à revolução socialista. Mas, sabe? Apeteceu-me falar disso. Não posso? O homem não é comunista? Isso não está em tudo o que ele faz? Ou já não está tanto assim? Se calhar não está, menos na conta bancária dele e do Partido.
Se “se afasta tanto do socialismo como disto que temos”, o homem devia era suicidar-se à porta do Sede do PCP. Nâo presta , nem como comunista!
Ecce homo harakiricus!!!
“O Saramago não disse que mundo seria esse outro. Fica ao critério de cada um.”
Uff! Ainda bem, até porque que mundo queira o senhor a gente não entende mesmo. Ouve-se um vozear...
“Pelo visto, Lapdrey, enganou-se acerca da capacidade dos leitores para dar vida às palavras, e de nelas encontrarem não a letra que mata, mas o espírito de vivifica.”
Que bom que Lapdrey não é infalível, ainda que aqui ficará, como sempre fica, ao critério de cada um achar se me engano ou não engano.
É assim, como direi, mais democrático, sim? (Se bem que eu ache a cracia do demo uma treta pegada, sabe?)
Mais? Ah, ok!
Amigos, perdão, Camaradas!
Aos interessados, aqui fica as coordenadas deste defensor saramagal (dizer coordenadas fica mais tipo “Résistance, n’est-ce pas?” ):
espiral-dourada.blogspot.com
aprendizdeportugues.blogspot.com
Ah, e o senhor chama-se Rui Silva, e é muito simpático!
P.S. Só o saramagóide me fazia estar aqui a fazer serão até esta hora...
O homem não se condói mesmo!
meu caro Rui Silva,
ResponderEliminarpor alguma razão eu frisei "descomentários"
mas acredite que se aprende muito nestes "descomentários" que se tornam "comentários"
e se for para além das palavras encontrará que "Ah, e o senhor chama-se Rui Silva, e é muito simpático!" é genuíno.
bom amanhecer
e não tropece apressadamente nas palavras.
leia. depois vá fazer outra coisa. leia outra vez. e vai perceber.
(não estou a atazanar-lhe a paciência, estou só a dar-lhe a dica disto)