sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"Noigandres", Arnaut Daniel (1180-1210)




"Vejo vermelhos, verdes, blaus, brancos, cobaltos
Vergéis, plainos, planaltos, montes, vales;
A voz dos passarinhos voa e soa
Em doces notas, manhã, tarde, noite.
Então todo o meu ser quer que eu colora o canto
De uma flor cujo fruto é só de amor,
O grão só de alegria e o olor de noigandres*."

"Noigandres", de Arnaut Daniel
(citado em Ezra Pound, "ABC da Leitura",Editora Cultrix, São Paulo, 1977, pág.185)


*Nota dos tradutores:
"noigandres, enoi gandres" - expressão provençal, de sentido incerto. Num dos seus Cantos - o XX - Ezra Pound narra este diálogo que teve com o notável provençalista alemão Emil Lévy a respeito da enigmática palavra:

"...Sim, Doutor, o que querem dizer com noigandres?"
E ele disse: "Noigandres! NOIgandres!
Faz seis meses já
Toda a noite, qvando fou dormir, digo para mim mesmo:
Noigandres, eh, noigandres,
Mas que DIABO querr dizer isto!"

4 comentários:

  1. Belíssimo, Lapdrey! Provençalizemo-nos mais, primaveremos a invernia!

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  2. Por lapso, não mencionei que a tradução do poema (refiro-me ao "Noigandres", e não ao Pound, em nota) é digna de registo.
    É da responsabilidade do poeta Augusto de Campos que, como é sabido,
    em 1952, com o seu irmão Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou a revista "Noigandres" e o grupo literário com o mesmo nome, que lançou a poesia concreta no Brasil.

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  3. Não Ouço Impalas Galopantes A Não Desfalecer Roxas E Sábias

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  4. Escrevi alguns comentários sobre o poema Noigandres em meu blogue.
    http://gpaoliello.blogspot.com
    caso algém se interesse.

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