Como borboleta em redor das flores
Estou de volta do sonho, a tactear a luz
Estou de volta do sonho, a tactear a luz
O rosto
Do branco de uma folha
À espera que uma palavra se desprenda
E voe por sobre o pensamento
Para tornar mais claro
O mistério da hora
E aumentar o brilho
À renda desse mar, ao peitilho das ondas
Colar no teu pescoço ágil de gaivota
Uma dedada de mim no diadema
Incrustado de pérolas e de espuma.
Ulisses, que atas sandálias ao vento
E prendes navios na concha do teu peito
Mulher, que olhas do cimo do castelo
O teu reino do longe e do desterro
Na tua mão, mulher, cresce uma ilha
Onde o exílio é flor rara e cativa.
Amo essas ondas que no meio traçam
Uma linha, caminho dos meus lábios
Onde afloram anéis, néctar e brilhos
Estrelas que vejo na luz do teu cabelo negro.
Negro como o mar crescido
De noite
Com a distância e o aroma dos sonhos mais densos
Distância entre
O mundo e a palavra
Abismo de orfandade, um porto que se alcança
No vazio de uma espera onde o sono é farol.
De regresso à ideia prometida
De uma terra mais lisa, de uma maçã mais de oiro
De um sol mais diamante do que estrela
Para cortar este silêncio que fere.
Do branco de uma folha
À espera que uma palavra se desprenda
E voe por sobre o pensamento
Para tornar mais claro
O mistério da hora
E aumentar o brilho
À renda desse mar, ao peitilho das ondas
Colar no teu pescoço ágil de gaivota
Uma dedada de mim no diadema
Incrustado de pérolas e de espuma.
Ulisses, que atas sandálias ao vento
E prendes navios na concha do teu peito
Mulher, que olhas do cimo do castelo
O teu reino do longe e do desterro
Na tua mão, mulher, cresce uma ilha
Onde o exílio é flor rara e cativa.
Amo essas ondas que no meio traçam
Uma linha, caminho dos meus lábios
Onde afloram anéis, néctar e brilhos
Estrelas que vejo na luz do teu cabelo negro.
Negro como o mar crescido
De noite
Com a distância e o aroma dos sonhos mais densos
Distância entre
O mundo e a palavra
Abismo de orfandade, um porto que se alcança
No vazio de uma espera onde o sono é farol.
De regresso à ideia prometida
De uma terra mais lisa, de uma maçã mais de oiro
De um sol mais diamante do que estrela
Para cortar este silêncio que fere.
lindíssimo!!!:)
ResponderEliminar«(...) Vibra, sem lei ou com a lei,
ResponderEliminarComo aclamaste outrora em vão
O morto que hoje é vivo
- El Rei D. Sebastião!
(...) Titãs de Cristo! Cavaleiros De uma Cruzada além dos astros,
De que esses astros, aos milheiros São só rastros.
(...) Transcende a Grécia e a sua história
Que em nosso sangue continua!
Deixa atrás Roma e a sua glória
E a Igreja sua!
(...) Não foi pra servos que nascemos
De Grécia ou Roma ou de ninguém. Tudo negamos e esquecemos:
Fomos para além.
(...) O Portugal que se levanta Do fundo surdo do Destino,
E, como a Grécia, obscuro canta Baco divino.
Aquele inteiro Portugal,
Que, universal perante a Luz,
Reza, ante a Cruz Universal,
Ao Deus Jesus.» F.P.
("Todo o imanentismo do reino humano é portanto uma ruína, é a ruína" Bernard Sichère
ResponderEliminar"Urge aprontar o caminho para a nova forma de cristianismo que deve bem querer aparecer" Fernando Pessoa)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarE como se luz fosse em mim, era esta a paisagem barco. Convosco faço viagem, Fragmentus e Anita, se ésta a nossa claridade.
ResponderEliminarBeijos às duas e gostei que tenham gostado.
Devolvendo "uma dedada de mim no diadema"...:
ResponderEliminarUlidissipa-se a escrita na contextura da folha,"à espera que uma palavra se desprenda", "como borboleta em redor" (...) "a tactear a luz", "para tornar mais claro o mistério da hora".
E adiantando-me, lembro esquecido na hora parada, atrasada apenas na aldeia mais próxima:
"Na tua mão, mulher, cresce uma ilha onde o exílio é flor rara e cativa", "onde afloram anéis, néctar e brilhos" no sem regresso da "distância entre o mundo e a palavra"...
Que grata, e que tão lusa ulisseia, Saudades!
Agora os poetas:
ResponderEliminarDevolves, não entregas à folha a impressão da borboleta dedada
Para aclarar os mistérios,
(Penelo) ficas em mim a hora
adiantada que me sou no atrazo
(E antes que desapareça o efeito Bukovski – Perdoem-me os mais púdicos)
Adianto estes:
Rasgo-te as vestes para seres mais mulher
Prendo-te ao peito, como um barco ao porto
E rezo-te nas mãos um país que seguras
Pátria exilada em mim, assim perduras
Na moldura do teu rosto a olhar os navios.
Para chegar a ti tive que esquecer
A gelada mão da ausência
A sombra da morte de um cavalo de fogo
Para seres mulher, cidade da luz boa
De Lisboa partimos em navios de papel
Contos contados, um nada que existe
Entrelaçado na grinalda dos tempos
Gravados na teia de uma história
Que nunca foi tão real como a tua lembrança
A espera
Encostada à varanda
De onde avistavas a ausência.
Também sei fazer vénias
Um abraço, Saudades
eheh é essa Chama, já não do Olimpo, mas de Olisipo, que Nós tanto ansiamos......
ResponderEliminarQue se acenda!
Ena, Saudades!
ResponderEliminarIsso é que foi apanhar ar... ulissipino.
Tadinhos dos púdicos: estou mesmo a vê-los de olhinhos fechados, coradinhos, mas a espreitarem a coisa por uma nesguinha do olho.
Malandragem!
Isto é só para poetas, ó seus sardaniscos...
Dúvida: será que os anónimos são púdicos, e por isso é que não se desanonimizam?
O poema é muito belo. Ulisses é que dificilmente faz parte da minha mitologia, que embirra um pouco com a grega. Vislumbro raízes mais remotas da Lisboa que amo e acho que o problema de Ulisses foi ter fugido a Calipso e à imortalidade por nostalgia do lar e da esposa humana. Prefiro o Gama e os nautas de Camões, que só voltaram à pátria para sempre unidos às ninfas da Ilha dos Amores. Não sei é como resolveram a questão com as esposas... Talvez tenham ficado com todas: no fundo umas eram visíveis e as outras invisíveis.
ResponderEliminarCaro Paulo Borges,
ResponderEliminarUm nome em poesia não existe. É um pouco como o silêncio ou o vazio, apenas serve de passagem para outros lugares que não são propriamente os de outra mitologia que aquela que também é com a palavra que a recria. Quanto às raízes de Lisboa, interessam-me porventura menos do que outras raízes mais fundas que nos somos. A fuga de Ulisses pode ter sido, e foi-o decerto, a recusa da unção que soprada da eternidade, a sua humanidade não podia suportar. Ademais, Ulisses sendo humano, apesar de herói, via mais imortalidade na Saudade de Penélope, essa sim, figura central desse drama.
Quanto a Gama e Camões, nautas a quem a ilha se chegou e as Ninfas também, ou as Ninfas e a Ilha (também assim se pode considerar), por merecida glória de seus feitos. Também prefiro acreditar que alcançar visível e invisível é preferível (será) à maçada de uma explicação dada às esposas que não havia, pois eram elas também Amor de Amor, busca incessante. Não creio que tenha havido escolha, o Destino era Senhor dessas épocas e paragens... O que acha, o Paulo?
Um abraço de gratidão por ter encontrado alguma beleza no poema, se bem que eu saiba que o Paulo a não possa ver como verdade.
Saudades, não seja demasiado susceptível à costela de Platão que em mim há na disputa com os poetas!... Quanto ao Destino, também não sou muito dado a ele... nem a escolhas... Acho que a Liberdade a tudo supera, sobretudo se livre de o ser.
ResponderEliminarAbraço