“(…)
Por isso vos quero também agradecer, deuses celestes, e finalmente
No peito mais aliviado respira de novo a oração do vate.
E tal como quando com ela me encontrava nos cumes soalheiros,
Há um Deus que, interpelando-me do interior do templo, me devolve à vida.
Também quero viver! O verde surge! E como que dedilhado numa lira sagrada
Chega o apelo dos montes argênteos de Apolo!
Vem! Tudo foi como num sonho! As asas ensanguentadas já estão
Saradas e todas as esperanças renascem.
Ainda há muita grandeza por achar e quem assim
Amou é forçoso que entre na órbita dos deuses.
Acompanhai-nos, horas sagradas! E vós, solenes
Jovens! Permanecei, santos presssentimentos, e vós,
Súplicas ardentes! E vós, entusiasmos e todos vós,
Génios bons, a quem é grato estar entre os amantes;
Permanecei junto de nós até pisarmos o mesmo solo
Onde todos os deuses do Alto se preparam para regressar,
Onde estão as águias, as constelações, os mensageiros do Pai
Onde as musas se encontram e donde provêm os heróis e os amantes,
Que aí, ou também aqui, nos encontremos sobre uma ilha orvalhada,
Onde todos os nossos estarão, florescendo juntos em jardins,
Onde os cânticos serão verdadeiros e as Primaveras por mais tempo belas,
E de novo comece um ano para as nossas almas.”
Hölderlin – Pranto de Ménon por Diotima
Bem bonito. :)
ResponderEliminarJá hoje me tinha vindo a palavra herói e logo a relacionei com eros...
"os heróis e os amantes"
Ou também, os heróis: os amantes.
Um beijo.
Bonito. Será belo? Belo. Será sublime?
ResponderEliminar(O verdadeiro guerreiro? Aquele cuja espada (arma) é o amor.
ResponderEliminarE como é dia de S. Paulo:
«(...) nem a mulher é separável do homem, nem o homem da mulher, diante do Senhor. Pois, se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo provém de Deus.»
S. Paulo (1 Cor 11:11-13)
«(...) Aspirai, porém, aos melhores dons.
Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros.
13 Cântico do amor
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver amor, sou como um bronze que soa
ou um címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me aproveita.
O amor é paciente,
o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
o dom das línguas terminará
e a ciência vai ser inútil.
Pois o nosso conhecimento é imperfeito
e também imperfeita é a nossa profecia.
Mas, quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Mas, quando me tornei homem,
deixei o que era próprio de criança.
Agora, vemos como num espelho,
de maneira confusa;
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de modo imperfeito;
depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor;
mas a maior de todas é o amor.»
São Paulo (1 Cor 13:1-13)
Amo Paulo e esse texto.Deveras sublime.Beijo.
ResponderEliminar“Maior que a própria boca”
ResponderEliminarHolderlin!
Ah, irmão maior que a própria boca!
Palavras de pétala que não murcham jamais,
chamas que nos deixaste, de teu alor mais fresco,
de cantares, de tão incansável,
ao luar, à alba sobrevivo,
Diotima, a de rosto inaudito,
a que primaveras sorri, na distância
de nosso pátrio arquipélago,
ávido sempre de sentir,
em seus raríssimos perfumes, o beijo
eterno e mais ardente, esse,
que, divinos, sempre os visitantes
vêm - puros ao que é mais puro - depor
no peito de seus mais alumbrados cantores.
No ver e no abismo do ver,
além da cumeada dos limites
e do incenso da alma e de todo o incerto agir,
de que em nós haja passos em seu ténue rasto, -
és a orla congraçante de que ali, ai,
no descentrar do tronco somos
folhas quando caiam –
ao aproximar perigante, logrado jamais,
do que pressentimos já
nesse sussurro que nos segreda
à raiz da fronte, em transbordante alegria
no vasto que escuta, à boca da fonte saudosa,
o que em nós habita como o silêncio mais gritante:
a luz que há-de cegar-nos
infindamente...
Donis de Frol Guilhade
(grato pelo trazer do divino pranto, Tamborim...)
Os Deuses grecos são tantos.Quase tantos como as pessoas grecas. Pai, conseguirei percebê-los a todos?
ResponderEliminarTenta, filho, tenta!
ResponderEliminarSó no tentame poderás sabê-lo.
E, sabe, mais numerosos são os deuses do que os homens.
Só assim eles logram sobreviver à infinda voracidade teofágica dos humanos.
E, não, não careces de entendê-los: que os ames, é quanto te basta.
Dar-te-ão eles então o entendimento que te é devido: não entendê-los é o melhor que os entendemos...
lapdrey,discípulo de Almada,cairá sobre ti a 'fúria da minha vingança'.
ResponderEliminarass:Dantas
Enquanto virmos face a face haverá amor... E quando se desvanecerem todas as faces? Ou seja, agora?
ResponderEliminarGrato, meu caro Júlio,... perdão, meu Dante,... perdão, meu peDante,... perdão, meu Dantas!
ResponderEliminarUm abraço de Brutus a Baalantas.
Nota semibreve:
Não sou discípulo de ninguém, sou aprendiz de tudo!
Apareço e desapareço por aqui, tal como apareço e desapareço por ali e por além...
Caro Gárgula,
Creio estar talver a confundir face com rosto..
A memória é sobrevivente bastante adisso tudo: no akasha e e além dele...
o homem,que na vida não tenha sentido em si,ao
ResponderEliminarmenos uma vez, a beleza pura e as forças
do seu ser brincarem umas com as outras como as
cores do arco-iris, que nunca passou pela
experiência de que é somente nas horas de
entusiasmo que tudo concorda interiormente,esse
homem jamais acolherá a dúvida filosófica.
Pois o seu espírito não é feito para nenhuma
desconstruçãoe, muito menos, para a construção.
Acreditaí em mim. Aquele que dúvida
só encontrará contradição e falta em tudo o que
pensa porque conhece a harmonia da beleza
absoluta, que nunca se deixa pensar.
E só
desdenha o pão seco que a razão humana lhe
oferece para opinar, porque desfruta
secretamente, da mesa dos deuses.
Hölderlin, Hiperion
A Holderlin, não comento: admiro, e amo, nesse espanto de pura beleza de que anbos falamos, caro Anónimo Baal, ou Baal ...
ResponderEliminarOu então canto-o, como acima cantei: ou melhor - ecos dele cantam em mim, mísero vaso.
(Grato pelo Hipérion! Abraço!)
lapdrey,
ResponderEliminarsó baal, mas um baal concordante com muitas anónimas opiniões.
abraço