domingo, 25 de janeiro de 2009

Brinde

“(…)
Por isso vos quero também agradecer, deuses celestes, e finalmente
No peito mais aliviado respira de novo a oração do vate.
E tal como quando com ela me encontrava nos cumes soalheiros,
Há um Deus que, interpelando-me do interior do templo, me devolve à vida.
Também quero viver! O verde surge! E como que dedilhado numa lira sagrada
Chega o apelo dos montes argênteos de Apolo!
Vem! Tudo foi como num sonho! As asas ensanguentadas já estão
Saradas e todas as esperanças renascem.
Ainda há muita grandeza por achar e quem assim
Amou é forçoso que entre na órbita dos deuses.
Acompanhai-nos, horas sagradas! E vós, solenes
Jovens! Permanecei, santos presssentimentos, e vós,
Súplicas ardentes! E vós, entusiasmos e todos vós,
Génios bons, a quem é grato estar entre os amantes;
Permanecei junto de nós até pisarmos o mesmo solo
Onde todos os deuses do Alto se preparam para regressar,
Onde estão as águias, as constelações, os mensageiros do Pai
Onde as musas se encontram e donde provêm os heróis e os amantes,
Que aí, ou também aqui, nos encontremos sobre uma ilha orvalhada,
Onde todos os nossos estarão, florescendo juntos em jardins,
Onde os cânticos serão verdadeiros e as Primaveras por mais tempo belas,
E de novo comece um ano para as nossas almas.”

Hölderlin – Pranto de Ménon por Diotima

13 comentários:

  1. Bem bonito. :)
    Já hoje me tinha vindo a palavra herói e logo a relacionei com eros...

    "os heróis e os amantes"
    Ou também, os heróis: os amantes.

    Um beijo.

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  2. Bonito. Será belo? Belo. Será sublime?

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  3. (O verdadeiro guerreiro? Aquele cuja espada (arma) é o amor.

    E como é dia de S. Paulo:

    «(...) nem a mulher é separável do homem, nem o homem da mulher, diante do Senhor. Pois, se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo provém de Deus.»
    S. Paulo (1 Cor 11:11-13)

    «(...) Aspirai, porém, aos melhores dons.
    Aliás, vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros.

    13 Cântico do amor
    Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
    se não tiver amor, sou como um bronze que soa
    ou um címbalo que retine.
    Ainda que eu tenha o dom da profecia
    e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
    ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas,
    se não tiver amor, nada sou.
    Ainda que eu distribua todos os meus bens
    e entregue o meu corpo para ser queimado,
    se não tiver amor, de nada me aproveita.

    O amor é paciente,
    o amor é prestável,
    não é invejoso,
    não é arrogante nem orgulhoso,
    nada faz de inconveniente,
    não procura o seu próprio interesse,
    não se irrita nem guarda ressentimento.
    Não se alegra com a injustiça,
    mas rejubila com a verdade.
    Tudo desculpa, tudo crê,
    tudo espera, tudo suporta.

    O amor jamais passará.
    As profecias terão o seu fim,
    o dom das línguas terminará
    e a ciência vai ser inútil.
    Pois o nosso conhecimento é imperfeito
    e também imperfeita é a nossa profecia.
    Mas, quando vier o que é perfeito,
    o que é imperfeito desaparecerá.
    Quando eu era criança,
    falava como criança,
    pensava como criança,
    raciocinava como criança.
    Mas, quando me tornei homem,
    deixei o que era próprio de criança.

    Agora, vemos como num espelho,
    de maneira confusa;
    depois, veremos face a face.
    Agora, conheço de modo imperfeito;
    depois, conhecerei como sou conhecido.
    Agora permanecem estas três coisas:
    a fé, a esperança e o amor;
    mas a maior de todas é o amor.»
    São Paulo (1 Cor 13:1-13)

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  4. Amo Paulo e esse texto.Deveras sublime.Beijo.

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  5. “Maior que a própria boca”

    Holderlin!
    Ah, irmão maior que a própria boca!
    Palavras de pétala que não murcham jamais,
    chamas que nos deixaste, de teu alor mais fresco,
    de cantares, de tão incansável,
    ao luar, à alba sobrevivo,
    Diotima, a de rosto inaudito,
    a que primaveras sorri, na distância
    de nosso pátrio arquipélago,
    ávido sempre de sentir,
    em seus raríssimos perfumes, o beijo
    eterno e mais ardente, esse,
    que, divinos, sempre os visitantes
    vêm - puros ao que é mais puro - depor
    no peito de seus mais alumbrados cantores.

    No ver e no abismo do ver,
    além da cumeada dos limites
    e do incenso da alma e de todo o incerto agir,
    de que em nós haja passos em seu ténue rasto, -
    és a orla congraçante de que ali, ai,
    no descentrar do tronco somos
    folhas quando caiam –
    ao aproximar perigante, logrado jamais,
    do que pressentimos já
    nesse sussurro que nos segreda
    à raiz da fronte, em transbordante alegria
    no vasto que escuta, à boca da fonte saudosa,
    o que em nós habita como o silêncio mais gritante:
    a luz que há-de cegar-nos
    infindamente...

    Donis de Frol Guilhade


    (grato pelo trazer do divino pranto, Tamborim...)

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  6. Os Deuses grecos são tantos.Quase tantos como as pessoas grecas. Pai, conseguirei percebê-los a todos?

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  7. Tenta, filho, tenta!
    Só no tentame poderás sabê-lo.
    E, sabe, mais numerosos são os deuses do que os homens.
    Só assim eles logram sobreviver à infinda voracidade teofágica dos humanos.

    E, não, não careces de entendê-los: que os ames, é quanto te basta.
    Dar-te-ão eles então o entendimento que te é devido: não entendê-los é o melhor que os entendemos...

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  8. lapdrey,discípulo de Almada,cairá sobre ti a 'fúria da minha vingança'.
    ass:Dantas

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  9. Enquanto virmos face a face haverá amor... E quando se desvanecerem todas as faces? Ou seja, agora?

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  10. Grato, meu caro Júlio,... perdão, meu Dante,... perdão, meu peDante,... perdão, meu Dantas!
    Um abraço de Brutus a Baalantas.

    Nota semibreve:
    Não sou discípulo de ninguém, sou aprendiz de tudo!

    Apareço e desapareço por aqui, tal como apareço e desapareço por ali e por além...


    Caro Gárgula,

    Creio estar talver a confundir face com rosto..
    A memória é sobrevivente bastante adisso tudo: no akasha e e além dele...

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  11. o homem,que na vida não tenha sentido em si,ao
    menos uma vez, a beleza pura e as forças
    do seu ser brincarem umas com as outras como as
    cores do arco-iris, que nunca passou pela
    experiência de que é somente nas horas de
    entusiasmo que tudo concorda interiormente,esse
    homem jamais acolherá a dúvida filosófica.
    Pois o seu espírito não é feito para nenhuma
    desconstruçãoe, muito menos, para a construção.
    Acreditaí em mim. Aquele que dúvida
    só encontrará contradição e falta em tudo o que
    pensa porque conhece a harmonia da beleza
    absoluta, que nunca se deixa pensar.
    E só
    desdenha o pão seco que a razão humana lhe
    oferece para opinar, porque desfruta
    secretamente, da mesa dos deuses.


    Hölderlin, Hiperion

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  12. A Holderlin, não comento: admiro, e amo, nesse espanto de pura beleza de que anbos falamos, caro Anónimo Baal, ou Baal ...

    Ou então canto-o, como acima cantei: ou melhor - ecos dele cantam em mim, mísero vaso.

    (Grato pelo Hipérion! Abraço!)

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  13. lapdrey,

    só baal, mas um baal concordante com muitas anónimas opiniões.
    abraço

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