segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

As três palavras mais estranhas


Quando pronuncio a palavra Futuro,

a primeira sílaba pertence já ao passado.

Quando pronuncio a palavra Silêncio,

destruo-o.

Quando pronuncio a palavra Nada,

crio algo que não cabe em nenhuma não-existência.


Wislawa Szymborska

10 comentários:

  1. Vergilio!

    Acho mesmo que vim aqui ao blog hoje só para ler estas palavras!

    Vou levá-las comigo, assim sem ninguem ver*

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  2. " O ensino sem palavras
    A eficácia do não agir
    Nada poderá igualar-se-lhe."

    Lao Tse

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  3. Ah, Virgilio, és sem dó nem piedade!

    Puseste-me no próprio fio onde a lâmina da linguagem a si mesma se decepa!

    Fantástico espelhamento sobre a imagem cega do humano dizer!

    Gratíssimo, irmão poeta!
    Grande abraço!



    Quando digo "fantástico!", estou apenas a tropeçar no que entendi!

    Quando digo "um abraço!", já o dei pela metade!

    Quando digo "grato!", jamais o serei bastante!

    Salvé, grande Wislawa!

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  4. Isto é verdade, mas o contrário também: o que se diz nega-se, mas nesse mesmo negar se assinala ou indica o negado, num vislumbre ou já antegosto de transcensão do dizer e do dizível...

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  5. As palavras pronunciadas, as três “estranhas palavras”não vão com o tempo, criam um tempo inexistente e indizível, para além do Futuro, do Silêncio e do Nada, “mundo” paralelo a este futuro que já foi, a este Silêncio que nunca é, e a este Nada que talvez nem seja.

    Abraço, Vergílio

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  6. Walter Benjamim disse uma vez, que a primeira experiência que a criança tem do mundo não é que "os adultos são mais fortes, mas sim a sua incapacidade de fazer magia".


    Profanaciones,Giorgio Agamben

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  7. Fazê-lo, caro Baal, no disruptivo elo com o instar-se a cada momentum, eis o que me parece ser o melhor destino momesco de ser humano: não ser demasiado homem.

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  8. excelente reflexão porque o futuro, o silêncio e o nada são um todo complementar do indizível que nos reveste!

    excelente partilha, amigo

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