domingo, 25 de janeiro de 2009

Avesso do Contraluz



Nascente
Como o campo se afasta
ao encontro do crepúsculo, vago, longe
Montanhas! Além do frio do tempo
A flor: raríssima asa de ontem.


Dentro dos rios,
Agora,
O ceu estreita tão próximo
o braço canta
Na luz do plátano avoengo
A memória dos vivos engole a erva.


O coração do pássaro é uma pedra
Que voa na boca da asa do vento
Subindo nos perfumes
luzes que se recolhem na erva
Rasto do tempo na lentidão da hora


Mas
a mim mesma me suspendo
Nas pupilas menina dos olhos
luz e lábio, movente gesto
de nada agarrar
nem deixar flutuar
no rio a chuva que não há
a flor do tempo, fixa à raiz
de um pássaro calado
coladas asas
mudo, contra a surpefície
móvel da luz desfeita.

4 comentários:

  1. Há aqui um respiro em modo haiku de saudir, Saudades...

    Vem da nascente.. até ao desfazer da luz..

    Contraluze-se, em o avesso, direito de si mesmo:
    "A flor: raríssima asa de ontem" ...



    pupila do lábio
    luz flutua o gesto
    chuva canta o agora


    lenta, hora se flutua
    abraçam-se perfumes
    asa e fazer da luz

    rio que se afasta
    coração da pedra na boca:
    o plátano é o céu


    crepúsculo de ontem
    rasto do vago em flor
    fixa à raiz a hora


    Grato, Saudades, por tais respiros ...

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  2. E eu grato, pela grande poesia que escrevem, em portuguesa língua.

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  3. Poeimagem singulares que em si elevam a plenitude da fotografia.

    Um abraço, destes braços.

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  4. Lapdrey,

    Fico contente que tenha gostado.

    Obrigada.


    Paulo Borges,

    Grata eu, pela inspiração (poema de Bobrowski).

    Um abraço

    Vergílio,

    Venha então esse abraço de seus braços...

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