Nascente
Como o campo se afasta
ao encontro do crepúsculo, vago, longe
Montanhas! Além do frio do tempo
A flor: raríssima asa de ontem.
Dentro dos rios,
Agora,
O ceu estreita tão próximo
o braço canta
Na luz do plátano avoengo
A memória dos vivos engole a erva.
O coração do pássaro é uma pedra
Que voa na boca da asa do vento
Subindo nos perfumes
luzes que se recolhem na erva
Rasto do tempo na lentidão da hora
Mas
a mim mesma me suspendo
Nas pupilas menina dos olhos
luz e lábio, movente gesto
de nada agarrar
nem deixar flutuar
no rio a chuva que não há
a flor do tempo, fixa à raiz
de um pássaro calado
coladas asas
mudo, contra a surpefície
móvel da luz desfeita.
Há aqui um respiro em modo haiku de saudir, Saudades...
ResponderEliminarVem da nascente.. até ao desfazer da luz..
Contraluze-se, em o avesso, direito de si mesmo:
"A flor: raríssima asa de ontem" ...
pupila do lábio
luz flutua o gesto
chuva canta o agora
lenta, hora se flutua
abraçam-se perfumes
asa e fazer da luz
rio que se afasta
coração da pedra na boca:
o plátano é o céu
crepúsculo de ontem
rasto do vago em flor
fixa à raiz a hora
Grato, Saudades, por tais respiros ...
E eu grato, pela grande poesia que escrevem, em portuguesa língua.
ResponderEliminarPoeimagem singulares que em si elevam a plenitude da fotografia.
ResponderEliminarUm abraço, destes braços.
Lapdrey,
ResponderEliminarFico contente que tenha gostado.
Obrigada.
Paulo Borges,
Grata eu, pela inspiração (poema de Bobrowski).
Um abraço
Vergílio,
Venha então esse abraço de seus braços...